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A adoção de diferentes status fitossanitários associados à distribuição não homogênea do cancro cítrico pelo Brasil marca a implantação da legislação federal que regulamenta o controle da doença no país, vigente desde 2017, que permite que cada estado ou mesmo município adote diferentes estratégias buscando prevenir a introdução ou minimizar os seus impactos nos pomares.
O status de uma área é determinado com base em levantamentos anuais coordenados pelas secretarias estaduais de Agricultura. Os resultados são encaminhados ao Ministério da Agricultura para aprovação e oficializados por meio de resoluções.
O fato do cancro cítrico poder ser controlado sem a necessidade de erradicação das árvores em áreas sob sistema de mitigação de risco (SMR), pois não são esperadas perdas graves se o manejo for adotado corretamente, colabora para o desenvolvimento e o compartilhamento constante de recomendações. “Neste novo cenário, as informações sobre as medidas de controle do cancro cítrico são amplamente divulgadas e discutidas, permitindo que os citricultores se beneficiem dos resultados das pesquisas de forma rápida e eficaz para evitar ou minimizar perdas pela doença”, explica o pesquisador do Fundecitrus Franklin Behlau.
No Brasil, a maior parte dos estados adota um único status. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso estão sob SMR. Tocantins, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Amazonas e Rondônia se encontram sob o status de área sem ocorrência da doença. Ceará e Roraima são áreas sob erradicação. Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Alagoas têm status desconhecido. Alguns estados possuem mais de um status.
Em Minas Gerais, a predominância é de áreas sem ocorrência, no entanto, os municípios de Carneirinho, Frutal e Planura são áreas sob SMR. No Pará, a maior parte do território está com status desconhecido, porém, existem duas áreas dentro do estado reconhecidas como livres da doença, que compreendem os municípios de Alenquer, Belterra, Mojuí dos Campos, Monte Alegre, Prainha, Santarém, Ourém, Irituia, Garrafão do Norte, Capitão Poço e Nova Esperança do Pará. Goiás possui status predominante de área sem ocorrência, contudo, recentemente, a doença foi detectada em Jataí Itajá e Lagoa Santa, que estão sob status de área sob erradicação. Por fim, no Paraná, onde prevalece o SMR, as mesorregiões de Curitiba e Paranaguá permanecem com status desconhecido.
O cancro cítrico está presente em 17,26% das árvores do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, o que corresponde a 34 milhões de plantas, índice 15% superior ao registrado em 2019, de 15,01%. Os dados são do levantamento 2020 do Fundecitrus. Analisando os setores, o Noroeste se destaca com a maior incidência, de 57,57% das árvores com cancro cítrico, enquanto os setores Norte e Centro possuem incidências intermediárias, 23,40% e 18,85%, respectivamente.
Considerando a idade dos pomares, a maior incidência, de 21,10%, é visualizada em árvores entre 3 a 5 anos. Em relação ao tamanho das propriedades, as menores, com até 10 mil árvores, são as mais afetadas, em 30,32% (veja todos os dados no relatório disponível aqui.
O aumento de árvores com cancro cítrico era esperado após o estado de São Paulo adotar, em 2017, o status fitossanitário de área sob sistema de mitigação de risco (SMR), que permite a manutenção de plantas sintomáticas nos pomares. Com a mudança da legislação, as pesquisas de campo do Fundecitrus sobre cancro cítrico passaram a ser conduzidas no estado de São Paulo, onde estão sendo implementados novos ajustes ao manejo, visando principalmente à sustentabilidade da atividade. “Hoje, é possível manejar a doença usando menor quantidade de cobre e água nas aplicações, que devem ser realizadas durante período definido para maior eficiência na proteção dos frutos. Além disso, o uso de medidas complementares, como o quebra-vento, tem maior benefício em condições específicas, que dependem de características do pomar e destino da produção”, destaca Behlau.
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