Valor da Produção Agropecuária é previsto em R$ 1,249 trilhão para 2023
Resultado é o maior da série em 34 anos; produtividade e preços agrícolas puxam o crescimento
Com mais de 75 mil agricultores beneficiados no Brasil, acima de 1000 municípios cobertos (1 milhão de km percorridos), quase 4 mil treinamentos e investimento de R$ 2 milhões anuais, o programa Aplique Bem poderá chegar à Índia em 2024. O país asiático saberá mais desse modelo de ação, amplamente difundido e premiado no Brasil, no período de 13 e 17 de março, quando Nova Delhi sediará o 15º Congresso Internacional de Proteção de Plantas, evento paralelo ao “IUPAC” 2023, sobre química na agricultura.
Em seu 16º ano de atividades, o Aplique Bem tem por objetivo qualificar pequenos e médios produtores ao manejo seguro de agroquímicos ou defensivos agrícolas. São pilares centrais do programa a proteção de cultivos, do meio ambiente e do trabalho rural. Sem gerar nenhum gasto ao agricultor, o Aplique Bem movimenta, o ano todo, uma equipe de agrônomos e uma frota de laboratórios móveis rumo a pequenas e médias propriedades brasileiras.
O programa teve origem numa parceria-público privada concebida pelo Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, localizado na cidade de Jundiaí. “Nasceu de uma conexão de propósitos entre o CEA-IAC e a companhia UPL”, resume Hamilton Ramos, pesquisador do IAC e um especialista de renome mundial em agroquímicos e defensivos biológicos.
“O foco é reduzir o déficit de mão de obra qualificada no campo. Dados oficiais mostram que mais de 60% dos aplicadores de agroquímicos brasileiros jamais receberam treinamentos ou capacitação para essa atividade”, reforça Ramos.
No Brasil, complementa Ramos, dados do IBGE dão conta de que entre 25 milhões e 30 milhões de pessoas trabalham no agronegócio. Destes, diz o pesquisador, em torno de 5 milhões seriam analfabetos, ao passo que outros 12 milhões atuariam como trabalhadores temporários. “Além disso, sabemos que 85% dos trabalhadores rurais se concentram nas pequenas propriedades. O programa está ancorado nesse cenário”, justifica.
Ramos adianta que a UPL patrocina o Aplique Bem sem vinculá-lo a operações de vendas ou marcas de produtos. “Os distribuidores da UPL são aliados isentos. Eles identificam produtores que necessitam orientação. Funcionam como a referência geográfica para os ‘Tech Móveis’ (laboratórios móveis) e os agrônomos que se deslocam no Brasil o ano todo.”
Embora o programa tenha se expandido e consolidado no Brasil, diz Ramos, o IAC e a UPL já o levaram a mais sete países nos últimos anos: Burkina Faso, Costa do Marfim, Colômbia, Mali, México e Vietnã. “A expectativa é a de que, a exemplo do Brasil, Aplique Bem torne-se um programa permanente na Índia, onde são produzidos arroz, amendoim, cana-de-açúcar, legumes, algodão e grãos, culturas que demandam insumos protetivos em suporte à produtividade.”
Conforme Ramos, para o CEA-IAC e a UPL, tão ou mais importante do que o número de agricultores e aplicadores beneficiados pelo Aplique Bem, é a mudança de comportamento que o programa introduz nas pequenas e médias propriedades. “No Brasil, a compra e a aplicação de agroquímicos beiram 60% dos custos de uma safra. Com o Aplique Bem posto em prática, esse dispêndio pode cair pela metade, isso sem contar ganhos ambientais e de saúde ocupacional.”
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