Cobertura do solo no inverno pode representar uma safra melhor no verão
Segundo especialistas, adubar as culturas de inverno pode significar maior economia e um solo mais fértil para a safra de verão
Os sistemas de preparo do solo vêm exigindo um olhar mais apurado na hora da escolha do manejo a ser adotado. No período de inverno é muito importante manter o solo coberto já pensando nos próximos cultivos de verão. As plantas de cobertura surgem nesse momento como fundamentais para proteger o solo contra processos erosivos e a lixiviação de nutrientes. Algumas espécies possuem a capacidade de reciclar nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas que serão cultivadas em sucessão. As suas
características podem contribuir para reduzir custos de produção, melhorando os atributos físicos, químicos e biológicos do solo.
No sistema de plantio direto o solo nunca deve estar descoberto e no período mais frio do ano é necessário ter alguma cultura fazendo o papel de cobertura, uma vez que existem poucas opções de culturas comerciais. Segundo Marcio Albuquerque, diretor da Falker, as coberturas devem ser adequadas conforme a cultura semeada no último verão e a que será plantada no próximo. O cultivo de espécies de plantas de cobertura pode ser feito com uma única espécie ou mais ao mesmo tempo e na mesma área. “Não necessariamente você vai colocar a mesma cobertura em todos os talhões. É possível usar plantas com diferentes estruturas de raízes”, explica.
Albuquerque, que também é presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), afirma que a tomada de decisão sobre os tipos de cobertura a serem utilizados deve ser feita com base na condição da área. A agricultura de precisão ajuda na identificação de variabilidade nas lavouras e com esta informação das diferenças que existem, é possível melhorar também o manejo das plantas de cobertura. “Ao aplicar a agricultura de precisão, o produtor consegue fazer a sua escolha de acordo com a realidade de cada talhão. Existem trabalhos acadêmicos que colocaram em um mesmo talhão coberturas diferentes em função dos dados dos mapas gerados anteriormente. E com isso, é possível utilizar a melhor cobertura para cada área conforme o diagnóstico obtido. As plantas de cobertura tem a finalidade de ciclar nutrientes, ou seja, disponibilizar para as plantas diferentes nutrientes”, observa.
As plantas de cobertura ajudam a construir a fertilidade sendo fundamentais para preparar a próxima safra melhorando a condição física do solo. Existem espécies com diferentes características de raiz, como por exemplo o nabo forrageiro que tem uma raiz mais vigorosa que consegue romper camadas compactadas penetrando em locais onde a raiz da soja não entra. Com um diagnóstico de como está a compactação da área, o produtor sabe a característica física do solo para escolher o tipo de cobertura. Onde não tem problema pode colocar a aveia preta que já está acostumado a usar, mas onde tem o problema pode fazer um tratamento diferente. Vale ressaltar que é muito importante medir a compactação e gerar mapas de compactação para ajudar na tomada de decisão do uso das melhores plantas de manejo.
Dependendo dos níveis de compactação do solo, se está em nível extremo, as plantas de cobertura não conseguirão resolver e nesses casos é necessário fazer uma intervenção mecânica para quebrar a camada compactada. Normalmente a operação mecânica é feita antes do plantio, embora existam trabalhos acadêmicos mostrando que a escarificação pode ser realizada com a planta de cobertura em estágio inicial no solo. A raiz da planta de cobertura vai ocupar o espaço que foi gerado pela intervenção mecânica e com isso vai estruturar melhor o solo, ou seja, o resultado é bom a partir de uma combinação de intervenção mecânica com plantas de cobertura em situações de compactação extrema.
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