Salvador sedia 10º Agrocafé

02.03.2009 | 20:59 (UTC -3)

Melhorar a renda do cafeicultor e ampliar a produção baiana de 2,5 para 4 milhões de sacas de café, em quatro anos, são alguns dos desafios que estarão em pauta na 10ª edição do Simpósio Nacional do Agronegócios Café, o Agrocafé. O evento será realizado entre os dias 09 e 11 de março, no Gran Hotel Stella Maris Resort, em Salvador/BA, e vai reunir produtores, especialistas, indústria e Governo, em uma programação que inclui palestras, mini-cursos, feira e ainda um Fórum de Secretários de Agricultura da Bahia, SP, MG, ES e RO.

O 10º Agrocafé é realizado pela Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Centro de Comércio de Café da Bahia e Faeb/ Senar- BA.

De acordo com o presidente da Assocafé, João Lopes Araújo, desde 2000, a remuneração e os produtores brasileiros caminhavam em sentidos opostos. De 2000 a 2004, o café brasileiro enfrentou os piores preços em quase 285 anos de história de produção do grão, chegando a 37 dólares a saca, em 2002, contra a média de 200 dólares por saca que se praticava em 1998. “Quando os preços começaram a subir, a valorização do real e a elevação dos preços dos insumos em função da alta do petróleo comeram grande parte da remuneração do produtor”, explica João Lopes.

No ano em que a crise financeira mundial toma todas as pautas de discussões, os cafeicultores conseguem ver uma luz no fim do túnel, apesar da queda no preço da commodity, que está em torno de 135 dólares a saca. O alento é um “blend” de dólar a US$2,30 e estoques baixos no Brasil e no mundo, que podem puxar os preços para cima. “O sonho dos produtores é alcançar US$180 por saca, o que, com esse câmbio, daria uma margem para respirar”, afirma o presidente, segundo quem, é difícil pensar uma solução governamental para se alcançar esse ideal, já que, no mercado livre, o espaço para esse tipo de intervenção é mais limitado, pois os compradores externos podem simplesmente optar por não aceitar preços impostos.

“Estamos trazendo os maiores especialistas de todos os segmentos do agronegócio café para discutir o futuro da atividade e, principalmente, pensar em soluções. Isso vai desde políticas públicas até investimento em marketing para aumento de consumo”, diz Lopes.

Cenário baiano

Há cerca de 20 anos, a Bahia chegou a produzir 1,6 milhões de sacas de café. A produção caiu para 600 mil sacas, mas, com o advento do café irrigado no Oeste, chegou a 2,5 milhões de sacas em 2007. Para a próxima safra 2009/2010, a expectativa da Assocafé é de produção de dois milhões de sacas. Esse dado frustra as projeções dos produtores que, há alguns anos, previam que, em 2010, o estado já estivesse colhendo em torno de quatro milhões de sacas do grão.

Segundo João Lopes Araújo, dentre os motivos que impediram o estado de alcançar a meta está a pouca robustez da assistência técnica ao pequeno produtor. “Hoje esse produtor é maioria no estado, e responde também pelos excelentes níveis de qualidade que o nosso café, especialmente o da Chapada Diamantina, vem atingindo”, diz.

As chances de crescimento do café da Bahia estão, principalmente, no Oeste, que ainda tem fartura de áreas agricultáveis, além de grande volume de água e tecnologia para irrigação, plantio e colheita. Outro espaço a ser explorado é o vácuo deixado por estados produtores tradicionais como São Paulo e Paraná, nos quais a cana-de-açúcar vem avançando sobre as lavouras de café. Além disso, o café conillon, produzido na região Sul da Bahia, tem sido uma alternativa interessante e vem ganhando cada vez mais espaço, com investimentos de empresas capixabas na região. O conillon é usado principalmente na indústria de café solúvel, cujo consumo tem crescido, e na composição de blends com o arábica. O preço do conillon, que costumava ser cerca de 60% do arábica, hoje equivale a 90%.

Números:

O Brasil é o primeiro produtor mundial de café (48 milhões de sacas), o primeiro exportador do mundo (28 milhões de sacas) e o segundo maior consumidor do mundo (18 milhões de sacas), perdendo para os EUA (19 milhões de sacas).

A Colômbia produz o café mais famoso do mundo, mas, segundo os nossos especialistas, não o melhor. O país produz apenas 12 milhões de sacas, mas investe cerca de 30 milhões de dólares por ano em marketing.

O Brasil ficou 10 anos sem investir um único centavo em marketing, desde que o então presidente Fernando Collor de Mello acabou com o Instituto Brasileiro do Café (IBC), em 1990. Há cinco anos, o país novamente começou a investir na divulgação e no fortalecimento da marca Café do Brasil, e este ano está investindo cinco milhões de dólares.

Para conhecer a programação do 10º Agrocafé, visite

. Mais informações pelo telefone (71) 2102-6600

Catarina Guedes

Imprensa Agrocafé

(71) 3379-1777

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