PR: doação de imóvel dinamiza produção de cafés especiais

A cessão do antigo armazém do Instituto Brasileiro do Café (IBC) em Jacarezinho, norte pioneiro do Paraná, para uso da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), foi anunciada durante a FICAFE 2009.

A associação acredita que vai dinamizar ainda mais a produção de cafés especiais na região.

O IBC foi criado em 1952 e definiu as diretrizes da política cafeeira até 1989 no Brasil. O imóvel doado possui área de 55 mil metros quadrados e irá abrigar a unidade de armazenamento e padronização do café especial produzido no norte pioneiro. A doação foi comunicada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, ao presidente da ACENPP, Luiz Fernando de Andrade Leite.

Antes do anúncio da doação, o deputado Chico da Princesa havia se comprometido a disponibilizar, por meio de proposta de emenda orçamentária junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), verba de R$ 450 mil para que a ACENPP pudesse construir sua sede. Com o anúncio da doação do antigo armazém do IBC, o deputado concordou em refazer a proposta de emenda orçamentária e destinar o recurso prometido para a aquisição de maquinários, necessários para efetuar o benefício e a padronização diferenciada do café.

Uma dessas máquinas é a mesa dessimétrica, equipamento que separa os cafés pelo peso do grão. Está prevista também a compra de um equipamento eletrônico para separação dos grãos por cor. Essa tecnologia é fundamental para o café especial que se distingue do café comercial pela qualidade e homogeneização dos grãos que dão o sabor exclusivo à bebida.

A emenda deve ser aprovada até o final do próximo mês, de acordo com o deputado. Isso significa que o recurso estará previsto no Orçamento da União para 2010. Após a aprovação pelo governo federal, caberá ao ministro Reinhold Stephanes liberar o recurso. O deputado Chico da Princesa acha possível que até abril de 2010 o dinheiro esteja liberado. Ele destaca que essas conquistas só são possíveis, graças à organização dos produtores.

"A compra dessas máquinas vai auxiliar todos os produtores da região. Minha prioridade é alavancar e valorizar o agronegócio da região. Esse caminho de agregar valor ao produto é uma saída muito acertada e acredito que seja a salvação para o norte pioneiro. É preciso produzir com tecnologia e isso se reflete num aumento de qualidade. A cafeicultura é uma atividade que requer muito investimento e o retorno é demorado", salientou Chico da Princesa.

Luis Fernando de Andrade Leite conta que a ACENPP já pleiteava o uso do barracão do IBC, mas que o anúncio da cessão durante a FICAFE 2009 foi uma surpresa. "Esses maquinários vão padronizar a qualidade do café, eliminando defeitos, melhorando o tipo do café e uniformizando os lotes. Para a região, significa que vamos poder ter um padrão de café para exportação e atender a exigência das grandes redes. Esse barracão vai melhorar muito a logística. O café colhido nas propriedades será levado para a unidade de beneficiamento e será padronizado de acordo com a necessidade do cliente e armazenado nesse local", explica.

Odemir Capello, consultor do Sebrae/PR, conta que as tecnologias vão permitir ampliar a quantidade de café de qualidade. "Os cafés especiais preparados para a FICAFE 2009 tiveram que ser beneficiados em Rolândia, hoje local mais próximo para beneficiamento e padronização da produção desses cafés. Isso obriga os produtores a percorrerem uma distância de 450 quilômetros agregando um custo adicional ao produto", explica Capello. Agora, com a unidade de beneficiamento em Jacarezinho, segundo o consultor do Sebrae/PR, o produtor de pequena propriedade vai se beneficiar muito, pois é ele quem mais precisa reduzir os custos e tornar-se independente de outros agentes. "É possível também com essa unidade que haja um aumento da produção de cafés especiais. Pois, hoje, um café que tem nota 77 em razão de problemas de não uniformidade dos grãos, com os novos equipamentos poderá ser rebeneficiado e atingir nota 80 ou acima o que o classifica como especial", analisa Capello.

Nesta semana, os integrantes da ACENPP fazem uma reunião para definir e discutir a melhor forma de se operacionalizar o projeto.

Cleide de Paula

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