Seminário discute logística e fertilizantes em Sinop

03.12.2014 | 21:59 (UTC -3)

A abertura de novas rotas para o escoamento da produção agrícola de Mato Grosso, com foco no norte do país, foi a abordagem debatida no Seminário Interestadual de Fertilizantes, Armazenagem e Logística, ocorrido nesta terça-feira, em Sinop, para anteceder a última expedição de 2014 do Movimento Pró Logística, o Estradeiro BR – 163. Mais de vinte pessoas partem da cidade na manhã desta quarta-feira para seguir até o porto de Santarém, no Pará, e averiguar os avanços e problemas da rodovia federal em diversos pontos. Somente pelo Norte e o Nordeste de Mato Grosso existe ao menos três rotas possíveis para levar a produção de grãos do Estado rumo à exportação, e a expectativa é que toda produção agrícola acima de Cuiabá seja escoada por esses caminhos.

A interligação dos modais hidrovia e rodovia no Norte do país, a partir de Mato Grosso, é a alternativa fundamental para que a produção local deixe de ir, ao menos 58% dela, para o porto de Santos (SP) - o mais exaurido do Brasil - e outra boa parte, para Paranaguá (PR). A ida ao Sul e ao Sudeste encarece o produto brasileiro e o torna pouco produtivo frente aos valores norte-americanos, principal concorrente na exportação de grãos do país. Para se ter uma ideia, uma saca de soja produzida em Sorriso chega ao custo de US$ 190 à China, ao passo que o mesmo produto dos Estados Unidos chega ao seu principal consumidor por US$ 71, menos da metade do custo brasileiro.

A expectativa quanto à pavimentação de estradas como a BR-174, por exemplo, que faria uma rota, associada à hidrovia, entre as cidades de Colniza (MT), Apuí (AM) e o porto de Manaus, é grande por quem estuda a infraestrutura logística no país.

“Enquanto a Europa tem soluções de engenharia para tudo, aqui, estamos no século XVIII em infraestrutura logística. Lá, eles fizeram água chegar a uma cidade onde não existia rio para poder escoar a produção por hidrovia. Esta mesma hidrovia atravessa nove países. Enquanto isso, estamos esbarrando em políticas federias indígena e ambiental que precisam ser revistas”, ponderou o diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira. O movimento é coordenado pela Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Presente no evento, o presidente da entidade, Ricardo Tomczyk, lembrou que a luta por melhorias na infraestrutura do Estado é uma das dificuldades que quem produz precisa vencer. “Mato Grosso não foi feito de facilidades e é por isso que somos fortes. Assim, discussões como essas são fundamentais para conhecermos e tomarmos medidas necessárias. Isso não é apenas um seminário, mas uma reunião de trabalho, de onde são tiradas deliberações para se tornarem ações”.

Também participou do encerramento do seminário o vice-governador eleito, Carlos Fávaro, que garantiu o compromisso com a melhoria das rodovias de Mato Grosso e a pavimentação de novas estradas. “Números preliminares da transição demonstram que mais de 234 milhões de reais foram gastos com infraestrutura em 2014, mas as estradas continuam em péssimo estado. Nosso desafio é grande, são 30 mil quilômetros de rodovias com apenas 7 mil pavimentadas. Mas temos o compromisso de estreitar relações com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) e nossos estados vizinhos – PA, AM e MA - para garantir o desenvolvimento de Mato Grosso por meio das oportunidades logísticas deles”.

Ainda conversaram com os produtores o ex-diretor do Dnit, Luiz Antônio Pagot, o futuro senador José Medeiros, o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, e o secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Mineração da cidade, Zeno Schineider.

EXPEDIÇÃO - O Estradeiro da BR-163 percorrerá mais de 1,8 Km até o porto de Santarém com mais de 20 integrantes, entre representantes de produtores rurais, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso e especialistas em logística de transporte. O percurso será encerrado na sexta-feira, dia 5.

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