Simpósio de Agroenergia trata de culturas energéticas e insumos alternativos

08.11.2012 | 21:59 (UTC -3)
Raquel Aguiar

Nesta quarta-feira (7), o Simpósio Estadual de Agroenergia e a IV Reunião Técnica de Agroenergia abordaram nas atividades da manhã a fixação biológica de nitrogênio em culturas energéticas e os sistemas de produção de cana-de-açúcar no Conesul, além dos insumos alternativos para produção agrícola. Os eventos ocorrem até nesta quinta-feira (8), no Centro de Eventos da AMRIGS, em Porto Alegre.

A pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Verônica Massena Reis, ao falar sobre a fixação biológica de nitrogênio, apresentou resultados de 20 experimentos, em 10 Estados e com a parceira de 17 usinas de cana-de-açúcar. Entre elas está a parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde estão sendo realizados experimentos de inoculação com cinco espécies diferentes. A pesquisadora apontou algumas alternativas para a redução na utilização de adubação nitrogenada, como o manejo adequado, a escolha de variedades mais eficientes no uso de Nitrogênio e a aplicação de novas tecnologias em fertilizantes.

Representantes da Argentina, do Uruguai e do Brasil apresentaram uma radiografia da produção de cana-de-açúcar nos três países hoje e traçaram uma linha histórica de como a cultura vem evoluindo. No Uruguai, a cultura ocupa uma área de 9.000 hectares de lavouras irrigadas, conta com o envolvimento de 465 produtores e 90% da colheita é manual e isso, segundo Hugo Bittencurt, devido às chuvas que não permitem a utilização de máquinas na colheita. Já na Argentina, existem três regiões produtoras com características diferentes - no Norte, em Tucumán e no Litoral. No país, são 23 engenhos açucareiros que moeram, em 2011, 20 milhões de toneladas e produziram 2 milhões de toneladas de açúcar. No Brasil, para o agrônomo Heroldo Weber, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a cultura evoluiu bastante nas últimas décadas e o grande problema que deve ser enfrentado hoje é com a colheita mecanizada. “O que antigamente era colhido em uma safra, atualmente temos de colher em um mês e isso só é possível com uma colheita mecanizada que traz sérios problemas de compactação de solo devido ao movimento das máquinas”, afirma Weber. Segundo ele, o tráfego de colheitadeiras e de caminhões para a retirada da cultura das lavouras leva à alta compactação do solo e à redução na produtividade. Uma das alternativas em curto prazo seria trabalhar com o espaçamento combinado que não permita que a máquina “pise” na cana e o “estrago” seja menor.

Para encerrar as atividades da manhã, o último painel abordou a utilização de insumos alternativos para produção agrícola. O agrônomo e o geólogo da Embrapa, respectivamente, Carlos Augusto Posser Silveira e Eder de Souza Martins, e a geóloga da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, Magda Bergmann, falaram sobre o trabalho de pesquisa que as duas instituições estão realizando sobre reconhecimento e análise de materiais que podem ser utilizados como insumos alternativos. “Hoje, 70% dos fertilizantes usados no Brasil são importados, o que causa a dependência dos produtores. Temos que pensar em uma pesquisa voltada para a sustentabilidade e buscar fontes alternativas como as rochas silicóticas”, comentou Eder Martins.

Entre os benefícios da utilização das rochas silicóticas está a maior eficiência na disponibilidade de nutrientes e a possibilidade de utilização na produção orgânica. Algumas pesquisas já apontam para o aumento de 28% de eficiência se comparadas ao uso de produtos convencionais. Entre as rochas em estudo, a geóloga Magda destacou a Zeolitas, minério encontrado em abundância no Brasil e nos países vizinhos. “No uso agrícola, já temos resultados que mostram que a Zeolita é boa para a retenção da umidade no solo”, afirma Magda.

Mas os especialistas lembram que ainda é preciso muito estudo e de regulamentação para o uso dessas fontes alternativas de insumos. “É preciso mais análise agronômica para o uso agrícola, mas é possível, sim, produzir fontes energéticas como a cana-de-açúcar com o uso de fontes alternativas de nutrientes”, avaliou o pesquisador Carlos Augusto Posser Silveira.

A programação completa do Simpósio Estadual de Agroenergia, que prossegue até quinta-feira (08/11), pode ser conferida no endereço eletrônico http://www.emater.tche.br/site/area/simposio_agroenergia.php. Segundo o coordenador do evento pela Emater/RS-Ascar, Alencar Paulo Rugeri, até o final do evento mais de 300 pessoas devem passar pela AMRIGS. “Estamos trazendo para o Simpósio representantes de toda a cadeia produtiva. Só produtores temos mais de 50 agricultores familiares presentes”, destaca o agrônomo. O evento tem apoio das Universidades Federais do Rio Grande do Sul e do Paraná, da Embrapa Agroenergia e da Universidade Regional Integrada - Campus Erechim.

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