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Texto publicado na revista Science traz um balanço sobre a pesquisa científica, treinamento e políticas de conservação da biodiversidade no Estado de São Paulo.
A proteção de espécies, habitats e ecossistemas, bem como a restauração de ecossistemas degradados, tem sido uma prioridade para muitos países. Em um fórum científico sobre o tema, pesquisadores do Programa Biota-Fapesp, entre eles o atual coordenador, Carlos A. Joly, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o ex-coordenador, professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, do departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), abordaram a importância de muitas ações do Programa terem se transformado em políticas públicas.
Os dados sobre o Biota-Fapesp, que completou 10 anos em 2009, foram publicados em artigo da revista Science, de 11 de junho. Trata-se de uma das mais importantes publicações na área científica, o que reforça a validade das ações dos pesquisadores que atuam no programa. O texto, com título “Biodiversity Conservation Research, Training, and Policy in São Paulo”, destaca os vários fatores que contribuíram para o sucesso do programa: uma rede consolidada de instituições de pesquisa, programas de pós-graduação e pesquisadores da biodiversidade no estado de São Paulo; pressão dos mercados de commodities para a certificação; crescente conscientização social sobre conservação da biodiversidade e procura por uma boa política científica; a grande rede de 64 parques estaduais e reservas; a vontade política demonstrada pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo no apoio ao programa. “A estabilidade política e economia no Brasil também foram fatores importantes que permitiram a FAPESP honrar um compromisso de financiamento de longo prazo, fornecendo um orçamento médio anual de 2,5 milhões de dólares”, lembram os autores.
Os pesquisadores revelam que esta experiência vem se mostrando um exemplo para outras regiões. Mapas sinalizando as áreas prioritárias para a restauração da biodiversidade foram produzidos para toda a área originalmente coberta pela Mata Atlântica em 17 estados brasileiros. Outros estados brasileiros já começaram programas baseados nas orientações do Biota-Fapesp. O Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq) está planejando uma iniciativa semelhante e, igualmente, o U. S. National Science Foundation lançou recentemente, o programa Dimensões da Biodiversidade.
Durante os 10 anos de atividade, o programa apoiou 94 projetos de pesquisa importantes, descreveu mais de 1.800 novas espécies, arquivou informação sobre mais de 12 mil outras espécies e publicou dados on-line sobre 35 grandes coleções biológicas. Além disso, o Biota-Fapesp lançou um periódico eletrônico de acesso gratuito e com revisão paritária e muitas das recomendações do programa conseguiram ser revertidas em políticas públicas no Brasil.
O professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, que coordenou o programa entre agosto de 2004 e 2009, lembra que o agrozoneamento da cana-de-açúcar no Estado é fruto das orientações do Programa “Uma das implementações marcantes das recomendações Biota-Fapesp é uma resolução conjunta das secretarias estaduais do meio ambiente e da agricultura para estabelecer uma lei de zoneamento agro-ecológico que proíbe a expansão da cana-de-açúcar para áreas que são prioritárias para a conservação da biodiversidade”, destaca. Outro ponto positivo destacado é o rígido padrão de revisão a que é submetido o Biota-Fapesp. “O programa é avaliado por uma comissão internacional a cada 2 anos, o que reforça sua validação perante a comunidade científica”, lembra Luciano Martins Verdade, professor do LCB, membro da coordenação do Programa Biota e um dos co-autores do texto publicado na Science.
Caio Rodrigo Albuquerque
Esalq
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