Cenário de mercado de milho permanece favorável ao produtor
Mesmo com maior safra, alta demanda deve garantir preços rentáveis ao produtor de milho
Participantes da Competição de Cultivares de Soja da Agrobrasília 2023, as variedades BRS 7981IPRO, BRS 7482RR e BRS 7080IPRO foram apresentadas pela Embrapa Cerrados em Dia de Campo realizado no PAD-DF, no Distrito Federal, no último dia 17. Promovido pela Cooperativa da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), o evento reuniu cerca de 530 produtores, técnicos e estudantes, que conheceram 68 cultivares de 16 empresas plantadas em uma área de 15 ha, além de produtos como insumos biológicos, fertilizantes foliares e adubos.
“A competição de cultivares da Agrobrasília é uma oportunidade de levarmos o trabalho da Embrapa em genética de soja para a visão dos agricultores da região, que vêm conhecer os nossos materiais pela primeira vez e compará-los a outras variedades disponíveis no mercado. Aqui estão os melhores obtentores de soja do Brasil e que atendem ao Bioma Cerrado”, disse Sebastião Pedro, chefe geral da Embrapa Cerrados, unidade de pesquisa responsável pelo desenvolvimento do programa de melhoramento genético de soja da Embrapa para o Centro-Norte do País. “É também uma oportunidade, em condições iguais às de outros obtentores, de medir o potencial produtivo das nossas variedades, apresentar as características benéficas de adaptação, de estabilidade, de resistência a fatores bióticos como pragas e doenças, e abióticos, como o estresse hídrico ou o excesso de chuva”, completou.
Sebastião Pedro lembrou que o Brasil expandiu a área de cultivo de soja em 2023, e a expectativa é de safra recorde, apesar da seca no Rio Grande do Sul. Ele estima que a região central do Brasil deverá ter uma safra recorde de soja não apenas em volume, mas também em produtividade. “Mas o desafio não é só produzir muito, mas produzir muito com sustentabilidade”, afirmou, destacando que as três cultivares apresentadas pela Embrapa Cerrados foram desenvolvidas para garantir produtividade e sustentabilidade ao negócio dos produtores.
Para o presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, a competição de cultivares, que já está na 13ª edição, já se tornou tradicional na região, e representa uma vitrine dos mais novos materiais disponíveis no mercado. “Os produtores utilizam o Dia de Campo como referência do que vão plantar no próximo ano. Eles podem comparar um material com o outro, entender o ciclo dos materiais e obter informações sobre as características e resistências. Assim, o evento tem um resultado prático importante para o produtor”, disse.
Os diferenciais das três cultivares da Embrapa foram apresentados por André Ferreira, pesquisador da Embrapa Cerrados e coordenador do programa de melhoramento genético de soja da Embrapa para o Centro-Norte do Brasil. As variedades foram desenvolvidas em parceria com a Fundação Cerrados e a Fundação Bahia.
Presente com Ferreira nas apresentações, o diretor técnico da Fundação Cerrados, Ilson Alves, explicou que a entidade é composta por diversas empresas sementeiras, algumas delas sediadas no DF e em municípios vizinhos, que ajudam a financiar as pesquisas: “São produtores de sementes de soja licenciados para produzir e comercializar as cultivares desenvolvidas no convênio com a Embrapa”.
Ferreira lembrou que os cruzamentos de plantas são realizados pela Embrapa a partir dos problemas apontados pelos produtores e considerando possíveis mudanças de cenário, vislumbrando o lançamento de cultivares em sete a 10 anos. “A parceria com as fundações e os produtores é uma via de mão dupla, e isso é fundamental. Estamos junto de vocês para planejar materiais que vão entregar produtividade e sustentabilidade ao produtor. É um melhoramento participativo”, ressaltou.
O pesquisador lembrou que a história da soja na região passa pela história da Embrapa e a tropicalização da cultura no Brasil. “O ajuste das variedades para a região do Cerrado, que tem latitudes menores, foi feito por nós junto com outras instituições”, disse. No momento, o programa de melhoramento genético de soja da Empresa visa, além da produtividade, a diferenciais como a resistência a nematoides, pragas e doenças (inclusive as que ainda não foram identificadas no Brasil), bem como a tolerância ao déficit hídrico. Além de cultivares IPRO e RR, são desenvolvidas cultivares convencionais e com as tecnologias Xtend e Intacta2 Xtend.
Lançada em novembro de 2021, a cultivar BRS 7080IPRO é um material de ciclo superprecoce (cerca de 105 dias na região do DF), resistência ao nematoide de galhas Meloidogyne javanica, além de viabilizar a safrinha de milho no Brasil Central e o cultivo de algodão em sistemas irrigados no Oeste baiano. No DF e região, a população indicada é de 360 mil plantas/ha. “Nos experimentos em faixas, chegamos a alcançar mais de 100 sc/ha, então é um material que tem alto teto produtivo”, apontou.
Também lançada há pouco mais de um ano, a BRS 7482RR é uma variedade precoce, com resistência ao herbicida glifosato e que permite a safrinha de milho no DF e região. Apresenta resistência aos nematoides de cisto (Heterodera glycine) raças 1 e 3. “É um material que também vai entregar alta produtividade, já foi plantado nesta região e em áreas do Oeste baiano, onde o ciclo fecha em 100 dias, e de Mato Grosso, que permitem a segunda safra com algodão”. A população indicada é de 320 mil plantas/ha.
Já a BRS 7981IPRO foi desenvolvida sob condições de estresse hídrico, tendo sido selecionada no Oeste da Bahia. Apresenta ciclo médio (cerca de 120 a 125 dias no DF e região e em torno de 115 dias no Oeste baiano e em Mato Grosso). Apresenta elevado potencial produtivo e pode ser cultivada no Brasil Central, na região do MATOPIBA, no Tocantins e em Mato Grosso, estado onde é uma opção para o produtor que pretende plantar safrinha de milho.
Ferreira explicou que, apesar de não trazer resistência a nematoides como as outras duas cultivares, a BRS 7981IPRO apresenta boa sanidade foliar e tem como grande diferencial a rusticidade, com raízes que se aprofundam no solo. “É um material que suporta veranicos acima de 15 dias com certa tranquilidade, pois vai entregar boas produtividades. No Oeste baiano, em regiões de solos mais arenosos, alcançou 80 sc/ha em condição de sequeiro”, apontou.
A BRS 7981IPRO também pode ser utilizada em sistemas de integração com outras culturas, como o sistema soja-cana, tecnologia que em breve será lançada pela Embrapa. A cultivar deve ser lançada ainda este ano.
Os interessados em adquirir sementes dessas cultivares devem entrar em contato com as fundações parceiras da Embrapa: Fundação Cerrados: (61) 3387-4175; Fundação Bahia: (77) 99822-8593
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