Reunião de zootecnica termina com balanço positivo

30.07.2010 | 20:59 (UTC -3)

Nem mesmo o dia ensolarado e a proximidade da praia foram suficientes para dispersar o público de mais de três mil jovens participantes da 47ª Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, que acontece desde a última terça-feira até hoje na capital baiana, Salvador. Cerca de 60% destes são de jovens estudantes de mestrado e doutorado de todo o país. Esta é a terceira edição do evento realizada na cidade. A primeira vez foi em 1953, e a segunda, em 1976.

“Os 28 palestrantes internacionais estão impressionados com a pujança da zootecnia brasileira, tanto pelo volume de público, quanto pela qualidade das discussões”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Zootecnia (SBZ), e coordenador do curso de Zootecnia da Universidade Federal da Bahia, Ronaldo Oliveira.

Segundo Ronaldo Oliveira, também impressionam os estrangeiros os avanços do Brasil na área da zootecnia. “Mas isso não é suficiente para nos fazer acomodar. Todos reconhecemos que há ainda muito o que desenvolver”, diz Oliveira, que ressalta a criação, após 40 anos de tentativas, do primeiro curso de Zootecnia em Salvador, pela UFBA. Em clima de despedida, os participantes já se articulam para a próxima Reunião Anual da SBZ que será realizada em Belém, na última semana de julho de 2011.

O encontro foi o pano de fundo para discussões dos temas mais urgentes que envolvem a criação animal, dentre eles, a recorrente associação que parte da comunidade científica e da opinião pública fazem entre a criação de gado e as emissões de gases de efeito estufa que prejudicam a camada de ozônio. O tema foi comentado por vários palestrantes, nacionais e internacionais, mas as maiores reverências foram prestadas ao professor adjunto da Universidade da Colômbia, Carlos Lascano.

De acordo com o professor Lascano, os problemas na camada de ozônio se devem muito mais à atividade humana que à fisiologia animal. “O gado responde apenas por 10% das emissões, mas as queimadas e o manejo incorreto é que aumentam esta participação da pecuária no agravamento do problema”, explica. Os principais gases produzidos nos rebanhos são metano e óxido nitroso. O metano se produz, principalmente, através do processo de fermentação do rúmen, e o oxido nitroso pela aplicação dos fertilizantes nitrogenados.

O que agrava a situação nos plantéis brasileiros, segundo o professor, é que muitos rebanhos estão localizados em pastagens degradadas que aumentam a produção de metano pela baixa capacidade destes pastos de seqüestrar carbono, além da baixa produtividade que proporcionam.

“Uma comparação: numa pastagem bem manejada, pode-se produzir um animal para o mercado em dois anos, enquanto numa mal manejada, em quatro anos”, diz. Boa produtividade animal, menos metano. Se uma vaca produz de quatro mil a seis mil litros de leite, a produção de metano se reduz 1.3 partes por litro de leite.

Lascano salienta ainda que, de uma maneira geral, a América Latina e o Brasil contribuem muito pouco para a liberação desses gases. “Cinco ou seis vezes menos que os países do hemisfério Norte, porque lá é maior a industrialização”. Ele adverte também que os sistemas agrícolas e pecuários da America Latina têm necessidade urgente de fazer pesquisas para adaptar o sistema de produção às mudanças climáticas.

O Brasil é o maior exportador de carne do mundo. “Será muito importante fazer pesquisa para saber como mitigar produção de gases efeito estufa, até para o comércio internacional. As pesquisas estão avançadas e nesse Congresso (47ª Reunião da SBZ) estamos testemunhando o progresso nos últimos anos, conhecendo estudos muito avançados e relevantes”.

Existem tecnologias para minimizar os gases de metano liberados pelo gado, que têm aplicação através da dieta. Uma das mais apropriadas para a redução é o melhoramento das pastagens, que deve ser acompanhado de uma intensificação do rebanho: mais animais por hectare. Hoje, a média na Bahia, por exemplo, é de um boi por hectare. “É muito pouco. Se conseguirmos pelo menos colocar dois animais por hectares, já teremos grandes ganhos econômicos e ambientais”, sentencia o professor.

A suplementação alimentar também ajuda na redução do metano. Para isso, podem ser incorporados à alimentação certos compostos como a gordura. “É preciso investir em melhoramento genético, selecionando animais mais eficientes no uso de energia e tornar as pastagens mais digestíveis e ricas em certos compostos químicos que diminuem a emissão de gases de efeito estufa”.

Assessoria de Comunicação

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