Norte americanos visitam ESALQ

11.01.2010 | 21:59 (UTC -3)

Desde a primeira semana de janeiro, um grupo de 18 alunos da Ohio State University participa da 11ª edição do programa Alpha Zeta Partners.

Trata-se de um intercâmbio que a ESALQ mantém, desde 2000, com a universidade norte americana, com apoio da Seção de Atividades Internacionais (SCAInt). Coordenado pelo professor Ricardo Shirota, do departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES), os estudantes desenvolvem, por de cerca de seis semanas, uma série de atividades acadêmicas, sociais, culturais e turísticas. “A visita contempla a parte científica e tecnológica e proporciona aos alunos uma experiência cultural sobre a nossa sociedade. Temos um público um pouco diversificado, mas a maioria desses alunos vem da área de agricultura, ou seja, são estudantes de agronomia, zootecnia, veterinária, economia agrícola, educação rural, enfim, é um programa de liderança que abriga as várias frentes do agronegócio”, conta o professor Shirota.

Além de Ricardo Shirota, participam também do projeto os professores Fernando Curi Perez, Dalcio Caron, Pedro Carvalho de Mello, todos do LES. A equipe de Ohio está acompanhada pela professora Jill Pfister. A esses alunos, são oferecidas três disciplinas, totalizando 15 créditos e, além das aulas, são realizadas visitas técnicas à empresas, propriedades agrícolas, cooperativas e terminais portuários. Na área cultural, os norte americanos irão conhecer igrejas, museus e escolas de samba. “Este programa é inovador a partir do momento que começamos a fazer o oposto do que o Brasil tem feito desde a década de 1960 principalmente, que é mandar os nossos alunos, pesquisadores e professores, para estudarem fora do país. O prestígio de instituições como a ESALQ faz com que membros da comunidade acadêmica de outros países queiram vir ao Brasil para aprender também. Isso é um grande reconhecimento para a ESALQ e, em particular, e para a USP, de maneira geral”, reforça Shirota.

O caminho inverso desse intercâmbio, ou seja, a ida de um grupo de alunos da ESALQ para Ohio, é uma possibilidade considerada pelo coordenador do Programa, apesar de alguns obstáculos a serem vencidos. “Eu gostaria muito de concretizar a mão inversa dessa história, porque no mundo globalizado as relações tem se tornado cada vez mais próximas em todas as áreas, seja na política, na economia ou na esfera científica e tecnológica. Assim, é importante que nossos alunos tenham essa exposição internacional, que aliás é uma das prioridades da Universidade de São Paulo, ou seja, internacionalizar a instituição e, em termos, a ESALQ tem se mostrado pioneira diante desse propósito. A geração de recursos ainda representa uma limitação, uma vez que um programa como esse exige uma quantia considerável de dinheiro. Por enquanto, há que se considerar que nossos alunos já participam ativamente de programas de duplo diploma e estágio”, complementa Shirota. O grupo de Ohio permanece no Brasil até o dia 11 de fevereiro.

Texas – Desde 2005, o Brasil também é o destino de estudantes do College of Agriculture & Life Sciences, da Texas A&M University. Naquela universidade, a disciplina Estudos da Agricultura Brasileira tem como objetivo principal propiciar aos alunos a comparação entre as realidades agrícolas dos Estados Unidos e do Brasil a partir de uma série de visitas a centros de pesquisa, universidades e propriedades agrárias. “Em contrapartida, por aqui comparamos, entre outros aspectos, a qualidade da água, sistemas de produção, atividades sociais, equipamentos agrícolas, qualidade e fertilidade de solo, aspectos econômicos”, comenta Sam E. Feagley, professor do departamento de Solos da universidade texana que acompanha os alunos. Recebidos pelo engenheiro agrônomo formado pela ESALQ, Mauricio Silveira Pedreira, os estudantes do Texas chegaram ao Brasil logo no primeiro dia de 2010 e o tour pelo país começou por Manaus/AM, quando visitaram a sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Em seguida, o grupo seguiu para Brasília/DF, onde visitaram a Embrapa e tomaram conhecimento das pesquisas em desenvolvimento genético aplicadas à agricultura. Os alunos ainda visitaram o município de Catalão/GO, para conhecerem uma mineradora de fósforo e produtora de fertilizantes de mesma origem. Ainda em Catalão, visitaram uma empresa especializada na produção de máquinas de colheita de cana. A próxima parada foi o triângulo mineiro e, nas cidades de Uberlândia/MG e Uberaba/MG, conheceram uma indústria de beneficiamento de milho e sorgo, além de uma fazenda referência na produção de gado nelore.

Já no Estado de São Paulo, visitaram o Horto Florestal Edmundo Navarro de Andrade, em Rio Claro, onde conheceram o Museu do Eucalipto e, hoje pela manhã, conheceram a ESALQ. Na Escola, assistiram a uma apresentação da instituição e, posteriormente, visitaram o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Para Thiago Romanelli, professor do departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) que fez a apresentação da ESALQ aos texanos, os alunos se interessam bastante por particularidades do nosso agronegócio. “Eles querem saber sobre produção de cana-de-açúcar, etanol, suporte do governo à agricultura, a questão dos custos com mecanização. Além disso, querem saber sobre extensão universitária e então apresentamos nossos grupos de extensão e o modo como atuamos junto a sociedade”, lembra. Na parte da tarde, o grupo conheceu a sede da Fazenda Santa Gertudes, uma antiga propriedade cafeeira que mantem seu complexo arquitetônico preservado. “Os estudantes visitam ainda a Embrapa São Carlos, uma destilaria em Charqueada/SP e seguimos para o Estado do Paraná. Lá iremos conhecer mais a produção agrícola em sistema de cooperativa. Faremos também uma visita técnica à usina de Itaipu e encerramos a viagem no Estado do Rio de Janeiro, onde conhecerão o Jardim Botânico”, conta Pedreira.

Para o professor Sam E. Feagley, que está no País pela sexta vez, as impressões sobre o Brasil são as melhores. “Me impressiono bastante com o desenvolvimento brasileiro, percebo melhorias de infra-estrutura desde que estive aqui pela primeira vez em 2001. O que me chama atenção, além da simpatia do povo brasileiro, a capacidade técnica dos profissionais que nos recebem e o interesse que essas pessoas tem tanto na aquisição quanto na troca de conhecimento com o nosso grupo”, comenta Feagley.

Outro ponto a se destacar na fala do professor Feagley é que a seqüência de visitas técnicas proporciona uma visão mais real da nossa realidade. “É muito comum lermos, nos Estados Unidos, que o Brasil é um país que abusa dos seus recursos naturais. Dizem que os brasileiros destroem a floresta tropical, que não desenvolvem tecnologias de conservação de solo, que não conservam sua água e o que temos visto aqui é justamente o contrário. Vimos que se desenvolve agricultura no cerrado, que não destroem a Amazônia, que existe medidas de conservação de solo, ou seja, a diferença entre o que nos é mostrado e o que podemos vivenciar é muito grande”, conclui.

Caio Albuquerque

Esalq

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