Repasse de herbicidas é recomendado para canavial com desenvolvimento prejudicado pela estiagem

De acordo com especialista, vale adotar soluções seletivas para aplicação em pós-emergência

03.11.2021 | 20:59 (UTC -3)
Talita Macário

A estiagem prolongada deste ano já resultou em uma queda, desde o início da temporada (em abril), de 6,7% da moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul brasileira, segundo dados atualizados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e divulgados em outubro. No entanto, é possível mitigar maiores perdas no futuro com o repasse de herbicidas, que evita a perda provocada pela matocompetição com as plantas daninhas.

Gustavo Vigna, gerente de marketing cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência, recomenda um manejo adequado de herbicidas para o período atual, a fim de não retardar ainda mais o fechamento da cultura, processo prejudicado devido às condições climáticas.

“Com desenvolvimento mais lento e o fechamento atrasado, a chance de um canavial de início de safra precisar de repasse de herbicida será maior, uma vez que o residual do produto não será suficiente para controlar o novo fluxo de germinação de plantas daninhas”, orienta. Para o produtor com áreas nessa condição, a dica é escolher soluções seletivas para a cana, “isso porque o canavial já sofreu estresse hídrico; é fundamental evitar a fitointoxicação da cana”.

Os herbicidas recomendados são à base dos ativos: diuron, tebuthiuron, clomazone CS, atrazina, metribuzin, ametrina e mesotriona. “A Ourofino Agrociência conta com a maioria desses ativos no portfólio. Dessa forma, várias associações entre eles são possíveis e podem suprir com grande flexibilidade as demandas dos produtores. Dentre as moléculas citadas, destaca-se o clomazone 360, ingrediente presente na formulação Kaivana 360 CS, um graminicida por excelência com formulação diferenciada”, comenta Vigna.

Com um sistema de encapsulamento, a solução Kaivana foi reimaginada para as condições da agricultura tropical brasileira e proporciona significativa redução do processo de volatilização, minimizando perdas. “Outra vantagem desse produto, desenvolvido após quatro anos de pesquisas e testes feitos pela equipe técnica da empresa e por especialistas de mercado, é que ele oferece ganhos na performance de controle, uma vez que o ativo é liberado gradativamente”, diz o gestor.

Vigna relata outra situação ocorrida nos campos brasileiros como consequência do clima deste ano e também dos grandes focos de incêndio registrados em boa parte do país. “Vários produtores optaram por não aplicar herbicida na época seca, mas agora, com a umidade, ele deverá aplicar o mais rápido possível. O correto é que sejam tratamentos seletivos para a cultura e com efeito de pós-emergência para a planta daninha”, complementa.

Ainda de acordo com o gerente marketing cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência, a prática de adiar a aplicação do herbicida não é a mais indicada. “O melhor momento para o manejo é a pré-emergência total, ou seja, antes da germinação da cana e da planta daninha.” Porém, sempre é necessário avaliar as condições para determinar as próximas ações de controle, como é o caso agora, em que o não fechamento da cultura e a germinação de plantas invasoras determinam uma nova intervenção. Quanto ao ajuste da dose, ele explica que os fatores que devem ser levados em consideração são o tipo de solo, condição climática e o nível de infestação.

A falta de chuvas nos meses anteriores também impacta os canaviais colhidos nos meses de junho, julho e agosto, demandando do agricultor um monitoramento constante. Segundo Vigna, a situação desafia os agricultores há algum tempo. “Já somam dois anos consecutivos de seca prolongada que impactam esse setor, além da ocorrência de outros fatores, como geadas e queimadas, que interferem diretamente na produtividade e no manejo da cana-de-açúcar.”

O profissional ainda pontua que, neste momento, pode ser que o produtor esteja dividido entre a decisão de realizar os tratos culturais indicados ou reformar o canavial, então, para chegar à melhor conclusão, é preciso avaliar as condições individuais da área, relacionadas ao stand e ao vigor dessa brotação. “Também pesa na balança a falta de mudas para efetuar as reformas necessárias, uma vez que essas canas sofreram os impactos climáticos e comprometeram o planejamento do próximo ano”, avalia. 

Planos para a próxima safra

Para os produtores preocupados em fazer um planejamento que possa ajudar a garantir um canavial mais produtivo no próximo ciclo, Vigna também tem dicas. “Deve se adotar boas práticas nutricionais, como aplicação de calcário, gesso, fostatagem, adubação NPK e micronutrientes. Todo plano deve contemplar a dessecação de áreas e o plantio de meiose”, diz.

Apesar da alta de preços e da escassez de insumos, dentre eles fertilizantes e até defensivos, “os ótimos preços de açúcar, etanol e a crise energética provocadas pela estiagem reforçam a excelente oportunidade que pode ser gerada com os investimentos corretos nos canaviais”.

A receita para os melhores resultados é a realização de tratos culturais adequados de plantas daninhas, pragas e doenças alinhada ao monitoramento constante e ao uso dos produtos apropriados no momento certo. “Assim, o investimento certamente trará bons resultados”, afirma o especialista.

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