Professor da ESALQ representou América Latina em evento da FAO

19.12.2013 | 21:59 (UTC -3)
Assessoria de Imprensa

Entre os dias 4 e 6 de dezembro, aconteceu em Roma, na Itália, o “Soil spectroscopy: the present and the future of soil monitoring”. Promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e financiado pela Comissão Europeia, o evento contou com mais de 70 especialistas em solos do mundo todo, e cinco convidados especiais para ministrarem palestras, representando seus continentes.

Na ocasião, José Alexandre M. Demattê, professor do Departamento de Ciência do Solo (LSO), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), representou o Brasil, bem como a América Latina. Segundo o docente, a FAO, líder em esforços internacionais de erradicação da fome e insegurança alimentar, vem procurando novas tecnologias para fornecer melhorias constantes ao sistema agrícola e aumento da produtividade. “Os objetivos específicos deste encontro foram avaliar o que está sendo realizado no mundo, dentro do tema voltado para o conhecimento do solo por meio do uso de sensores, permitindo a tomada de decisões em políticas públicas”.

Tecnologia - Estudada há mais de 20 anos, a espectroscopia foi a ferramenta tecnológica que esteve em pauta no evento. A técnica consiste na interação de energia eletromagnética (luz) com uma amostra de solo. A luz refletida possui inúmeras informações que advém do solo, dentre elas o teor de argila e carbono. Dessa forma, os sensores captam os dados e permitem a quantificação do material.

Demattê observa que se o solo não for adequadamente conhecido e monitorado pode causar problemas em mananciais de água, assoreamento de rios, bem como não atingir níveis ótimos de produtividade. “Além disso, a pressão e expansão agrícola aumentam os riscos de depauperamento por meio de sistemas erosivos e aplicação inadequada de defensivos e fertilizantes. Temos que otimizar o uso do solo com qualidade ambiental”. Neste sentido, o sensoriamento remoto é um assunto que permanece em constante ascensão, pois permite a realização de mapas de solos mais rapidamente, que por sua vez é a base para o planejamento agrícola e ambiental. “Hoje já conhecemos as características dos solos do planeta Marte por meio desta tecnologia. Agora, o desafio é colocá-la a serviço da população”, comenta.

Em sua apresentação, o professor pôde mostrar o que vem sendo desenvolvido no Brasil, especificamente no grupo de pesquisa do LSO. Demattê falou sobre a espectroscopia de reflectância como tecnologia inovadora no estudo do solo e suas aplicações no mapeamento e classificação de solos, detecção de áreas erodidas e monitoramento do solo por contaminantes.

A reunião pioneira deu início à elaboração de um protocolo para realização de medições com sensores, padronizando as leituras entre pesquisadores do mundo todo. O próximo passo será a comparação de dados entre os laboratórios. “Espera-se que, num futuro próximo, as análises de alguns elementos como teor de argila e carbono, realizadas por laboratórios tradicionais, sejam substituídas por esta tecnologia”, reflete o professor.

Uma das bases do sistema é a montagem de bibliotecas espectrais de solos. “Trata-se de coletar amostras de solos de toda uma região ou país e obter o espectro de cada amostra como uma impressão digital. Tal informação fica armazenada num banco de dados que pode ser comparada com amostras desconhecidas.” Neste sentido, Demattê está coordenando a montagem da Biblioteca Espectral de Solos do Brasil, que hoje já conta com diversos pesquisadores participantes. Vários países do mundo estão realizando o mesmo trabalho, tais como Austrália, África, Estados Unidos e países da Europa.

Com a proposta de maior rapidez, menor custo e não utilização de produtos químicos, a nova técnica não altera a amostra analisada, podendo ser utilizada em laboratório ou até mesmo no campo. “Tal tecnologia vai permitir análises em tempo real, nas mais diversas áreas da ciência”, conclui.

A Biblioteca Espectral de Solos do Brasil pode ser acessada em www.bibliotecaespectral.wix.com/esalq.

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