Países iberoamericanos investem em biorrefinarias

08.06.2011 | 20:59 (UTC -3)
Daniela Garcia Collares

No Seminário internacional “Resíduos para biocombustíveis e biorrefinarias”, organizado pela Sociedade Ibero-Americana de Desenvolvimento das Biorrefinarias – SIADEB, foram abordados diversos temas relacionados a este tipo de instalação industrial, passando por matérias-prima, processos de conversão, aproveitamento de resíduos, coprodutos e impactos ambientais e marcos regulatórios.

Presentes representantes de cerca de dez países das Américas, além de Portugal e Suíça, no evento, que aconteceu de 30.05 a 02.06, em Santiago de Cali, na Colômbia, estiveram em pauta os principais desafios para o estabelecimento das biorrefinarias, além da discussão sobre os biocombustíveis e alimentos.

A biorrefinaria é um tema que se tem destacado devido à necessidade de produtos e processos renováveis e sustentáveis em nível mundial, de forma a minimizar os impactos ao meio ambiente das cadeias produtivas agrícolas e agroindustriais relacionadas aos biocombustíveis e aos bioprodutos.

“Cabe destacar que, mais uma vez, o Brasil foi citado como um exemplo de matriz energética renovável e como modelo de mercado agroenergético, além de figurar como uma das principais potencas econômicas mundiais”, salientou o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Sílvio Vaz, que estava presente no Seminário.

No Brasil, o conceito de biorrefinaria já vem sendo trabalhado por algumas usinas de cana-de-açúcar e indústrias químicas. “As usinas são exemplo de aproveitamento integral da matéria-prima, com geração de vários produtos, como açúcar, etanol, leveduras para uso alimentar, torta de filtro para uso como biofertilizante e geração de bioeletricidade. Porém, destacou Vaz, espera-se que durante os próximos anos novos produtos e aplicações sejam desenvolvidos a partir da utilização otimizada da biomassa. “Quando houver a produção de etanol a partir do bagaço da cana-de-açúcar, por exemplo, a lignina que sobra do processo pode ser utilizada para combustão ou como matéria-prima para produtos químicos e farmacêuticos, polímeros, antioxidantes, cosméticos e diversas outras aplicações”, arremata o pesquisador.

Na Embrapa Agroenergia, no Laboratório de Aproveitamento de Coprodutos e Resíduos, já está implantada linha de pesquisa relacionada ao aproveitamento da lignina em biorrefinarias para a obtenção de antioxidantes e resinas poliméricas de largo uso industrial, coordenada pelo pesquisador.

O pesquisador Sílvio Vaz é o atual coordenador de articulação estratégica da SIADEB que tem por objetivo buscar o estabelecimento de cooperações com outras associações e sociedades de relevância científica e econômica em nível mundial. Como representante brasileiro, a coordenação é importante, pois destaca a capacidade da Embrapa em conduzir ações de políticas estratégicas. A Sociedade promove encontro a cada seis meses com seus membros fundadores e associados para discutir o estado da arte e propor ações que viabilizem e estimulem ampliação das biorrefinarias.

Na Colômbia, como em Lisboa na primeira reunião em 2010, é realizada a reunião da SIADEB acompanhada de um Seminário técnico-científico a cada seis meses. O terceiro encontro da SIADEB será realizado em Valparaiso, no Chile, em novembro. Nesta ocasião, os trabalhos coordenados pelo pesquisador em andamento na Embrapa Agroenergia serão apresentados.

Silvio Vaz/Embrapa Agroenergia

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