Mapeamento aponta tendências de inovação para o setor agro

Estudo apresenta 307 agtechs com soluções para o agronegócio nacional

26.04.2019 | 20:59 (UTC -3)
Supera Parque

Inovações para gestão de fazendas representam cerca de 20% dos negócios das startups brasileiras que têm como foco o agronegócio. É o que revela o mapeamento de AgTechs, elaborado pela Liga Insight em parceria com o Supera Parque de Inovação e Tecnologia, de Ribeirão Preto (SP), e Inovajab - Incubadora de Base Tecnológica da Universidade Estadual Paulista (UNESP), localizada em Jaboticabal, interior de São Paulo.

O mapeamento foi lançado em abril e aponta que, no país, o número de startups atuantes no setor chega a 307, agrupadas em 18 diferentes categorias. Deste total, além dos 20% destinados à gestão de fazendas, as startups que desenvolvem soluções em Biotecnologia, Hard Sciences e Bionergia representam 11%, seguidas pela categoria VANTs (veículos aéreos não tripulados), Drones e Geoprocessamento (10%) e E-commerce, Marketplace e Economia Compartilhada (10%).

Eduardo Cicconi, gerente do Supera Parque de Inovação e Tecnologia, explica que a agropecuária responde por, aproximadamente, 24% do PIB do Brasil e vem buscando soluções que contribuam para que o setor consiga atender à crescente demanda dos consumidores. “Estudos apontam que o crescimento populacional será de 33% até 2050, o que significa que a produção de alimentos terá que aumentar cerca de 70% para atender essa demanda. Esse é apenas um dos motivos para que sejam desenvolvidas soluções inovadoras que contribuam para minimizar os gargalos do setor”, diz.

Ele lembra que a região de Ribeirão Preto é muito forte no setor de agro, mas com poucas iniciativas de desenvolvimento tecnológico. “Por isso, entendemos que é nosso papel incentivá-lo. Percebemos que diversas tecnologias que são aplicadas a outros setores poderiam ser reaproveitadas no agronegócio”, ressalta. 

Para ele, a chegada de tecnologia é importante para modernizar o agronegócio, dando mais competitividade ao setor. “Existem muitas soluções sendo geradas no âmbito da academia que, quando transformadas em inovação, são capazes de reduzir custos operacionais para o empresário, movimentando toda uma cadeia produtiva”, diz. “Hoje, além de uma dificuldade de conexão com investidores, uma das principais dificuldades enfrentadas pelas startups é na conexão com as grandes empresas. Ainda vemos uma certa resistência de parte das corporações em expor quais são os problemas enfrentados por elas”, enfatiza. 

Para Cicconi, se as empresas conseguissem expor de forma clara e direta, seria possível realizar a conexão com alguma startup que poderia auxiliar na solução desse problema. “Essa relação pode trazer agilidade, profissionais qualificados e redução de custos para as empresas”.

Mapeamento

Sobre o mapeamento, Denise Arruda, pesquisadora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Supera Parque, explica que  primeiro objetivo foi o de entender o ecossistema de inovação no Brasil. “Se há um tema em que o Brasil pode ter um dos maiores campos do mundo para fomentar e desenvolver inovação é o setor agropecuário. Entretanto, as informações ainda estão bem dispersas”, diz.

Denise enfatiza que a ideia inicial foi o de responder algumas perguntas como: quais são as principais tendências do setor? O que as startups estão produzindo? Quais são os serviços que elas oferecem? “A resposta dessas perguntas permitirá articular e otimizar a interação entre os players do agronegócio nacional”, explica.

Para que o mapeamento fosse possível, o grupo de trabalho realizou pesquisas em estudos e relatórios já publicados, banco de dados e outras fontes, como agências de fomento, editais de premiação e portfólios de incubadoras. “Chegamos ao total de 750 startups. Entretanto, foram aplicados alguns filtros que verificaram, por exemplo, se as startups eram de base tecnológica ou se pertenciam apenas a cadeia de valor do agronegócio. Isso fez com que chegássemos ao número de 307 empresas inovadoras de base tecnológica atuantes no setor”.

Categorias

As empresas que integram o estudo foram divididas em 18 categorias, como a de gestão da fazenda, que foi a categoria com maior número de startups (cerca de 20%). Esta categoria foi subdividida em gestão animal, gestão da lavoura e gestão da propriedade. 

A partir da categorização, foi possível observar algumas tendências tecnológicas, como as soluções voltadas para aquisição e análise de dados, como tecnologias que envolvem data analytics e inteligência artificial associadas a dispositivos de aquisição por drones, VANTs, sensores. “Também observamos categorias de economia colaborativa, novas formas de plantio e relacionadas a sustentabilidade, apresentando soluções amigáveis para o meio ambiente, o que chamamos de eco-friendly”, ressalta.

As startups foram dividas nas seguintes categorias: análise laboratorial; bem-estar animal e aquicultura; biotecnologia, hard sciences e bioenergia;  data analytics, inteligência artificial e BI; e-commerce, marketplace e economia compartilhada; eco-friendly; farm-to-table; fertilizante, insumos e controle biológico; foodtechs; gestão animal; gestão de lavoura; gestão de propriedade; novas formas de plantio e clima inteligente; robótica e automação; sensores e IoT; serviços financeiros e blockchain; traceability; e, VANTs, drones e geoprocessamento. 

O estudo está disponível no site da Liga Ventures: https://insights.liga.ventures/estudos-completos/agtechs-agro

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