Rondônia conhece os benefícios e as variedades de INTACTA RR2 PRO na Tecnosoy 2013
Pesquisas realizadas no Departamento de Engenharia de Produção (DEP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) analisam a situação de trabalhadores do setor agroindustrial, em especial a produção canavieira. Coordenados pelo professor Francisco da Costa Alves, os estudos relacionam o processo de modernização da agricultura com as práticas de contratação e as condições de trabalho.
O professor Alves explica que em todo o sistema produtivo houve a intensificação da carga de trabalho. No entanto, a situação na agricultura apresenta um conjunto de elementos que contribuem para maior exposição dos trabalhadores a condições extremas de trabalho, marcados principalmente pelo esforço excessivo e baixa remuneração. Muitas pessoas se submetem a longas jornadas de trabalho, expostas a altas temperaturas e gases provenientes da queima da cana-de-açúcar durante a colheita, equipamentos de proteção individual que dificultam os movimentos e prejuízos à saúde por causa dos esforços repetitivos e desgastantes. "Passamos por um momento em que as condições de trabalho estão se deteriorando e as pessoas trabalhando cada vez mais. A situação no setor canavieiro é, no meu ponto de vista, o mais dramático porque há pessoas que estão morrendo por causa da intensificação do trabalho", avalia.
A expansão do agronegócio e a mecanização do setor contribuíram para a concentração de terras nos domínios de grandes grupos econômicos, que resultaram na expulsão de trabalhadores que se dedicavam à agricultura familiar e à produção de pequeno porte. O aumento da demanda pelo álcool combustível também possibilitou aumento nos ganhos das usinas que atuam no plantio, colheita e moagem da cana-de-açúcar. Apesar do crescimento, o setor ainda mantém regimes de trabalho que prejudicam a saúde e o bem-estar do trabalhador. "O que chama atenção é o fato do setor canavieiro ser rentável, que sempre ganhou muito dinheiro, mas explora os trabalhadores. Uma melhor distribuição da renda e investimentos em melhores condições de trabalho não prejudicaria a lucratividade das empresas", acredita o docente.
Como explica o professor Alves, a remuneração proporcional à quantidade de cana-de-açúcar colhida é prejudicial, pois responsabiliza o trabalhador pela longa jornada de trabalho, necessária para uma melhor remuneração. "Para ser rentável, grande parte dos produtos exportados são produzidos com alto grau de exploração de mão de obra. A hora paga por trabalho no Brasil é uma das mais baixas do mundo. Trabalho por produção no setor canavieiro é perverso, pois o trabalhador só sabe quanto vai receber depois que o trabalho foi feito. Além disso, algumas usinas fazem o pagamento relacionando à tonelada e à área de cana-de-açúcar colhida que resulta em uma redução de 30% a 40% por parte dos ganhos dos trabalhadores", salienta o docente.
Diante do quadro de exploração da mão de obra canavieira, a intensificação da mecanização na agricultura e a necessidade de políticas de preservação de reservas florestais e de água doce, o professor Alves defende a reforma agrária e o incentivo à agricultura familiar como alternativas que possibilitem maior inserção social e econômica dos trabalhadores. "Para criar alternativas de trabalho e renda na proporção requerida, considerando a proporção de pessoas que trabalham na colheita da cana-de-açúcar, é necessário atuar na geração de empregos. O incentivo à agricultura familiar para a geração de alimentos e a produção de reservas florestais, importante para a manutenção das reservas de água no Pais, são opções que geram emprego com pouco gasto por parte do Estado", avalia.
No artigo "Por que morrem os cortadores de cana?", publicado na revista Saúde e Sociedade da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, o professor Alves apresenta dados que demonstram que a morte dos trabalhadores assalariados rurais, cortadores de cana, advém do pagamento por produção. No final do ano passado, os estudos desenvolvidos pelo professor da UFSCar embasaram a decisão do juiz do trabalho Renato da Fonseca Janon, que acatou ação civil pública movida pelo procurador Rafael de Araújo Gomes, do Ministério Público do Trabalho, contra o pagamento por produção. "Essa notícia é muito importante pois é muito bom saber que meu trabalho contribuiu para a melhoria da situação dos cortadores de cana-de-açúcar da região", afirma o docente.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura