Safra de 2024 deve ficar em 299,6 milhões de toneladas, estima o IBGE

Isso representa uma produção 5,0% menor do que a obtida no ano passado (315,4 milhões de toneladas)

14.05.2024 | 15:05 (UTC -3)
Vinícius Britto
Foto: divulgação
Foto: divulgação

A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve ser de 299,6 milhões de toneladas em 2024, segundo a estimativa de abril do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgada hoje (14) pelo IBGE. Isso representa uma produção 5,0% menor do que a obtida no ano passado (315,4 milhões de toneladas). Na comparação com a estimativa de março, houve um aumento de 0,4% ou de 1,2 milhão de toneladas.

A produção de soja, principal commodity do país, cresceu 0,9% na comparação com o previsto em março e deve chegar a 148,3 milhões de toneladas. Essa quantidade equivale a uma retração de 2,4% na comparação com o total produzido no ano passado.

Os efeitos causados pelo fenômeno climático El Nino, caracterizado pelo excesso de chuvas nos estados da Região Sul e falta de chuvas regulares com elevadas temperaturas no Centro-Norte do Brasil, trouxeram, como consequência, uma limitação no potencial produtivo da leguminosa em boa parte das unidades da federação produtoras.

O destaque positivo ficou por conta do Rio Grande do Sul, como pontua o gerente da pesquisa. “Quando falamos da soja, mais especificamente do Rio Grande do Sul, há uma recuperação neste início do ano após um período de seca que afetou três safras. Já no verão de 2023 para 2024, choveu bastante, causando um aumento na produção da soja e do milho primeira safra. Portanto, a produção da soja está se recuperando quando olhamos para a estimativa feita em abril, analisando essa primeira parte do ano”, avalia o gerente do LSPA, Carlos Barradas.

A produção do milho, quando consideradas as duas safras, caiu 0,3% na comparação com o estimado no mês anterior e deve somar 115,8 milhões de toneladas em 2024, ficando 11,7% menor do que o produzido em 2023, uma queda de 15 milhões de toneladas.

“A produção do milho no Brasil apresentou queda principalmente por conta do preço, que caiu muito e desestimulou seu plantio na 2ª safra. Importante destacar também que o milho 1ª safra enfrentou problemas climáticos em alguns estados com poucas chuvas e muito calor. Uma das consequências, como já vínhamos destacando em outras divulgações, é que alguns produtores deixaram de lado essa produção para plantar algodão, o que também resultou em recordes de produção de algodão”, lembra o pesquisador do IBGE.

Já a safra do arroz deve crescer 2,0% na comparação com o produzido do ano passado. A estimativa foi 0,3% maior em relação ao previsto em março, alcançando 10,5 milhões de toneladas. Juntos, a soja, o milho e o arroz respondem por 91,6% da produção de grãos no país.

“Esse crescimento deve-se, principalmente, ao aumento na área plantada, que subiu 3,7%. O arroz é plantando durante a safra de verão e sofre uma concorrência muito grande com a soja, principal cultura brasileira. Como os preços do arroz subiram nos últimos meses, houve também um aumento de área plantada em detrimento da soja em algumas localidades. Isso ajuda a explicar o crescimento de 2,0% na produção do arroz em relação ao ano passado”, destaca Barradas.

A estimativa de abril para a produção do sorgo foi de 4,0 milhões de toneladas, aumento de 6,6% com relação ao previsto em março e redução de 6,8% em relação ao obtido na safra 2023.

“Uma característica importante do sorgo é que ele é mais ‘rústico’, precisa de menos água. Portanto, quando o produtor perde a janela de plantio do milho de 2ª safra, ele acaba plantando o sorgo, pois esse grão suporta mais a falta de umidade. O aumento em relação à estimativa de março pode ter sido dado por alguns produtores, em algumas regiões, terem perdido a janela de plantio do milho de 2ª safra”, diz o gerente da pesquisa.A estimativa da produção de feijão para 2024, considerando-se as três safras, cresceu 0,1% em relação ao mês anterior e deve alcançar 3,3 milhões de toneladas, um aumento de 11,1% em relação a 2023.

“É interessante observar que a produção do feijão atende tranquilamente o consumo brasileiro. O destaque vai para a 2ª safra, que já é a mais importante do Brasil e está em 1,6 milhão de toneladas, com o estado do Paraná sendo responsável por quase metade desse total, com 49,8% da produção”, salienta o gerente do LSPA.

Mato Grosso segue na liderança da produção nacional de grãos

Na distribuição da produção pelas Unidades da Federação, o Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 28,0%, seguido pelo Paraná (13,4%), Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,6%), Mato Grosso do Sul (8,3%) e Minas Gerais (5,6%), que, somados, representaram 79,2% do total.

Regionalmente, o Centro-Oeste (47,2%) lidera esse ranking, enquanto as demais regiões têm as seguintes participações: Sul (28,9%), Sudeste (9,2%), Nordeste (8,7%) e Norte (6,0%).

As principais variações absolutas positivas nas estimativas da produção, em relação ao mês anterior, ocorreram em Goiás (1.279.774 t) e no Pará (998.575 t). As variações negativas ocorreram no Paraná (-801.000), em São Paulo (-442.380 t) e em Minas Gerais (-96.291 t).

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