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A Política da Agroindústria Familiar do Governo do Rio Grande do Sul, que tem a tarefa de formalizar as mais de oito mil agroindústrias existentes no Rio Grande do Sul, foi debatida na manhã desta quarta-feira (31), em Santa Maria/RS, por pequenos investidores rurais da região Central, interessados em regularizar seus empreendimentos ou criar um novo.
“Deste número, apenas 560 agroindústrias estão formalizadas. Ocorre que, mesmo informais, a maioria dos estabelecimentos ainda consegue comercializar seus produtos; porém, quando aumentam suas matérias-primas não conseguem ampliar as vendas para novos mercados”, explica o diretor do Departamento de Agroindústria Familiar Comercialização e Abastecimento (Daca), da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Ricardo Edson Fritsch.
O Censo Agropecuário do IBGE de 2006, conforme Ricardo, já apontava a existência de milhares de agricultores processando alimentos nas propriedades rurais e comercializando a sua produção de maneira informal.
“Ao debater e divulgar a política da agroindústria familiar nestes encontros com os produtores rurais, a intenção é formalizar esses investimentos, qualificando os serviços públicos, apoiar a gestão e a comercialização e proporcionar a formação técnica dos beneficiários do Programa”, diz Ricardo.
Essa aproximação com o público alvo do programa está sendo feita através de seminários regionais da Política Estadual da Agroindústria Familiar em todo o Estado. Em Santa Maria, o evento ocorreu no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), numa promoção da Emater/RS-Ascar e da SDR, através do Daca.
A estratégia da SDR para a política e o programa da Agroindústria Familiar do Estado do Rio Grande do Sul (Sabor Gaúcho) tem ambiente institucional através da Política Estadual das Compras Governamentais, do Programa Gaúcho de Cooperativismo Rural, do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf) e da adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal - SISBI/POA, integrante do Sistema Unificado de Atenção a Sanidade Agropecuária – SUASA.
“São instrumentações vitais e necessárias para aqueles que possuem agroindústria ou que pretendam implantar unidades de processamento artesanal da produção agropecuária de forma coletiva ou individual”, apontou Ricardo em sua palestra.
As ações do Programa estão apoiadas na legalização de agroindústrias que se se encontram na informalidade “e na assistência técnica na elaboração e no encaminhamento de projetos financeiros, sanitários e ambientais, no apoio à sua implantação, na concessão do direito de uso do Selo Sabor Gaúcho nos produtos agroindustrializados, agregando mais valor ao seu produto, na assistência técnica e extensão rural, no apoio na comercialização da produção através de feiras, pontos de vendas e mercados institucionais, na qualificação profissional para o público, na confecção rótulos e nas placas indicativas de trânsito (BR e RS)”, explica o diretor do Daca.
“Um dos caminhos para aumentar o valor dos produtos do meio rural é o desenvolvimento da agroindústria. Vender esses produtos no mercado final ou intermediário, acrescidos de outros bens e serviços, possibilita aumentar o valor da matéria-prima principal, gerando mais renda na propriedade”, disse o assistente técnico em Agroindústria da Emater/RS-Ascar de Santa Maria, Gaspar Scheid, que palestrou junto com a colega de Ijuí, Rejane Gollo Fornari, sobre o fluxo operacional e administrativo do Programa e os centros de treinamento da Instituição.
Para Scheid, no atual contexto de mercado, uma agroindústria rural familiar de qualquer região pode competir diretamente com agroindústrias de outras regiões.
“É evidente que, nesse processo, a competição não é apenas por custo baixo, mas também, e principalmente, pela qualidade. As agroindústrias rurais familiares necessitam inserir-se neste contexto de informações e mudanças, que são cada vez mais rápidas”, disse o assistente.
Dados da Emater/RS-Ascar indicam que a gestão profissionalizada, informatização, novos hábitos de consumo, tecnologias em constante avanço, padronizações de qualidade, conservação ambiental e visão sistêmica são alguns dos padrões presentes na atualidade da agroindustrialização. “Logo, a comercialização pode ser considerada um dos gargalos na viabilização das agroindústrias familiares, principalmente para as de pequeno porte, que necessitam de apoio efetivo para potencializar o processo de comercialização de seus produtos”, diz Scheid.
A experiência na agroindústria familiar do município de São Francisco de Assis, no Vale do Jaguari, foi relatada no final da manhã pelo professor Gustavo Pinto da Silva, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFF)/Campus São Vicente do Sul. O Projeto Jeito Caseiro envolve 19 agroindústrias que estão sendo consolidadas a partir de um conjunto de políticas públicas, lideradas pela Prefeitura e outros parceiros, visando fortalecer as iniciativas de agricultores familiares, inserindo-os no processo produtivo.
“O destaque da experiência está na perspectiva de desenvolvimento territorial, bem como por um conjunto de ações articuladas em prol de tirar do anonimato e fortalecer experiências que envolvem o público que mais causa preocupação em termos de desenvolvimento rural”, ressaltou Gustavo.
Em Cacequi, no Vale do Jaguari, a Associação Cacequiense de Criadores de Abelha (Accamel), fundada em 1997 por um grupo de apicultores do município, tem produção anual de 41 mil quilos de mel e 1,1 mil colmeias. “A expectativa para os próximos anos é triplicar o número de colmeias e a produção de mel”, afirma diz o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, João Francisco Comiz.
A produção da Accamel é destinada para o mercado local e para a merenda escolar (5%), para feiras regionais (5%) e o restante (90%) é exportado para a Europa e Estados Unidos. Na manhã de hoje, durante o Seminário, a Acamel ganhou o certificado legal de funcionamento, entregue pelo Daca/SDR. A maioria das colmeias já está georreferenciada e existe um apicultor que está produzindo mel orgânico. “O atendimento às normas técnicas tem impacto na comercialização, pois proporciona maior segurança, tanto para quem produz, quanto para quem consome”, comentou Comiz.
Ainda no final da tarde, foram apontados os delegados que representarão a região Central no Seminário Estadual da Política Estadual da Agroindústria Familiar, previsto para o dia 2 de dezembro, em Santa Maria.
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