Projeto de desenvolvimento vitivinícola é desenvolvido para a Campanha do RS

01.06.2011 | 20:59 (UTC -3)
Giovani Capra

A produção de uva e de vinho na Campanha do Rio Grande do Sul deverá contar com uma ampla base de pesquisa e tecnologia na busca por sua consolidação. Junto à associação de produtores Vinhos da Campanha – entidade criada em 31 de março de 2010, que conta com 17 sócios (16 vinícolas e uma associação de viticultores) da região –, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já está trabalhando no ‘Projeto de inovação tecnológica para o desenvolvimento da vitivinicultura da Campanha’.

Quinta-feira da semana passada, dia 26, na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, mais um passo no processo foi dado. No encontro, realizado nos turnos da manhã e tarde, grupo de 15 pesquisadores da Embrapa, das unidades Uva e Vinho e Clima Temperado, de Pelotas, apresentou, para análise e debate, a empresários e profissionais envolvidos com a vitivinicultura na Campanha gaúcha, o conjunto de ações de pesquisa que estão sendo estruturadas para atender às demandas para o desenvolvimento do setor na região, identificadas pela própria associação. No próximo dia 16 de junho, em Santana do Livramento, eles reúnem-se novamente, para validação das propostas, com vistas à consolidação do projeto, a ser implementado com a participação das diversas instituições de pesquisa, ensino e desenvolvimento da Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura (confira mais a respeito abaixo) e da região. Na seqüência, o projeto será submetido à Rede, visando à obtenção de recursos para sua execução.

O coordenador da Rede, pesquisador José Fernando da Silva Protas, da Embrapa Uva e Vinho, anota que a vitivinicultura, na Metade Sul do Rio Grande do Sul, tem mais de 30 anos: foi na década de 1970 quando a Almadén se instalou, em Santana do Livramento, e a extinta Companhia Vinícola Riograndense implantou área de vinhedos no município de Pinheiro Machado. “Nos anos 1980, a Embrapa Uva e Vinho desenvolveu algumas atividades na região, as quais confirmaram o potencial para a vitivinicultura. Porém, nunca houve um programa de pesquisa, estruturado como tal, para orientar os empreendimentos na região, tendo em vista produtos de alta qualidade, no limite do potencial da zona produtora”, segue Protas. “É essa lacuna, portanto, que se propõe preencher agora”.

O pesquisador resgata que a produção de uva e de vinho na região ganhou um importante impulso a partir de meados da década de 1990, motivado pela maior demanda de mercado por vinhos tintos finos, conjugada ao fato de que a mais tradicional zona produtora do país, a Serra Gaúcha, estava até então mais voltada à elaboração de brancos. “Ano passado, com a criação da Vinhos da Campanha, a produção vitivinícola da região passou a ter real representação; a Embrapa vislumbrou, diante dessa organização, a oportunidade de construir o projeto de inovação tecnológica em que estamos trabalhando”, comenta Protas.

“Muitas vinícolas na região estão começando a comercializar seus produtos e a implantar vinhedos, quando não os ampliando: o raciocínio, então, é de que se precisa começar ou reforçar investimentos da maneira certa”, acrescenta o presidente da Vinhos da Campanha, Afrânio Moraes Filho. Ele também ressalta que o processo todo “converge para a busca de uma Indicação de Procedência para a região”.

A reunião da semana passada é a terceira, desde novembro do ano passado, entre Embrapa e a associação, que tem formalizadas suas principais demandas. Com base no documento que as apresenta, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária trabalhou na interpretação dessas necessidades, vindo a elaborar planos de ação que se dividem nas áreas de Indicação Geográfica, viticultura, enologia e meio ambiente. Para a reunião de 16 de junho, em Livramento, está prevista a definição da estrutura e do foco do projeto de inovação tecnológica para o desenvolvimento da vitivinicultura na região.

A atividade da uva e do vinho na Campanha do RS envolve dez municípios: Maçambara, Itaqui, Uruguaiana, Quaraí, Alegrete, Rosário do Sul, Santana do Livramento, Dom Pedrito, Bagé e Candiota. A região tem características particulares, sendo a zona vitivinícola mais quente do sul do país. Apresenta a possibilidade de implementação de vinhedos de porte, com topografia favorável à mecanização, o que permite pensar numa produção de escala, para competir no mercado.

A Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura, como seu próprio nome antecipa, é um grupo de instituições de ciência e tecnologia, atuantes no setor vitivinícola em todo o país, coordenada pela Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves. A Rede integra o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), que tem como secretaria-executiva a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e, como agência executora, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Atualmente, ela é formada pelas seguintes instituições: Embrapa, por meio das unidades Uva e Vinho, Pecuária Sul (Bagé-RS), Clima Temperado (Pelotas-RS) e Semiárido (Petrolina-PE); Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri); universidades Federal de Santa Catarina (UFSC), do Estado de Santa Catarina (Udesc), de Caxias do Sul (UCS) e Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS); Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP-OS). No contexto, então, projetos de desenvolvimento científico e tecnológico são submetidos às redes (das quais a de vitivinicultura é uma das quatro implantadas no país até o momento), seguindo tramitação até chegar à Finep, que viabiliza, por meio de financiamentos, sua execução.

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