Seminários do Sistema FAEP/SENAR-PR reforçam a conservação de solo

Seminário de Conservação de Solo foi realizado em sete cidades do Paraná, com a abordagem de diversos temas relacionados

18.10.2022 | 15:22 (UTC -3)
Sistema FAEP/SENAR-PR

Em agosto de 2022, o Sistema FAEP/SENAR-PR promoveu o Seminário de Conservação de Solo em sete cidades do Paraná, com a abordagem de diversos temas relacionados. O foco foi regionalizar as discussões e trazer temáticas pertinentes as regiões. Entre as inúmeras formas de conservar o solo, o uso de terraços e o sistema de plantio direto são as mais lembradas pelos produtores. Mas há outras que refletem em lucro dentro da propriedade. A principal mensagem repassada nos eventos foi a de que conservação de solo não é sinônimo de prejuízo, pois muitos associam com o não cultivo. É justamente o contrário, pois o cultivo agrícola é uma forma de conservação de solo.

O pesquisador Tiago Telles, do IDR-Londrina, apresentou três sistemas de cultivo que mais representam o Paraná: Sistema de sucessão – soja no verão e milho no inverno; Rotação I – avaliação de três anos, com soja/milho/soja no verão e no inverno centeio + aveia-preta no 1º ano; aveia-branca + nabo no 2º ano e braquiária no 3º ano; Rotação II – milho + braquiária/milho + braquiária/soja no verão e no inverno trigo no 1º ano; canola no 2º ano e feijão no 3º ano.

Comparando os sistemas de rotação com o sistema de sucessão de culturas, o lucro pode ser de R$ 826 a mais no primeiro. Isso ocorre porque, apesar da sucessão se tratar de duas culturas comerciais, os sistemas de rotação mantêm o solo coberto com a maior diversidade de plantas, reduzindo os custos de produção (fertilizantes, herbicidas, etc.) e aumentando a produtividade, visto que há menos erosão. A rotação permite a colheita de grãos no inverno (trigo, feijão e canola), pois no verão o consórcio com braquiária mantém palhada no solo e assegura a ciclagem de nutrientes. O maior lucro do produtor, na maioria das vezes, não está associado ao sistema baseado apenas em cultivos comerciais, mas naqueles em que maior diversidade de plantas no solo.

O solo conservado permite que o produtor venda a terra por preços mais altos. De acordo com dados do Censo Agropecuário do IBGE, os maiores valores de venda foram em áreas sob plantio direto, ou seja, com solo mais conservado. Isso porque quem comprar a área vai gastar menos para produzir. Solos sob plantio direto valem quase R$ 11 mil por hectare a mais do que áreas sob preparo mínimo (onde ocorre a “gradagem leve” ou escarificação, com compactação do solo, menor infiltração de água, maior erosão e consequentemente maior custo de produção). Como o solo é um patrimônio do produtor rural, a conservação permite agregar valor à terra.

Manter o solo vegetado, sem revolvimento, foi a palavra de ordem dos mais de 40 pesquisadores que palestraram no evento. A ausência de revolvimento mantém as raízes da cultura anterior no solo. Por exemplo, a produtividade de soja em solos sob pousio no inverno em Londrina na safra 2017/18 foi de 38 sacas por hectare, enquanto em solos com Piatã no inverno como cobertura foi de 67 sacas por hectare, nas mesmas condições de clima e adubação. Na ocasião, mais de 70% da massa de Piatã mantida no solo estavam “abaixo da superfície”, ou seja, as raízes. Isso significa que a manutenção delas é de extrema importância para a produtividade. Lembrando que o foco também precisa ser o aumento de produção e redução de custos, visando maior lucro.

A palhada no solo (raízes e parte área) favorece o processo de ciclagem de nutrientes. Na safra 2021/22, os produtores foram surpreendidos com a disparada no preço dos fertilizantes. Na ocasião, quem mantinha o solo conservado teve menor custo com os insumos, pois as plantas são bombas que trazem, pelas raízes, os nutrientes de camadas mais profundas para a superfície. Ainda, com a decomposição da palhada ocorre a liberação desses elementos, perdidos em safras anteriores, para a cultura agrícola atual. A degradação da palhada das plantas de cobertura deve ser lenta e gradual, fornecendo matéria orgânica ao solo, que será a fonte de nutrientes para as próximas culturas, reduzindo o custo com fertilizantes.

Outra forma de fornecer matéria orgânica ao solo é o uso de dejetos animais como fertilizante, algo bastante discutido na região Oeste do Paraná. Esse processo é uma forma de conservação de solo.

A conservação de solo deve ser vista pelos produtores como ação de longo prazo para conservar o patrimônio agrícola e reduzir os custos. O aumento de produtividade deve sempre estar aliado com a redução de custos e aumento de lucro, pois isolado é uma ação de pouca efetividade. A conservação do solo é a forma mais efetiva de aumento de lucro e preservação do patrimônio do produtor rural, pois agrega valor na terra, produz mais e reduz gastos e impactos ambientais.

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