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No setor de máquinas e implementos agrícolas a regra é clara: quanto menor a remuneração de produtores rurais, mais baixo é o investimento em bens duráveis na lavoura. Neste contexto, representantes do setor ouvidos pelo DCI acreditam que o segmento depende do avanço nas commmodities para se recuperar.
Na última semana, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) divulgou balanço de 2014, com queda de 27,1% no faturamento do setor agrícola, para R$ 9,5 bilhões, ante os R$ 13,1 bilhões registrados em 2013.
Para o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas, Pedro Estevão, o ano de 2015 promete mais 10% de perdas em relação a 2014, puxadas pelo recuo nos valores das commodities, com estimativa de retomada no setor entre 2016 e 2017, em linha com a projeção de restabelecimento das margens dos grãos.
Desempenho negativo
No ano passado, as exportações de máquinas e equipamentos agrícolas somaram US$ 954,2 mil, uma queda de 3,5% no comparativo anual. Já as importações somaram US$ 552,2 mil, redução de 14 3% no mesmo período de avaliação. De acordo com a associação, houve recuo de 2% no número de empregados no setor ligados à agricultura. No acumulado do ano, o segmento fechou com 61.081 trabalhadores.
Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) ficou em 75,96% em dezembro de 2014, baixa de pelo menos dois pontos percentuais comparado a 2013.
Avaliação
"Os resultados das máquinas e implementos confirmam o impacto que as commodities têm, por conta do nível de remuneração dos produtores. Cabe lembrar que houve renovação nos parques entre os anos de 2012 e 2013, e os próximos dois anos é o tempo que o mercado leva para consumir o desempenho recorde das safras de grãos americana e brasileira", afirma Estevão.
Em encontro realizado com jornalistas para um balanço sobre 2014 e projeções para este ano, o presidente da John Deere no Brasil, Paulo Herrmann, destacou que houve uma redução de vendas nas máquinas, porém, a comparação com 2013 é desleal, pois aquele foi um ano "fora da curva". Segundo o executivo, a média história de vendas para o setor é de 50 mil tratores e cinco mil colheitadeiras.
Sobre as commodities, Herrmann ressalta que a área plantada de soja aumentou neste ano, o que pode dar uma perspectiva mais otimista para os investimentos em bens duráveis e admite que a cadeia de grãos representa cerca de 3% da demanda das companhias de máquinas e implementos.
Prejuízos para irrigação
Em coletiva de imprensa sobre a crise hídrica na última sexta-feira (30), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, comentou que a prioridade do estado é o abastecimento urbano, quando questionado sobre o uso de água para irrigação na agricultura. "Vamos priorizar outras, a irrigação por gotejamento, sem desperdício de água", disse.
Entretanto, o gerente do Grupo Valmont, Carlos Reis, explicou ao DCI que a algumas das principais culturas do País, como o milho, feijão e a soja não é possível aplicar as medidas sugeridas pelo governador.
"Nessas culturas há uma diferença de 30 centímetros entre uma planta e outra. A forma ideal é através do pivô. O que existe é uma imagem distorcida sobre as técnicas de irrigação, porque a quantidade de água utilizada é a mesma, e ainda volta para os lençóis freáticos. Não é desperdício", enfatiza Reis. O executivo, que participa das reuniões da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação (CSEI), conta que haverá um trabalho na modificação desta imagem.
Quanto aos resultados do setor, já é esperada uma queda entre 10% e 20% no faturamento em função da falta de água e do aumento na energia elétrica. Para o gerente, os estados de São Paulo e Minas Gerais deveriam apostar na criação de reservas.
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