Perspectivas da agricultura de baixo carbono são discutidos em seminários pelo país

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA vai promover em agosto uma série de workshops abordando questões vitais da agropecuária de baixo carbono. O primeiro, “Ciência e Tecnologia”, que compõe a série “O Caminho para uma Agropecuária de Baixo Carbono”, foi realizado na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), em 11 de agosto de 2011.

Foram discutidos temas como a questão climática, o agronegócio brasileiro e perspectivas da agricultura de baixo carbono. Dentro desse tema, Magda Lima, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, apresentou com detalhes como são feitas as estimativas brasileiras para o Inventário de Emissão de Gases de Efeito Estufa como parte da Comunicação Nacional junto à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Conforme a pesquisadora, as principais fontes de metano no setor agropecuário estão associadas ao cultivo de arroz irrigado por inundação, à queima de resíduos agrícolas e principalmente à pecuária, por meio da fermentação entérica e sistemas de manejo de dejetos animais.

Magda salienta a importância da geração de bases de dados coerentes entre si no país sobre sistemas de produção agropecuária, para que os inventários nacionais tenham boa precisão. Fontes de dados oficiais como os produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divergem muitas vezes entre si. Como exemplo, cita os números de populações de gado gerados pela Produção da Pecuária Municipal (PAM) deste instituto para o ano de 2006, e os gerados pelo Censo Agropecuário de 2006, os quais divergem em 30 milhões de cabeças de gado bovino. Segundo dados da PPM, o rebanho bovino brasileiro foi estimado em torno de 205,9 milhões de cabeças, ao passo que o Censo Agropecuário de 2006 estimou em 171,6 milhões de cabeças, o qual parece ser um valor mais apropriado para o rebanho total brasileiro.

Magda Lima coordenou de 2003 a 2007 o Projeto em Rede AGROGASES, com estudos sobre a dinâmica de carbono e emissão de gases de efeito estufa provenientes de sistemas de produção agropecuária, florestal e agroflorestal no país. Os resultados principais deste projeto estarão disponíveis em um livro em fase de publicação.

Programa Agropecuária de Baixo Carbono - ABC

Com o slogan “Plante sustentabilidade, colha resultados”, filmes para a televisão e peças para revista e internet destacam a preocupação do governo com a redução da emissão de carbono na agricultura.

O objetivo da campanha é conscientizar produtores rurais sobre a importância da implementação do Programa ABC do Governo Federal, inaugurado em 2010. Também procura estimular a adesão ao programa, que oferece condições favorecidas de crédito para quem adotar as técnicas agronômicas sustentáveis preconizadas.

O Programa ABC incentiva a adoção de boas práticas agrícolas e a integração de sistemas produtivos que permitam a redução dos gases de efeito estufa e ajudem a preservar os recursos naturais.

O programa busca difundir uma nova agricultura mais sustentável mediante seis ações a serem adotadas pelos agricultores: plantio direto na palha, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), fixação biológica de nitrogênio, plantio de florestas, recuperação de pastos degradados e tratamento de resíduos animais.

Dentro do ABC, estão garantidos recursos a agricultores e cooperativas, com limite de financiamento de R$ 1 milhão por beneficiário. No total, os projetos de investimento voltados a atividades agropecuárias que permitem a mitigação da emissão de GEE terão R$ 3,15 bilhões. O crédito será financiado com taxa de juros de 5,5% ao ano, mais baixa que o fixado para a maioria das linhas de crédito para agricultura (6,75%). O prazo para pagamento é de 15 anos .