Milho transgênico é tema de palestra em Dourados
"O milho Bt é uma tecnologia inovadora no mundo, porém, a semelhança dos demais métodos, sozinho não irá eliminar a presença de insetos fitófagos. Como é o caso das espécies de insetos sugadores, muitas delas de difícil controle ou até mesmo a lagarta-do-cartucho, que já tem sido constatada em algumas cultivares Bt ou a presença recente da lagarta-da-espiga, Helicoverpa armigera", essa explicação foi um dos destaques da palestra do pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Ivan Cruz, realizada durante a tarde, de 28 de novembro, quinta-feira, no XII Seminário Nacional de Milho Safrinha.
Com o objetivo de esclarecer outras dúvidas sobre o milho transgênico Bt, o pesquisador responde algumas perguntas sobre o assunto.
Embrapa Agropecuária Oeste - O milho transgênico conhecido como milho Bt, ou seja, plantas transgênicas com atividade inseticida que representa uma nova alternativa de controle de pragas visando a minimizar os danos causados por insetos-praga em lavouras de milho, ainda deve ser utilizado?
Ivan - Com certeza, o uso do milho Bt ainda é de grande importância para o agronegócio brasileiro, pela soma de pontos positivos que a tecnologia trouxe para o Manejo Integrado.
Embrapa Agropecuária Oeste - Como funciona a tecnologia do milho Bt?
Ivan - O milho Bt é uma transformação genética em que há inserção de proteína da bactéria Bacillus thuringiensis na planta de milho, de maneira que a nova planta passa a expressar a toxina do Bt que é letal para insetos alvo.
Embrapa Agropecuária Oeste - Essa tecnologia surgiu comercialmente no Brasil a partir da safra de 2007/2008. Ela é muito utilizada no Brasil?
Ivan - A tecnologia do milho Bt é praticamente utilizada em mais de 80% da área cultivada com milho.
Embrapa Agropecuária Oeste - Quais são as principais pragas emergentes nas lavouras de milho Bt? Porque algumas pragas surgiram nas lavouras de milho Bt?
Ivan - O milho Bt desde o seu início teve como alvo principal insetos da Ordem Lepidoptera, notadamente as lagartas Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), Diatraea saccharalis (broca da cana) e Helicoverpa zea (lagarta-da-espiga). Especificamente no caso da lagarta-do-cartucho, a grande vantagem do milho Bt foi a redução drástica nas pulverizações com inseticidas químicos. Sem o uso de inseticidas químicos e sem a presença dominadora da lagarta-do-cartucho, naturalmente outras espécies de pragas, notadamente os insetos sugadores como os percevejos, tripes e cigarrinhas, passaram a ocupar o nicho deixado pela lagarta.
Embrapa Agropecuária Oeste - Vale a pena utilizar milho Bt? Quais as vantagens? A semente de milho Bt é mais cara do que a semente de milho convencional?
Ivan - Com certeza vale a pena utilizar o milho Bt. No entanto, desde sua liberação comercial, já havia recomendação clara para a necessidade de manejo da planta Bt. Tal recomendação já indicava que o manejo inadequado da tecnologia poderia favorecer o desenvolvimento de populações da praga alvo com condições de se alimentar normalmente da planta Bt. Entre as principais recomendações destacam-se: uso adequado de área de refúgio (parte da área de milho com milho convencional) e utilização de plantas Bt com alta expressão da proteína inseticida. Por ser uma tecnologia inovadora e incorporada em materiais de alto potencial produtivo, naturalmente é de custo mais elevado. No entanto, uma vez cultivada de acordo com as recomendações técnicas, o retorno econômico, de maneira geral compensa o custo inicial mais elevado. Como hoje existem mais de 200 cultivares de milho Bt, há variações significativas no preço da semente. No entanto, o custo mais elevado inclui além da tecnologia Bt, o alto potencial genético da planta.
Embrapa Agropecuária Oeste - O produtor deve respeitar a regra do Manejo da Resistência de Inseto (MRI), recomendada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)?
Ivan - Naturalmente, a regra do Manejo da Resistência é recomendada exatamente para preservar e alongar a vida do milho Bt. Assim sendo, o agricultor poderá usufruir do efeito de controle de pragas por um período maior, evitando o uso constante de agroquímicos, e, conseqüentemente, evitando o desequilíbrio ecológico e eliminando os riscos inerentes ao inseticida químico.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura