Pesquisador do IAC lança livro Pedologia Fácil: Aplicações

22.08.2011 | 20:59 (UTC -3)
Carla Gomes

O bom resultado no campo começa no estudo das características do solo e sua adequação à cultura que será plantada. Conhecer o universo da constituição dos solos e do ambiente de produção das plantas que se pretende cultivar é o primeiro passo que leva à colheita farta.

Esse assunto está no livro Pedologia Fácil: Aplicações, de Hélio do Prado, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. A terceira edição da publicação traz duas novidades: tabela com informações específicas sobre canavicultura para a região do Nordeste, incluindo produtividade em tonelada/hectare de acordo com cada tipo de solo e a disponibilidade hídrica, além da região Centro-Sul. Outra novidade é a apresentação de exemplos de cálculos dos valores da terra nua pelo método comparativo. A obra destaca o valor da terra nua, informações que possibilitam ao leitor considerar os critérios de capacidade de uso do solo, que é básico para saber o valor da terra, incluindo também a qualidade das estradas de acesso à propriedade.

O livro traz mapas de declive, que revelam se a terra é plana ou declivosa, relacionando-os aos tipos de solos. Esse conjunto de informações conduza à conclusão sobre a capacidade de uso da fazenda e gera uma nota agronômica. A capacidade de uso das terras varia de I a VIII, em que “I” representa a terra rica em local muito plano,”V” constitui área de brejo e “VIII” é restrito à fauna e flora devido a severas limitações. “A limitação de uso aumenta de I para VIII”, diz o pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

O conhecimento do solo é decisivo para alicerçar as decisões de manejo e, consequentemente, economizar nas aplicações de fertilizantes e corretivos do solo, o que implica também em poupar mão de obra e impacto ambiental. A adequada gestão de informações desde a fase inicial do plantio está diretamente ligada à produtividade agrícola. Segundo o autor, o objetivo da obra é contribuir para a prévia aplicação dos conhecimentos pedológicos para realizar o manejo sustentável dos solos, de forma a minimizar a poluição, erosão e prejuízos para a fauna e a flora.

Em 180 páginas ilustradas com fotos, tabelas e gráficos coloridos, a publicação apresenta as características dos solos do Brasil em relação à classificação, potencialidades e limitações de manejo. “Solo com umidade a um metro de profundidade é bom para cana, mas para citros é fator de doenças fúngicas”, exemplifica Prado sobre as diferenças de resultados em cada tipo de solo, dependendo da planta. “O livro traz informações que podem ser usadas para as diversas plantas, viabilizando ao especialista avaliar o perfil e as necessidades”, diz o pesquisador. Ele destaca ainda que os estudos também derrubam o tabu de que todos solos vermelhos são melhores que os amarelos. “Há solo amarelo melhor que vermelho nos aspectos químico e disponibilidade hídrica”, diz Prado ao ressaltar que avaliar o solo apenas pela aparência não garante eficácia e bom resultado.

O livro traz informações sobre os 13 tipos de solos existentes no Brasil. “O estudo exigiu o contato de campo em todos os locais, coletamos amostras geograficamente desde Maringá a Pernambuco, além do México”, diz. Segundo Prado, o termo chave da publicação é ambiente de produção — as interações de solo e clima. “Solos com problemas químicos, mas com água disponível favorável produzem mais que solos ricos ressecados”, explica.

A obra tem foco no estudo de solos relacionado à cana-de-açúcar, mas traz também informações sobre milho, soja e eucalipto. O estudo mostra, no caso do eucalipto, que até certo ponto, quanto mais argila no solo, maior a produção de madeira. Para o milho, em solos originalmente não muito férteis, mas corrigidos, a planta tem suas raízes ampliadas a um metro de profundidade, tornando-a mais vigorosa e capaz de suportar os períodos de seca.

Prado, juntamente com Marcos Guimarães de Andrade Landell, é coordenador do Ambicana, do Programa Cana do IAC, que tem estudos direcionados às interações entre o ambiente, a planta e as diversas variedades IAC. “O projeto Ambicana recomenda amostrar um ponto a cada 10-40 hectares, conforme a região, para dar segurança no mapeamento de solos”, afirma.

Ao retratar as características dos solos brasileiros, o livro constitui ferramenta para a atuação de agrônomos, técnicos e estudantes de agronomia e ciências agrárias. Solos considerados ricos têm muito cálcio e pouco alumínio. O inverso ocorre nos solos pobres. Nestes, o alumínio bloqueia a divisão celular, impedindo que a raiz se expanda em profundidade, ao contrário do cálcio que estimula a divisão celular radicular, segundo o pesquisador.

Por quanto tempo o retrato dos solos se mantém?

“É quase eterno”, afirma o pesquisador e autor, Hélio do Prado. Isso porque a amostra do solo é coletada a um metro de profundidade – região em que no manejo é praticamente impossível ocorrer alterações químicas ao longo dos anos. Portanto, se o solo é classificado como rico nessa profundidade, essa condição será mantida, mas se for considerado pobre, essa situação dificilmente será alterada, a não ser com muito investimento. “Como regra, tem que corrigir as condições químicas da camada arável e alocar plantas menos exigentes”, afirma.

Por isso, é tão importante conhecer previamente as características dos solos. Esse conhecimento pode evitar que sejam instaladas culturas ou variedades inadequadas ao perfil regional. Tendo o perfil dos solos, é possível aproveitar as características locais sem a necessidade de grandes investimentos, a partir da adoção de materiais compatíveis com a classificação pedoclimática. “A soja, por exemplo, se plantada em solo muito rico, cresce muito e tem acamamento (deita)”, alerta.

A cana-de-açúcar deve ser colhida no início de safra nos solos ressecados, como os Latossolos, no meio e final de safra nos solos mais úmidos, como as antigas “Terras Roxas Estruturadas”.

O assunto é tema também do site

, que tem como objetivo compartilhar de forma simples os conhecimentos pedológicos para estudantes e profissionais de ciências agrárias, ecológicas, biológicas, geológicas e geomorfológicas.

Pedologia Fácil: Aplicações, 3ª edição revista e ampliada

Hélio do Prado, Pesquisador Científico do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, especialista em Pedologia para Ambientes de Produção de Cana- de- Açúcar.

R$ 60,00, mais despesas de postagem.

o interessado deve enviar para o e-mail

informações com nome, endereço completo, telefone ou email de contato e núermos de exemplares a ser adquirido.

Divulgação

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