Manga: pesquisa avalia retardantes do crescimento vegetal

31.07.2009 | 20:59 (UTC -3)

O paclobutrazol ou PBZ é praticamente o único retardante de crescimento vegetal utilizado pelos produtores de manga do Vale do Submédio São Francisco. Pesquisas na Embrapa Semi-Árido, porém, avaliam a eficiência de outros três princípios ativos.

Os princípios ativos são prohexadione-Ca, etil-trinexapac e cloreto de chlormequat e, de acordo com a Embrapa, possuem a mesma finalidade.

Em avaliações realizadas para sua tese de doutorado, a engenheira agrônoma Maria Aparecida do Carmo Mouco, pesquisadora da Embrapa Semi-Árido, encontrou resultados semelhantes entre o PBZ e as outras três substâncias quanto ao efeito sobre a brotação vegetativa dos ramos da mangueira. Isto quer dizer que são capazes de atuar sobre o hormônio que controla o vigor vegetativo das plantas, o que vem a favorecer a emissão de flores pelas plantas e consequentemente, a formação de frutos.

Alternativas - Segundo Aparecida, este resultado foi alcançado com doses bem diferentes entre o PBZ (4,0 g do ingrediente ativo por dia planta) e as outras substâncias (1,5 g do ingrediente ativo por dia planta). O uso de retardantes vegetais é uma técnica usada de forma intensiva na cultura da mangueira com o objetivo de manejar os pomares para produzirem em épocas favoráveis à comercialização das frutas. Por meio dela, os produtores podem preparar seus plantios para colher frutos em qualquer período do ano.

A necessidade de identificar retardantes vegetais alternativos ao PBZ está relacionada a algumas dificuldades de manejo deste produto. Aplicado ao solo para ser absorvido pelas raízes das mangueiras em doses pouco relacionadas à quantidade desse insumo no solo ou nos tecidos internos da planta,corre-se o risco do uso excessivo. Assim, o emprego de doses inadequadas pode trazer um alto custo financeiro - pois a planta não responde da forma desejada e deixa de florar ou então emite flores de forma irregular, e ambiental - pelo resíduo que contamina os solos e pode atingir lençóis freáticos.

Promissores - O prohexadione-Ca, o etil-trinexapac e o cloreto de chlormequat têm a vantagem da aplicação ser feita via foliar. Neste caso, a poda de produção das plantas, realizada após a colheita e prática constante nos pomares, já conseguiria evitar o acúmulo dos retardantes nos ramos.

Na pesquisa realizada por Aparecida, o prohexadione-Ca mostrou eficiência já aos 4 dias após a aplicação. Contudo, aos 20 dias, a planta já iniciava a emissão de novas brotações vegetativas, demonstrando atividade por período reduzido, quando comparado com o PBZ, que pode induzir repouso por mais de 90 dias. O cloreto de chlormequat foi eficiente na regulação do crescimento vegetativo por 30 dias e o etil-trinexapac por 45 dias.

A aplicação via foliar desses retardantes vegetais representa menor custo ambiental. Há informações bibliográficas acerca do emprego desses insumos em culturas como a maçã e pera que confirmam a maior segurança em termos toxicológicos. As próximas ações do estudo são a adequação de doses e intervalo de aplicação dos retardantes vegetais, além de avaliar a eficiência na floração das mangueiras.

Experimentos - Maria Aparecida estudou os princípios ativos prohaxidione-Ca, etil-trinexapac e cloreto de chlormequat nas cultivares Tommy Atkins e Kent. Os experimentos foram instalados em fazendas produtoras localizadas em Petrolina - PE, entre outubro de 2005 e julho de 2008. Para comparação entre os três, foram registrados os dados relativos à brotação vegetativa (percentagem e comprimento dos ramos), emissão de panículas (percentagem e comprimento), tempo até floração e produção, rendimento e qualidade pós-colheita dos frutos (sólidos solúveis, acidez titulável, pH, firmeza, cor da polpa e casca, e aparência. Também foram quantificados os níveis de giberelina, substância que atuam no crescimento dos tecidos vegetais na região apical dos ramos da cultivar Tommy Atkins.

Marcelino Ribeiro

Embrapa Semi-Árido

/ 87 3862 1711

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