Serviço Nacional de Aprendizagem Rural prepara profissionais para que repassem tecnologia

01.10.2015 | 20:59 (UTC -3)
Senar

Responsáveis por orientar os produtores rurais sobre as quatro tecnologias difundidas pelo ABC Cerrado, os instrutores do projeto participam de uma capacitação até sexta-feira (2/10), na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), em Brasília. No treinamento, 42 instrutores de oito Estados estão recebendo conhecimentos sobre Sistema Plantio Direto (SPD), Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD), Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e Floresta Plantada (FP) com os consultores másters de cada tecnologia.

O assessor técnico do SENAR Mateus Tavares ressalta a importância dessa etapa, pois serão os instrutores que farão a interlocução entre o projeto e os produtores. Para ele, esses profissionais precisam mostrar os benefícios das tecnologias e motivar os produtores a implantar as novas práticas. “Mais do que incentivar, essa capacitação ensinará os instrutores a transferir conhecimentos para que o produtor tenha o poder de decisão baseado em critérios técnicos”, declara.

Coordenador de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos do Ministério da Agricultura (Mapa), Elvison Nunes Ramos, considera o treinamento “crucial” para que os instrutores sejam nivelados em todas as tecnologias e possam voltar aos Estados preparados para repassar informações para os produtores. Na opinião dele, é preciso mostrar benefícios como melhoria na renda e qualidade de vida e fazer com que os produtores enxerguem isso dentro da sua realidade.

“O instrutor precisa levar, além da filosofia, números e exemplos que comprovem a eficiência das tecnologias. Utilizar experiências locais que deram certo de produtores para que os outros enxerguem também é uma ferramenta importante. Até mesmo a chamada “inveja do vizinho” tem um papel importante nesse processo e pode ser utilizada a nossa favor, desde que sempre seja acompanhado de um projeto técnico”, brinca.

Área que representa um novo mercado para o Brasil e que vem avançando nos últimos anos, a Silvicultura é uma das atividades que pode ser beneficiada com as tecnologias incentivadas pelo ABC Cerrado. O consultor máster de florestas plantadas, Moacir Medrado, destaca a rentabilidade e a possibilidade da cultura ser introduzida isoladamente ou de forma integrada dentro da propriedade, sem competir com a agricultura ou a pecuária.

“O principal desafio dos instrutores é traduzir o que está sendo ensinado de uma forma simples e sucinta para o produtor. É preciso mostrar o benefício que ele vai ter e fazer uma comparação com aquilo que ele faz na prática, com algo que seja palpável no dia a dia dele. Ao invés de falar em ILPF, que sozinha pode assustar um pouco, o instrutor deve explicar que o produtor poderá ter um pasto novo a cada ano”, recomenda.

Certa de que as tecnologias previstas no ABC Cerrado são a “salvação da lavoura” para quem vive do campo, a instrutora do SENAR Goiás Cláudia França Rodrigues ressalta que além de permitir o aumento da produtividade sem a abertura de novas áreas, as práticas permitem a conservação do solo e da água. Ela acredita que a melhor maneira de convencer os produtores a aderirem ao projeto é mostrar a demanda crescente por produtos sustentáveis, que preservem o meio ambiente e promovam o bem-estar animal.

“A primeira pergunta que eles fazem é: para quem eu vou vender isso? Temos que mostrar que existe um mercado interno e externo demandante desses produtos. Resultados e números que ajudem o produtor a perceber as vantagens das tecnologias também contribuem nesse processo”.

Para o instrutor do SENAR Bahia, Marony Pereira de Almeida Santos, a capacitação é uma oportunidade de se ‘reciclar” e de adquirir novos conhecimentos além da faculdade e das experiências profissionais. Ele salienta a importância das ferramentas que estão sendo ensinadas para que os instrutores fomentem o ABC Cerrado e um fator decisivo do projeto: a assistência técnica que será oferecida nas propriedades.

“Além de mostrar que em uma unidade o produtor terá ganho econômico e ambiental, o projeto tem como grande diferencial a orientação técnica. Esse serviço é essencial para o produtor e ele não precisará pagar nada para ter essas informações”, elogia.

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