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Mandioca amarelinha, fácil de cozinhar e saborosa. No Distrito Federal, esse é o padrão que caiu no gosto dos consumidores. Muitos deles não sabem, mas essa preferência resulta de um trabalho da Embrapa Cerrados.
Antes as raízes consumidas na região eram brancas, mas há cerca de quinze anos a unidade da Embrapa introduziu algumas variedades de cor mais amarelada, que fizeram sucesso e hoje garantem 80% do mercado, segundo um estudo da Unidade da Embrapa.
Esse é um dos resultados da pesquisa participativa no melhoramento de mandioca, em que os pesquisadores contam com a ajuda do produtor no teste das variedades de mandioca para chegar a produtos com características que agradam o consumidor e assim geram mais renda. No caso das mandiocas amareladas, elas têm vitamina A. Para o produtor, essa interação com a pesquisa leva ao aumento da produtividade - que fica em média em 14 toneladas por hectare na região do Cerrado, enquanto existe o potencial para esse número subir para 40 toneladas.
“Um dos fatores que limitam a produção é o desconhecimento de variedades e técnicas modernas de cultivo”, explica o pesquisador da Embrapa Cerrados Eduardo Alano Vieira. Como a mandioca é um dos produtos mais plantados pela agricultura familiar, o público-alvo do trabalho são os pequenos agricultores, especialmente aqueles situados em áreas marginais, que plantam culturas de subsistência, dispõem de pequenas áreas para o cultivo, usam pouca ou nenhuma tecnologia, têm difícil acesso a novas variedades adaptadas a seus sistemas de cultivo e, em certos casos, resistem à idéia de mudanças em seus sistemas de produção.
Duas variedades introduzidas e selecionadas no Distrito Federal pela pesquisa e que fazem sucesso são a Pioneira e a Japonesinha. A Embrapa Cerrados deve lançar, no próximo ano, mais três opções de mandioca de mesa, que também já vêm sendo avaliadas na pesquisa participativa. “Boas variedades de mandioca de mesa devem aliar elevado potencial produtivo de raízes e boas qualidades culinárias (bom sabor e reduzido tempo para o cozimento)”, avalia Eduardo Alano.
Segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados Josefino Fialho, somente nos últimos cinco anos, 6,5 mil produtores da região do Cerrado foram capacitados pela equipe da unidade da Embrapa. Um deles é o produtor rural Paulo César Gonçalves (foto), que cultiva uma área de 30 hectares em Brasilinha (GO) basicamente com a raiz, que é destinada ao consumo de mesa. “Não existe mandioca como a Japonesinha”, comenta. Uma outra variedade, que faz parte das que a Embrapa vai lançar, também foi testada e conta com a simpatia do produtor. “Ela cozinha sempre e é a mais amarela de todas”, avalia. Paulo comenta que outra variedade faz sucesso na feira em que ele vende as raízes, pois tem o córtex arroxeado e por dentro é amarelada.
Os pesquisadores Josefino e Eduardo ouvem atentamente as conclusões do pequeno produtor. “A gente sempre leva em conta a opinião deles no trabalho de seleção”, comenta Eduardo. Oriunda da Bahia, uma das variedades levadas à propriedade de Paulo não deu o resultado esperado. “No local de origem, ela é boa, mas como o clima é diferente, ela não teve a mesma produtividade aqui”, explica Josefino ao produtor.
Muito receptivo à visita da Embrapa, Paulo está satisfeito com a parceria, pois algumas orientações foram decisivas para o sucesso de seu negócio. “Uma orientação sobre o espaçamento quase dobrou a produtividade na lavoura”, comenta. Ele brinca que ele deixou as donas-de-casa de Brasilinha muito exigentes. “Aqui se plantarmos mandioca branca, a gente não vende mais”, afirma.
Serviço – Algumas orientações oferecidas pela pesquisa com o melhoramento participativo da mandioca estão acessíveis ao público em um livro, lançado pela Embrapa Cerrados e pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Com o uso de ilustrações e uma linguagem acessível, a publicação destina-se a tirar as principais dúvidas dos agricultores familiares e ainda apresenta algumas receitas de pratos feitos a partir da raiz. O documento completo pode ser acessado pelo site da Embrapa Cerrados (
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Clarissa Lima Paes
Embrapa Cerrados
/ (61) 3388 9945
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