Produtores rurais defendem mecanismos de equalização para amenizar efeitos da crise

O fortalecimento e ampliação das políticas de garantia de preço mínimo para o produtor rural pode se tornar a solução para evitar a pane no setor produtivo agrícola, após a crise financeira iniciada nos EUA há cerca de dois meses. Segundo João Carlos Jacobsen, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), programas como o Pepro diminuem o risco para os bancos financiadores do agronegócio, favorecendo a retomada do crédito no setor. O executivo da Abapa reuniu-se nesta quarta-feira (12/11) na sede do Ministério da Agricultura, em Brasília, com representantes dos produtores, Governo, bancos e tradings. A reunião foi comandada pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes e representantes do Ministério da Fazenda.

Na pauta do encontro, o tópico mais importante foi a falta de acesso aos recursos disponibilizados pelo Governo Federal para as operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) e Cédula do Produtor Rural (CPR), que deveriam suprir a saída dos bancos internacionais que financiavam o agronegócio brasileiro. Segundo Jacobsen, os bancos internacionais saíram do jogo, e os nacionais estão emprestando menos, com juros mais altos, e, mesmo assim, apenas para os produtores que têm garantias reais. “Não existe como manter o setor produtivo rural se não há crédito. Se confirmado, o Pepro pode significar uma segurança a mais para os bancos na liberação do crédito”, afirma o presidente da Abapa. Com o dinheiro mais caro e os preços das commodities em tendência de baixa, os produtores temem pela sustentabilidade do negócio.

“Precisamos ter acesso aos recursos que foram liberados pelo Governo Federal para as operações de ACC e CPR para garantir a safra”. Para Jacobsen, a reunião permitiu ao Governo uma visão panorâmica da real situação no setor agrícola. “Foi um trabalho de conscientização e sentimos que surtiu efeito. Pedimos ao ministro a ampliação do prazo para 360 dias, o que será analisado, e ele reforçou com os bancos a necessidade de ser parceiros do produtor”, conclui. Até sexta-feira, Jacobsen e representantes dos produtores continuam em Brasília discutindo com parlamentares importância da inclusão no orçamento da União de recursos para apoio à equalização dos preços pagos ao produtor, como o Pepro, e possíveis soluções para a agricultura na crise atual.

Catarina Guedes

Abapa

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