O que fazer com a casca do coco verde?

22.07.2010 | 20:59 (UTC -3)

Em todo país são 2 bilhões de cocos por ano.destino da casca, que representa 80% do peso total da fruta, quase sempre é o lixo. Porém, a casca do coco leva de oito a dez anos para se decompor e o Brasil consome cerca de 500 milhões de litros de água de coco por ano. O que fazer com estas cascas que sobram?

Saudável, gostoso e ainda por cima barato. Pra muita gente tomar água de coco é um hábito. A bebida combina com praia, mas também, tem espaço garantido nas grandes cidades. “O coco combina com qualquer ocasião. Em dia quente assim, ensolarado, você consegue vender em média 120, 130 cocos”, afirma um feirante.

Pra dá conta de tanto consumo, haja produção! Em todo país são 2 bilhões de cocos por ano. As maiores plantações dessa fruta, que surgiu na Ásia, estão no Nordeste. Os números que envolvem o mercado do coco verde impressionam. Só no Parque do Ibirapuera, em São Paulo-SP, são consumidos 2.500 cocos por dia. O que quase ninguém para pra pensar é que essa fruta tão brasileira também pode ser um problema para o meio ambiente. Isso acontece porque via de regra o brasileiro só aproveita a água do coco. O destino da casca, que representa 80% do peso total da fruta, quase sempre é o lixo. Porém, a casca do coco leva de oito a dez anos para se decompor e o Brasil consome cerca de 500 milhões de litros de água de coco por ano.

O professor de gestão ambiental, Perseu Santos, ao se referir ao problema das cascas de coco verde nos lixões, afirma que “nós estamos começando com esse problema, porque o Brasil continua crescendo mais ou menos uns 20% nessa produção de coco”. Segundo ele, essa situação tende a se agravar cada vez mais.

Mais existem soluções para esse problema. Algumas já até foram colocadas em prática. Em 2005, a Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE) pôs em funcionamento o primeiro modelo de uma máquina para auxiliar no beneficiamento deste resíduo. A engrenagem funciona como uma espécie de triturador. Depois de cortado, o coco é prensado para retirar toda água armazenada na casca. No fim do processo, o que sai da máquina é o pó e a fibra da casca.

Hoje existem pelo menos 15 unidades de processamento instaladas em todo país. Uma dela, que fica na Zona Leste de São Paulo, pode colocar no mercado cerca de 15 toneladas de fibras por mês. Uma matéria-prima cada vez mais útil e, claro, valiosa.

A empresária Fátine Chamon é nova no negócio. Começou neste ano, mas, já consegue processar quase 70 mil cocos por mês. No caso dela, o desafio de fazer diferente é ainda maior, já que esta é a única unidade que funciona dentro da cidade. Ela afirma que “no Nordeste, a fibra do coco é secada no sol, ao ar livre, e aqui não podemos nos dar o luxo disso”, o que é uma dificuldade para as empresas localizadas nesta região. Além disso, conforme a empresária, existe o líquido da casca do coco verde que não pode ser descartado no esgoto, porque ele tem muitas propriedades, em tanino, potássio, sódio, entre outros. “As pessoas estão procurando alternativas para o uso do coco. Esse apelo ecológico no nosso produto tem uma importância muito grande”.

A lista do que pode ser feito com a fibra do coco é cada dia maior. Xaxins, estofados, vasos, entre outro. Os pesquisadores não param de inventar. A mais nova promessa é inserir a fibra na produção de plástico. Genésio Vasconcelos, analista da Embrapa Agroindústria Tropical, afirma que “esse plástico ele tem mais maleabilidade e fica com uma resistência mecânica maior, frente ao plástico normal”. Ele ainda acrescenta que “com o acréscimo de fibras naturais ao produto, ele acelera o processo de biodegradação do plástico normal, dando um fim mais nobre à fibra que antes fazia parte da casca do coco, que era um lixo”.

Impedir que a casca do coco vá parar no lixo, significa criar condições para que produção e consumo continuem crescendo sem sobrecarregar a natureza. E o melhor, neste caso, fazer o que é certo para o meio ambiente, é também um ótimo negócio. “Eu me emociono. Você coloca um coco que poderia estar descartado num aterro e ele se transforma, imediatamente, em fibra e pó. Fico pensando assim: Estamos fazendo a nossa parte pela cidade”, afirma a empresária Fátine Chamon.

Veja o vídeo da matéria na íntegra no site:

Canal Momento Ambiental

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