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Fronteira com o Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, os estados do Acre, Rondônia, Amapá, Roraima, Amazonas e Pará, no Norte do País, podem ser portas de entrada no Brasil de cerca de 104 pragas na área vegetal e 22 na área animal, de acordo com análise de risco feito pela bióloga Regina Sugayama. O perigo se torna maior em função das rodovias que estão sendo construídas na região, interligando os estados entre si e com outros países da América do Sul, a exemplo da estrada transoceânica, que ligará o Pacífico ao Atlântico. . “O problema não é somente dos estados do Norte. É do Brasil e, neste contexto, da Bahia também”, disse o secretário estadual da agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, que é também presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Agricultura. Entre as muitas pragas que estão batendo à porta do Brasil, ele destaca a monília (ou moniliase), que está presente na Colômbia e Venezuela, distante pouco mais de 200 quilômetros de Assis Brasil, no Acre, além o Ácaro Vermelho das Palmeiras e a Mosca da Carambola, inimigos dos citros e das fruteiras.
O secretário Eduardo Salles, que na manhã desta segunda-feira (27) assinou o Termo de Cooperação Técnica com o secretário de Agricultura do Acre, Mauro Jorge Ribeiro, afirmou que “não podemos ser omissos. Nesse momento devemos colocar o “dedo na ferida” porque o efeito destas pragas no território baiano pode causar prejuízos incalculáveis, não só financeiros, mas principalmente sociais”. Ele acrescenta que “não podemos permitir que aconteça com a monília o mesmo que ocorreu com a vassoura de bruxa, que acabou entrando no Brasil e na Bahia, e devastou a região cacaueira”. Ao assinar o termo de cooperação com a Secretaria da Agricultura do Acre, Salles afirmou que quer estabelecer intercâmbios com este Estado, citando entre outras a área de piscicultura, bastante avançada no estado do Norte.
Desde domingo, (26) até o dia 2 de março, uma equipe baiana percorre os estados do Acre, Rondônia, Amapá e Roraima para discutir com os secretários de Agricultura o que está sendo feito nas fronteiras e celebrar com estes estados Termo de Cooperação Técnica “guarda-chuva” relativo à defesa vegetal, animal e inspeção sanitária. “A ênfase com os estados produtores de cacau será a prevenção à monília”, disse o secretário.
Os estados do Amazonas e Pará também assinarão o termo, em Porto Velho, Rondônia, onde no dia 28 acontecerá a reunião do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura, Conseagri, Dessa reunião de trabalho vão participar o diretor de Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura (Mapa), Cosan de Carvalho Coutinho, que fará palestra sobre barreiras sanitária, e um técnico da Ceplac especialista em cacau. A equipe da Seagri, composta, além do secretário, por Paulo Emílio Torres, diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab); Armando Sá, diretor de Defesa Vegetal da Adab, e a engenheira agrônoma Catarina Cotrim de Mattos Sobrinho, coordenadora regional da Adab em Itabuna, na região cacaueira, vai verificar in loco a situação in loco e fará palestra sobre o Plano de Contingenciamento da Moniliase desenvolvido pela Bahia e parceira com o Mapa/Ceplac
O secretário explica que “com isso não estamos dizendo que a doença não possa entrar no estado, porque normalmente essas doenças migram, mas cabe à defesa estadual prorrogar o máximo possível, e se mobilizar para, se acontecer, estarmos preparados para enfrentá-las”.
A monília é uma doença devastadora para o cacaueiro, cujo agente causal é o fungo Moniliophthora roreri, até o momento inexistente no Brasil. Endêmica do noroeste da América Latina e também de alguns países da América Central, foi registrada pela primeira vez no Equador em 1917 de onde se disseminou para a Colômbia (1930), Venezuela (1941), Panamá (1949), Costa Rica (1978), Nicarágua (1980) Peru (1988), Honduras (1997) e Belize (2002). Nestes países, os danos econômicos causados pela monília variam de 50 a 100%.
Eduardo Salles destacou que a Bahia é o primeiro Estado brasileiro que desenvolveu um Plano de Contingência da Monilíase, mesmo sendo considerado área de baixo risco. O secretário explicou que graças à mobilização do setor produtivo, da proatividade do órgão de defesa agropecuária da Bahia, das instituições de pesquisa e fomento da lavoura cacaueira (Ceplac/Mapa/Uesc/Ebda/Faeb/IF-Baiano), a Bahia conseguiu articular com os diversos atores da cadeia produtiva do cacau e juntos, elaboraram o Plano de Contingenciamento da Monilíase, instrumento legal de prevenção e controle da praga, caso adentre em áreas livres. “Saiamos na frente e agora estamos levando a experiência da Seagri/Adab/Ceplac aos estados do Norte”, disse Salles assinalando que “também queremos aprender com as experiências daqueles estados, não só com o cacau, mas com outras culturas, como a palma, que está sendo bem desenvolvida no Norte, e o açaí, que vem crescendo na Bahia”.
Além das ações de defesa vegetal, a Bahia vai também estabelecer intercâmbio com os estados do Norte no que diz respeito à defesa animal, compartilhando projetos desenvolvidos pela Seagri/Adab e que já se tornaram modelo nacional, a exemplo da planta de abatedouro frigorífico para 30 até 100 animais/dia, aprovada pelo Mapa. “Dizia-se que só era possível construir frigorífico com R$ 6 a 8 milhões. Mas desenvolvemos uma planta modular que permite a construção ao custo de R$ 1,2 a 1,7 milhão”, explica Eduardo Salles, lembrando que a Bahia já disponibilizou a planta para todos os Estados da Federação.
A Seagri está também colocando à disposição dos Estados do Norte uma planta de frigorífico avícola e de entrepostos frigoríficos, equipamento que estrutura toda a cadeia da carne.
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