National Starch importa amido de mandioca

24.03.2010 | 20:59 (UTC -3)

A National Starch, indústria associada à ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca) está trazendo da Tailândia boa parte da fécula / amido de mandioca necessária ao atendimento de seu clientes de amidos modificados.

O amido tailandês começou a chegar ao Brasil no final do mês passado. “Mesmo a Tailândia tendo preços relativamente elevados tornou-se mais interessante economicamente, trazer parte do que necessitamos de lá”, analisa o Diretor Industrial da empresa, Nelson Camargo Filho.

Ele explica que a National decidiu importar o amido de mandioca em função do quadro de preços da raiz no Brasil, sobretudo nas Regiões Sul e Sudeste – com concentração nos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, que são os balizadores do mercado. “A correlação de preços da fécula com a raiz é muito estreita. A fécula subiu porque a raiz subiu”, reflete Camargo Filho, explicando que o que ocorreu no final do ano passado e início deste foi que os estoques das indústrias ficaram muito aquém do necessário, devido à baixa oferta da raiz, provocada pelas chuvas intensas em regiões produtoras, que não favoreceram o arranquio da raiz para processamento e industrialização, e, também, em função da baixa produção do ano passado.

Num comparativo com os preços praticados no Brasil, Camargo Filho conclui que, mesmo incluindo todas as despesas envolvidas no processo de importação, o gasto pra se adquirir o amido tailandês (que está sendo entregue em sua unidade de Trombudo Central/SC) ainda está abaixo do custo do produto nacional. Ele salienta que o preço do amido brasileiro aumentou mais que 80% em relação ao ano passado.

Sem revelar o volume importado, Camargo Filho diz que é uma quantidade significativa para os consumos da National. Ele lembra que houve outras ocasiões em que a empresa trouxe volumes significativos de amido da Tailândia, nos anos 2003 e 2004, quando aconteceram aumentos importantes de preços no setor. O amido importado está sendo destinado, exclusivamente, à produção de amidos modificados de mandioca para o mercado alimentício.

O desabastecimento do setor, em função da redução da industrialização da mandioca no final do ano passado, gerou, na análise de Camargo Filho, intensa especulação por parte de integrantes da cadeia produtiva. Segundo ele, alguns setores consumidores de amido de mandioca, que precisavam do produto e não tinham opção de trazê-lo de fora, acabaram se sujeitando aos preços praticados no mercado brasileiro, pra não terem que parar suas atividades.

Conforme Camargo Filho, as indústrias de amido de mandioca não esperavam que houvesse condição tão adversa como a que aconteceu no mês de janeiro deste ano, que as impossibilitaram de voltar a operar nos níveis normais para a época. “Isso é extremamente maléfico para o mercado brasileiro. A mandioca é um produto que temos capacidade de produzir. Temos estrutura agrícola, terras apropriadas, e tivemos que importar amido, substituindo um produto que poderia ter sido fabricado no Brasil por um item estrangeiro. Estamos enviando pra fora um dinheiro que poderia ser aplicado no País, e gerado emprego e renda aqui. Todo o volume que compramos na Tailândia deixou de ser adquirido no mercado nacional, que é ponto de abastecimento prioritário. Desta vez, o produto brasileiro perdeu para o importado”, lamenta ele.

Para Camargo Filho, a conseqüência será a intensificação da perda de mercados para outros amidos, o que já está acontecendo. “Com esses níveis de preços, muitos consumidores de amido de mandioca vão procurar outras alternativas. Já estamos perdendo para o amido de milho, a farinha de arroz - principalmente no mercado cárneo e em outros segmentos importantes, como a farinha de trigo – que muito batalhamos pra conquistar”. Para ele, “se o amido de mandioca perde participação no mercado, todo o setor produtivo, desde a lavoura até o consumidor, perdem espaço”.

Ele considera que, neste momento, com a redução dos níveis de chuva, os preços já deram sinais de estabilidade em algumas regiões. No entanto, sua visão não se limita a este momento, mas a períodos futuros, principalmente em entressafras, quando se reduzem estoques do amido de mandioca. “Se esses estoques vão ter que ser gerenciados pela iniciativa privada, ou com ajuda do Governo, a partir da criação de estoques reguladores, este é um assunto que devemos levar para a Câmara Setorial da Mandioca, se não ficaremos numa posição muito frágil”, diz ele, salientando que o setor precisa se preparar agora pra evitar que novo ciclo de desabastecimento venha a ocorrer na próxima entressafra – entre os meses de novembro e dezembro.

Silvana Porto

Assessora de Imprensa ABAM

44 3422-6490 / 8217

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