Professores discutem a ESALQ no I Science Day

28.03.2012 | 20:59 (UTC -3)
Ana Carolina Miotto

Em função dos atuais ambientes competitivos em instituições, sejam públicas ou privadas, a concorrência por recursos para projetos de pesquisa está aumentando de forma acelerada, o que faz com que a visão estratégica sobre a ciência seja essencial e priorizada pelas instituições.

Foi com essa finalidade que a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) realizou, nos dias 23 e 24 de março, o I Science Days, evento que reuniu quarenta e sete professores, contratados a partir de 2001. As atividades foram coordenadas pelo engenheiro agrônomo Joaquim Aparecido Machado, com o uso da metodologia de discussão e tomada de decisão participativa.

Segundo Marisa Aparecida Bismara Regitano d'Arce, vice-diretora da Escola, desde o início da gestão, em 2011, um dos pontos discutidos tem sido a importância da pesquisa na ESALQ. “A ideia de identificar grupos de professores com interesses afins deve resultar em fortalecimento e em melhor desempenho institucional em pesquisa”, comentou.

Para Joaquim, instituições de ensino têm características que a diferem dos grupos de empresas. Existe um grau de liberdade inerente ao pesquisador ou professor em instituições de ensino que faz com que as análises da empresa não atraiam muito interesse. “Em função disso, a Diretoria da Escola verificou a necessidade de se ter um novo modelo de evento, praticado por empresas internacionais de pesquisa aplicada, que confere uma dinâmica eficaz ao início do processo de planejamento estratégico. Essa metodologia é conhecida no mundo todo e o que se faz é adaptá-la ao perfil da instituição”, afirmou o agrônomo.

O evento ocorreu durante dois dias, em um hotel em São Pedro (SP). No primeiro dia, os docentes receberam as boas vindas do diretor da Escola, José Vicente Caixeta Filho, e foram divididos em seis grupos, cerca de oito professores por mesa. Havia também uma mesa formada pelos Keynote Speakers, docentes que trouxeram estímulos para as discussões em grupos. Essa mesa contou com a participação do diretor e da vice-diretora da ESALQ, além dos professores Helaine Carrer, do Departamento de Ciências Biológicas (LCB), José Roberto Postali Parra, do Departamento de Entomologia e Acarologia (LEA), Raul Machado Neto, do Departamento de Zootecnia (LZT), e Ricardo Antunes de Azevedo, do Departamento de Genética (LGN).

Joaquim explicou que cada grupo representou uma “mini-ESALQ”. A primeira tarefa foi criar nomes para os grupos e a segunda foi pensar qual seria a ESALQ dos sonhos dos participantes, sem restrições. “O exercício sugeria sonhar. Afinal, sonhar e ter ideais abrangentes são partes inerentes e indispensáveis ao ensino e à pesquisa”, reforçou o engenheiro agrônomo.

De acordo com a professora Marisa, esse exercício possibilitou, sobretudo, a integração entre os colegas. “Para chegarmos à ESALQ dos sonhos, a Escola tem que se conhecer. Quando você conhece o seu meio, a sua comunidade, você sabe quais são suas potencialidades. É importante sentir como esses docentes reagem a essa ESALQ e sentir o que eles esperam dela. Cada um traz a sua vivência e o reflexo do seu departamento para a discussão no grupo e identificação das áreas de afinidade e pontos de interesse”, ressaltou a vice-diretora.

O próximo passo foi apresentar como é a ESALQ, seus pontos fortes e fracos. Nessa etapa, entraram em ação os Keynote Speakers, que caracterizaram o cenário competitivo externo, a realidade onde se insere a instituição em seis pilares: Governança Institucional, Temas Transversais prioritários em C & T e Inovação, Internacionalização da ESALQ, Publique ou Pereça, Recursos de financiamento e Sustentabilidade da Instituição.

O professor Caixeta frisou a importância de um maior envolvimento com ex-alunos, da interação com empresas e maior autonomia dos gestores. A professora Marisa citou a necessidade de uma definição da aspiração interna de internacionalização. O professor Parra ressaltou a transversalidade nos temas de pesquisa na ESALQ. O professor Azevedo enfatizou a a visibilidade de informação, a importância de divulgar os trabalhos e as pesquisas em publicações. Já a professora Helaine mostrou o quanto a ESALQ ainda pode crescer em recursos para pesquisa. O professor Raul explicou que a interdisciplinaridade só existe quando há uma forte pesquisa básica já concretizada.

Para o último exercício, cada grupo criou um projeto baseado em um desses pilares, aproximando cada vez mais a Escola da ESALQ dos sonhos.

Segundo o diretor da ESALQ, a ideia foi fazer com que os docentes discutissem aquilo que é desejado para a ESALQ do futuro, aquilo que vai fazer com que esse futuro seja promissor sem correr riscos desnecessários. “Essa foi a principal expectativa do evento, que as pessoas exerçam essa troca de ideias mais do que necessária para pensar nos pilares que venham sustentar a instituição nesse futuro próximo. Para a ESALQ do futuro, eu imagino que haja uma estrutura de governança bem organizada, que incremente ainda mais as experiências internacionais, que se tenha o incentivo e a orientação para que as publicações de pesquisa aconteçam nos principais periódicos internacionais, que as fontes de financiamento sejam cada vez mais disponíveis e que tudo isso ocorra dentro do conceito de sustentabilidade”, explicou o diretor.

Para a professora Thais Maria Ferreira de Souza Vieira, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), o exercício foi motivador. “Ele despertou conversas e discussões de pontos que já pensávamos anteriormente. Penso que o resultado do evento são diretrizes para tentar melhorar os pontos críticos na nossa profissão na ESALQ”, declara.

No segundo dia, os grupos apresentaram os projetos, em 30 minutos, explicando-os detalhadamente. O projeto baseado no pilar Publique ou Pereça foi considerado o melhor entre os demais, conforme análise feita pelos Keynote Speakers. “Se um grupo escolheu três pontos em um dos pilares, dentro de cada ponto eles tiveram que detalhar iniciativas, projetos e recursos, entre outros aspectos”, explicou Joaquim. “Não é um exercício que se esgota amanhã. Ele potencializa um trabalho de planejamento estratégico – é um norteador”, finalizou o engenheiro agrônomo.

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