Nanopartícula será usada para detecção da aftosa

18.09.2009 | 20:59 (UTC -3)

Pesquisa da USP São Carlos com financiamento do CNPq e do Ministério da Agricultura cria método mais acessível, tanto na utilização quanto no preço.

Uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Física da Universidade de São Paulo, campus São Carlos (IFSC), está criando um método mais prático e eficaz para detecção e monitoramento da febre aftosa. Com o nome de “Desenvolvimento de Biossensores de Altas Seletividade e Sensibilidade para Detecção e Diagnóstico da Febre Aftosa no Brasil e Possibilidade de Monitoramento do Processo de Vacinação”, ela é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O trabalho em equipe conta com o Professor Doutor Valtencir Zucolotto, do Grupo de Biofísica do IFSC, Sérgio Mascarenhas, Gustavo Frigieri, da USP São Carlos, e Bonald Figueiredo, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Zucolotto explica que o trabalho surgiu devido a necessidade de monitorar a vacinação do gado. “Atualmente, esse controle é feito apenas pela apresentação da nota fiscal. Existem também imunoensaios convencionais com o Elisa, de maior custo e necessidade de laboratórios especializados”, comenta.

Os dois métodos, no entanto, têm suas complicações. O controle pela nota fiscal apenas verifica que o produtor comprou a vacina. Já o leitor de Elisa é inviável a pequenos produtores devido ao preço e as necessidades. Além disso, ele não pode ser feito no campo, apenas em laboratório”, explica Zucolotto. “Já o novo método que está sendo proposto pode ser utilizado por qualquer pessoa com formação técnica, diretamente no campo. Um kit de detecção será bem mais barato”, acrescenta. Ele comenta que o valor do produto estará na casa das centenas de reais.

Segundo o pesquisador, o detector, que está em fase de patenteamento, utiliza conceitos de nanobiotecnologia. Ele afirma que o produto é composto por nanopartículas mais proteínas. “Ele detecta no animal a presença do anticorpo contra febre aftosa. Os resultados têm sido muito bons”. A expectativa é de que um piloto do equipamento já esteja disponível dentro de um ano.

Combate à febre aftosa

Dados do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (Pnefa), do Ministério da Agricultura, apontam que a meta é eliminar a febre aftosa do continente sul-americano esse ano. Para o Brasil, o ministro Reynold Stephanes, quer que a doença seja eliminada até 2010. A vacinação contra febre aftosa ocorre duas vezes por ano. A expectativa é que aproximadamente 400 milhões doses sejam dadas a um rebanho bovino composto por 150 milhões de cabeças de gado.

A carne bovina brasileira exportada, sobretudo, aos países da Europa tem procedência de três regiões no Brasil: o Sul, o Sudeste (menos Rio de Janeiro) e Centro-Oeste (exceto Distrito Federal). Desde 2005, o País não registra nenhum caso de febre aftosa. O último atingiu os estados do Mato Grosso do Sul e Paraná e causou um embargo ao produto. “A doença foge do controle, é um problema que existe sempre e é difícil a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] controlar”, observa Zucolotto.

Michel Lacombe

Portal RIPA

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