Queda da produção em novembro surpreende, e analistas passam a considerar que economia possa ter encolhido em 2014, segundo IBGE

09.01.2015 | 21:59 (UTC -3)

Cenário torna quase certo que indústria tenha fechado ano com o pior desempenho desde 2009, no auge da crise. A permanecer o ritmo atual e com a queda inesperada de novembro, a indústria caminha para fechar 2014 com o pior desempenho desde 2009, quando o Brasil sentia os impactos da crise global.

A produção do setor caiu 0,7% de outubro a novembro, disse o IBGE. Trata-se da perda mais intensa desde junho. O resultado ficou ainda bem abaixo das expectativas. Na média, analistas esperavam alta de 0,5% em novembro. Diante do desempenho, dado o peso da indústria na economia, passaram a considerar a possibilidade de um PIB negativo em 2014.

Com esse cenário, é praticamente certo que a indústria terá o pior desempenho desde a queda de 7,1% de 2009.

O acumulado em 12 meses já supera a perda de 2012 (2,3%) e é improvável que o resultado de dezembro, sozinho, mudará a situação. Ante novembro de 2013, houve retração de 5,8%. No ano, a produção acumula queda de 3,2%. Em 12 meses, o recuo também é de 3,2%.

Sérgio Vale, da MB Associados, diz que o resultado abaixo do esperado reforça a possibilidade de crescimento nulo do PIB --antes, sua previsão era de alta de só 0,1%. "Esse resultado faz [da indústria] parte ainda de choque negativo que varreu a economia após a reeleição da presidente. Com o mundo crescendo pouco, o que é mais relevante para a exportação do que o câmbio [dólar em alta], o setor externo também não consegue colaborar."

Para a LCA, a indústria só não teve um 2014 pior graças ao setor extrativo, impulsionado pela melhora da produção da Petrobras. Nesse contexto, o economista prevê nova queda da produção industrial em 2015 e diz que é possível ter havido ligeira contração da economia em 2014.

O Bradesco diz que o resultado da indústria de novembro "aumenta as chances" de um desempenho da economia próximo da estabilidade. Já a Gradual Investimentos não descarta um PIB de 2014 "levemente negativo".

Divulgado na segunda (5), o mais recente relatório Focus, pesquisa feita pelo Banco Central com economistas, mostra previsão de alta de 0,15% para o PIB de 2014.

ESTOQUES

Segundo André Macedo, do IBGE, a indústria mostra um desempenho mais fraco neste ano e opera num nível 6,8% inferior ao seu recorde de produção, em volume, atingido em julho de 2014. "A cada mês o setor se afasta mais desse patamar."

Entre os motivos para o esfriamento da indústria, diz, estão o acúmulo de estoques em importantes setores, como veículos, e consumidores e empresários mais pessimistas com o cenário econômico, o que posterga decisões de compras e investimentos.

Para se ajustar à demanda mais fraca, afirma, a indústria pisou no freio e cortou a produção a fim de evitar mais estoques indesejados. Algumas empresas já adotaram medidas como demissões, corte de turnos, suspensão de contratos de trabalho ou férias coletivas.

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