Pesquisadores debatem variedades agrícolas tolerantes à seca

29.10.2010 | 21:59 (UTC -3)

Desenvolver soluções que garantam a eficiência das lavouras com um menor uso de água é um dos principais desafios das pesquisas agrícolas da atualidade, seja pela questão da sustentabilidade ou pelas consequências das mudanças climáticas. Enquanto alguns países utilizam a irrigação, no Brasil a produção é, em grande parte, dependente das chuvas.

 

Em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, o Fundo de Pesquisa Embrapa-Monsanto promoveu de 19 de outubro até hoje, na Faeg (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás), em Goiânia, o simpósio “Tolerância à Deficiência Hídrica em Plantas: Adaptando as Culturas ao Clima do Futuro”. Ao todo, foram 10 conferências e quatro painéis, apresentados por especialistas de diversas partes do mundo, com o objetivo de discutir as linhas de pesquisa e os avanços feitos na área.

 

“Essa não é uma questão que interessa apenas para a comunidade científica e para o produtor rural. Envolve uma questão socioambiental, pois precisamos produzir mais na mesma área para que seja possível nutrir uma população global que deve chegar a 9 bilhões em 2050. Mais produtividade no campo significa grãos e fibras por um preço mais baixo, ou seja, mais alimento. E precisamos pensar em soluções adequadas para a realidade nacional”, afirma Eugenio Ulian, gerente de Relações Científicas da Monsanto.

 

No primeiro dia do encontro, foram apontados os principais aspectos que devem ser levados em conta para o desenvolvimento de plantas tolerantes, e formas de identificar o potencial e a limitação dos estudos. “A resistência a seca é uma das características mais difíceis para se trabalhar. Precisamos usar várias disciplinas para resolver o problema e devemos ser parceiros no desenvolvimento de soluções” concluiu Flavio Breseghello, chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Arroz e Feijão.

 

Este é o terceiro evento do tipo apoiado pelo Fundo de Pesquisa Embrapa-Monsanto, que repassou, de 2006 a 2009, aproximadamente R$ 20 milhões para projetos em biotecnologia de diversas unidades da Embrapa. Os valores são oriundos do compartilhamento dos direitos de propriedade intelectual, a título de royalties, sobre a comercialização de variedades de soja da Embrapa com a tecnologia Roundup Ready®.

 

Perto da primeira semente

O estresse hídrico ocorre quando a quantidade de umidade no solo não satisfaz às necessidades da lavoura e pode ser causado tanto pelo fato da planta estar em uma região com pouca precipitação, como é o caso da África e do Nordeste Brasileiro, ou plantada em uma área que passa por um período de estiagem, como ocorre em alguns estados norte-americanos.

 

As pesquisas da Monsanto para o desenvolvimento de sementes tolerantes à seca estão bastante avançadas. A tecnologia deve permitir que as lavouras tenham mais estabilidade de rendimento durante períodos de estiagem. A empresa deve lançar no mercado norte-americano em 2012 a primeira geração de híbridos com essas características. “Além de sua importância para áreas que sofrem com estresse hídrico, esta tecnologia também vai reduzir o uso de água em áreas irrigadas”, afirma Robb Fraley, líder global de Tecnologia da Monsanto. “A planta deve produzir 10% a mais que a sem o gene que confere a tolerância.”

 

Após o lançamento comercial dos híbridos nos Estados Unidos, a companhia estuda iniciar as pesquisas com a tecnologia no Brasil. Como tolerância à seca é uma característica complexa, os testes serão fundamentais para definir a qual região e, portanto, contra qual tipo de estresse as sementes são indicadas.

 

No Brasil, os melhoristas da empresa trabalham constantemente para trazer ao mercado híbridos de milho que tenham melhor desempenho em uma situação de estresse hídrico. O melhoramento genético convencional é responsável por assegurar os bons índices de produtividade alcançados pelas lavouras do país na Safrinha, período naturalmente marcado por uma fase de estiagem.

 

Parceria inovadora na África

Além disso, há dois anos, a Monsanto é parceira do Programa Milho Eficiente para a África (WEMA, na sigla em inglês). A iniciativa público-privada envolve os governos do Quênia, Uganda, Tanzânia e África do Sul, além das fundações Bill & Melinda Gates e Howard G. Buffett, da Fundação Africana de Tecnologia Agricultural (AATF) e do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT).

 

O programa pretende levar as vantagens da biotecnologia especialmente aos pequenos produtores dos países envolvidos, contribuindo assim para o desenvolvimento social e o combate à pobreza. Um dos compromissos da Monsanto no WEMA é dispor sua tecnologia sem a cobrança de royalties. Além disso, a companhia vai contribuir com bancos de germoplasma de suas várias unidades; doação de genes de tolerância à seca, já testados e identificados em outros estudos científicos; aplicação de DNAs marcadores na condução das pesquisas, que posteriormente se tornarão de domínio público por meio do CIMMYT; e expertise no desenvolvimento biotecnológico.

 

Fonte: CDI Comunicação Corporativa

(11) 3817-7914

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