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Durante o 5º Seminário Nacional do Quivizeiro, principal fórum nacional de debate da cultura do quivi no Brasil, mais uma vez ficou evidenciado o engajamento de produtores, pesquisadores, extensionistas e autoridades em busca de uma solução para combater o fungo Ceratocystis fimbriata. Ele é o principal causador da morte de plantas que vem dizimando os pomares na Serra Gaúcha. O evento ocorreu no mês de julho, em Farroupilha (RS), município maior produtor de quivi no Brasil.
O quivizeiro começou a ser cultivado há mais de 20 anos em Farroupilha e é uma importante alternativa para os produtores que buscam diversificar e ampliar a renda da sua propriedade, conforme destacou o secretário municipal de Agricultura de Farroupilha, Fernando Silvestrin, na abertura do Seminário.
Diante disso, há um ano foi criada uma força-tarefa, liderada pela Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves (RS), para a realização de pesquisas agronômicas na cultura do quivi, com o objetivo de detectar vírus, fungos e pragas, possíveis responsáveis pela morte de plantas, e estudar medidas de controle e alternativas para a sustentabilidade da produção da fruta.
Também na abertura do Seminário, o coordenador do projeto, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Samar Velho da Silveira, apresentou os primeiros resultados obtidos. “Uma das primeiras ações do projeto foi elaborar e disponibilizar uma publicação abordando os aspectos técnicos da cultura do quivi no Brasil. Simultaneamente, foram selecionados produtores para realização de levantamentos de campo e análises nos pomares, para avaliar a questão fitossanitária. Os resultados possibilitaram um diagnóstico preliminar e a determinação das ações futuras de pesquisa”, resumiu o pesquisador.
Dentre os principais resultados apresentados, foi verificada a grande incidência do fungo Ceratocystis fimbriata: ele está presente em 78% das plantas doentes amostradas a campo. Em 88% destes casos ele ocorre de forma isolada e o restante, associado a outros fungos de solo causadores de doenças. Outro dado relevante é que todas as cultivares plantadas atualmente são atacadas, ou seja, nenhuma apresenta resistência.
O fungo Ceratocystis fimbriata pode contaminar a planta pelas raízes ou por algum ferimento, como poda, e atua diretamente no bloqueio do fluxo da seiva, causando o murchamento e a queda das folhas e a morte da planta. “Para o produtor ter certeza de que a planta foi atacada pelo fungo, basta tirar um pedaço da casca do tronco. Se encontrar estrias pretas características, a planta certamente está infectada”, orienta Silveira.
De acordo com ele, se a planta for infectada a probabilidade de morrer é altíssima, pois não se conhece ainda um produto químico ou uma prática cultural que permita a regressão e cura da doença após sua infecção. O importante, na avaliação do pesquisador, é o produtor ter alguns cuidados prévios que poderão prevenir, como a aquisição de mudas sadias, esterilização de ferramentas de poda após o uso em cada planta, realizar a drenagem do solo (evitando solos encharcados) e buscar uma boa orientação solar das fileiras.
Além do trabalho com os fungos de solo, também estão sendo acompanhados o efeito e relação de pragas e viroses e a fertilidade dos solos, fatores estes que podem comprometer a qualidade e a produtividade do pomar. Após este primeiro diagnóstico, a equipe do projeto já definiu como prioritárias a avaliação de cultivares resistentes ao fungo.
A equipe do projeto conta com representantes da Embrapa Uva e Vinho, de produtores, de instituições como as universidades de Caxias do Sul e Federal do Rio Grande do Sul, a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do RS (Fepagro), a Emater/RS-Ascar, a Secretaria de Agricultura de Farroupilha, o Sindicato Patronal e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Farroupilha, além das empresas Proterra – Engenharia Agronômica e Silvestrin Frutas. O grupo recebeu apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
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