Percevejo barriga-verde ameaça produtividade do milho safrinha

Os danos são mais intensos em condições de estiagem

11.01.2025 | 05:55 (UTC -3)
Revista Cultivar

O cultivo de milho em grandes áreas, especialmente na segunda safra, enfrenta desafios crescentes com o aumento da incidência de pragas. O percevejo barriga-verde (Diceraeus melacanthus) destaca-se como um dos principais problemas entomológicos, causando danos significativos, especialmente nas fases iniciais de desenvolvimento das plantas. Na última safra, produtores de diversos estados relataram significativas perdas em razão de ataques desse inseto.

Características e impacto

Descrito pela primeira vez em cultivos de milho no Brasil em 1993, em Rio Brilhante (MS), o percevejo barriga-verde tem se espalhado para diversas regiões produtoras.

Com um ciclo de desenvolvimento de cerca de 29 dias, essa praga pode completar até quatro gerações durante o período de cultivo. O inseto utiliza suas estruturas bucais para sugar os tecidos das plantas, causando deformações nas folhas, redução no porte das plantas e, em casos mais severos, morte.

Os danos são mais intensos em condições de estiagem, quando as plantas têm menor capacidade de recuperação.

Plantas daninhas e manejo integrado

O percevejo barriga-verde apresenta uma estreita relação com plantas daninhas, como capim-amargoso (Digitaria insularis), trapoeraba (Commelina benghalensis) e capim-mombaça (Panicum maximum). Essas plantas oferecem abrigo e alimentação, facilitando o desenvolvimento do ciclo de vida do inseto.

Estudos realizados em Mato Grosso do Sul indicaram maior presença do percevejo em áreas com plantas daninhas verdes, evidenciando a importância do controle dessas espécies no manejo da praga.

Entre as estratégias de manejo, o monitoramento é essencial. Recomenda-se a observação atenta da população de percevejos antes e após a implantação da cultura.

A pulverização de inseticidas no final do ciclo da soja, especialmente durante a dessecação para colheita, tem se mostrado eficaz na redução de populações iniciais. No entanto, é fundamental utilizar produtos com períodos de carência adequados.

Foto: Ivan Cruz
Foto: Ivan Cruz

Tratamento de sementes e estratégias complementares

O tratamento de sementes de milho com inseticidas do grupo dos neonicotinóides é uma medida preventiva importante, especialmente em áreas com baixa infestação de percevejos.

Em cenários de alta infestação, essa abordagem pode não ser suficiente, sendo necessária a adoção de estratégias complementares, como o “Plante e Aplique” (PA). Essa técnica consiste na aplicação de inseticidas imediatamente após a semeadura do milho, aproveitando o deslocamento dos percevejos causado pela movimentação do solo.

Pulverizações durante os estágios iniciais de desenvolvimento, entre V1 (uma folha aberta) e V5 (cinco folhas abertas), também são recomendadas. A proteção das plântulas nesses estágios é crucial para minimizar perdas na produtividade.

Estudos apontam a eficácia do controle biológico natural do percevejo barriga-verde por parasitoides de ovos, como Telenomus podisi, e de adultos, como Hexacladia smithii.

Os pesticidas registrados para o controle de Diceraeus melacanthus podem ser vistos aqui.

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