Reunião discute implantação do Programa Soja Livre em Rondônia

21.09.2011 | 20:59 (UTC -3)
Kadijah Suleiman

Na safra 2010/2011, a Embrapa, a Aprosoja e a Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) lançaram o Programa Soja Livre visando à construção de parcerias para ampliar a oferta de cultivares convencionais de soja para o estado de Mato Grosso e estimular a produção de grãos para atender ao mercado de soja não geneticamente modificada. O Programa surgiu com o apoio da Aprosmat e da Fundação Rio Verde, patrocínio da Fundação Triângulo, Fundação Cerrados, Fundação Bahia e CTPA, e dos grupos AMaggi, Caramuru e Imcopa.

O pesquisador da Embrapa Soja, Rodrigo Brogin, que atua no Campo Experimental da Embrapa Rondônia em Vilhena, região Sul do Estado, explica que o Programa foi apresentado com sucesso aos produtores de várias regiões de Mato Grosso, com a realização de dias de campo mostrando as cultivares convencionais de soja desenvolvidas pela Embrapa. “Agora vamos buscar parcerias para a realização das atividades do Programa Soja Livre também em Rondônia”, diz.

O primeiro passo será dado na terça-feira, 20, quando acontece uma reunião, a partir das 8 horas, no campo experimental da Embrapa Rondônia em Vilhena, para formatar uma proposta do Programa Soja Livre no estado. Entre os participantes estarão o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Samuel Oliveira; o pesquisador da Embrapa Rondônia, Vicente Godinho; o pesquisador da Embrapa Soja, Rodrigo Brogin; o diretor técnico da Abrange, Ivan Paghi, e o presidente da Aprosoja de Rondônia, Diego Comiran.

“A vinda do Programa Soja Livre para Rondônia é uma oportunidade de incentivar a produção de grãos como estratégia para a geração de renda e empregos, recuperando áreas degradadas, especialmente, de pastagens, e incorporando-as ao processo produtivo”, destaca Samuel Oliveira, lembrando que isso também é uma preocupação do governo do Estado.

Segundo ele, o alinhamento do programa a sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) favorece, inclusive, a produção sustentável, com ênfase na preservação de nascentes, margens de rios, encostas e topos de montanhas. A iLPF busca alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área. Isso recupera o solo, incrementa a renda e gera empregos.

Outro ponto positivo da cultura da soja é a fixação biológica do nitrogênio existente no ar e a transformação dele em matéria orgânica para a cultura, permitindo a redução do custo de produção e melhora da fertilidade do solo. “Com isso, reduz-se a emissão dos gases de efeito estufa e, consequentemente, o aquecimento global, o que também está de acordo com o Programa Agricultura de Baixo Carbono [ABC] do Governo Federal, que oferece incentivos e recursos para os produtores rurais adotarem técnicas agrícolas sustentáveis”, complementa Samuel.

Áreas e produção

“Temos seis milhões de hectares de pastagens no estado, sendo que mais de 60% encontra-se em algum estádio de degradação e que podem, potencialmente, ser utilizadas para culturas anuais, como é o caso da soja”, diz o pesquisador Vicente Godinho. Ele observa que isso é possível desde que existam condições favoráveis de logística, como facilidade de acesso e transporte. Outra exigência é que as áreas sejam planas, ou suavemente planas, e bem drenadas, pois a cultura da soja exige a mecanização.

Quase 100% da produção de soja em Rondônia é de grãos não-transgênicos. A área cultivada na última safra foi de cerca de 140 mil hectares alcançando a produtividade de 400 mil toneladas de grãos. De acordo com o pesquisador Vicente Godinho, a produção de soja transgênica é inexpressiva, pois o escoamento da soja produzida em Rondônia, para exportação, ocorre através do Porto Graneleiro do Rio Madeira - com destino aos portos de Itacoatiara (AM) ou Santarém (PA) - por onde só são transportados os grãos convencionais que seguem para os mercados europeu e asiático.

Mercado

De acordo com o Gerente Técnico da Abrange, Ivan Paghi, o Brasil desponta como o maior produtor de soja não-transgênica e de seus derivados e, atualmente, é um dos poucos com condições de atender demandas de mercados consumidores mundiais que preferem a soja não geneticamente modificada.

“O mercado para este tipo de soja vem se consolidando cada vez mais como uma opção rentável para os produtores rurais. O desafio atual é ampliar a oferta de cultivares convencionais de alta qualidade, com volume suficiente de sementes no mercado, favorecendo a competitividade em termos de produção de grãos e de comercialização, o que está de acordo com a proposta do Programa Soja Livre”, afirma.

Para o presidente da Aprosoja de Rondônia, Diego Comiran, a chegada do Soja Livre no estado traz a expectativa de, assim como ocorreu em Mato Grosso, que o produtores sejam beneficiados com o “prêmio” pago pela soja não-transgênica, ou seja, um valor adicional repassado pelas empresas compradoras da soja convencional.

Embrapa Rondônia

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025