Região de Morro do Chapéu será a Champagne brasileira

04.08.2010 | 20:59 (UTC -3)

Menos de um mês após receber de volta a Coordenação de Agroindústria, a Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) trilha importantes caminhos para a industrialização na Chapada Diamantina e no Vale do São Francisco. Na última sexta-feira, 30 de julho, durante a Feira de Agricultura Irrigada (Fenagri), em Petrolina, o secretário estadual de Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, assinou dois convênios de cooperação técnica.

Um deles trata de um acordo que vai transformar a região de Morro do Chapéu na Champagne brasileira, com a produção de uvas especiais para vinhos finos. Pelo primeiro convênio, será feita uma avaliação técnica e econômica de videiras viníferas destinadas à produção de uvas na Chapada Diamantina. A ideia é que a região de clima temperado possa, num futuro próximo, se tornar referência mundial na elaboração de vinhos finos. O termo de cooperação foi assinado com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (Ebda), a Embrapa Semi-Árido e a Associação de Criadores e Produtores de Morro de Chapéu.

O convênio prevê a instalação de Unidades de Observação (UO’s) na Chapada Diamantina, com vinhedos experimentais e as culturas do pessegueiro, amexeira, pereira, macieira, cerejeira e oliveira. A avaliação do desempenho agronômico ficará a cargo da Embrapa Semi-Árido e da Ebda. O projeto será implantado em área pertencente à Associação de Criadores e Produtores de Morro do Chapéu.

O outro convênio, selado entre Seagri, Special Fruit, Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado de Mandacaru, Associação dos Fruticultores do Perímetro Irrigado de Curaçá e Associação de Pequenos Produtores Manga Brasil, é voltado à realização de um pré-estudo para a instalação de uma indústria de processamento de frutas no Vale do São Francisco, como manga, uva, abacaxi, graviola, mamão, romã, maracujá, umbu, acerola, banana e grapefruit. A ideia é que possam ser produzidos sucos naturais e concentrados, polpas, frutas secas e desidratadas, compotas e saladas de frutas. Para Suemi Koshiama, presidente da Special Fruit, a assinatura do convênio é o começo da agroindustrialização do Vale do São Francisco. “Vamos poder identificar o mercado para o suco, as frutas desidratadas e outras frutas. Sem falar que os pequenos e médios produtores terão outras oportunidades de negócios”.

Giuliano Pereira, pesquisador da Embrapa, vai mais longe: “O vinho produzido em Morro do Chapéu e na Chapada será um dos melhores do Brasil. Vamos poder compará-lo ao produzido em outras cidades, como Uruguaiana, São Joaquim, Espírito Santo do Pinhal, que são referência em todo o mundo”. O pesquisador prevê que a produção do vinho comercial de Morro do Chapéu comece em 2014, já que as pesquisas da Embrapa e Ebda devem ser finalizadas em dois anos.

De acordo Pereira, existe uma explicação para o sucesso da bebida na região. Trazidas da Europa, de países como França, Espanha e Itália, as variedades de uvas cultivadas são de excelente qualidade e permitem a elaboração de vinhos de guarda, ou seja, que podem ser consumidos em até 30 anos. Com a elaboração de vinhos finos, diz o pesquisador, a região de Morro do Chapéu e a própria Chapada Diamantina não somente se tornarão referência em todo o mundo como terão forte impulso sócio-econômico. “Todo tipo de interesse será atraído para a região, que vai se desenvolver significativamente. A atividade turística e hoteleira, por exemplo, terão tudo para se expandir”, enfatiza.

Seagri

Tel.: (71) 3115-2794

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

LS Tractor Fevereiro