Datagro eleva área e estimativa de produção de soja na safra 2020/21 do BR
Projeção aponta para uma área plantada de 38,79 milhões de ha e produção recorde de 134,98 milhões de toneladas
O atraso do plantio da oleaginosa ocorrido em algumas das importantes regiões produtivas do Brasil, além da prevalência do clima seco alternado a chuvas irregulares, tende a aumentar nas lavouras a pressão de lagartas com relevância econômica à cultura. É o que afirmam especialistas ouvidos nos últimos dias. Marcelo Lima, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da AgBiTech, lembra, por exemplo, que a ausência de chuvas acelera o metabolismo de espécies de lagartas.
“Tempo seco potencializa aumento mais rápido de gerações de lagartas da soja, ao mesmo tempo que prejudica o desenvolvimento de inimigos naturais dessas pragas”, resume Lima. “Esse cenário dificulta a boa cobertura na aplicação dos inseticidas nas lavouras, em virtude da baixa umidade e alta temperatura, e reduz o nível de controle das pragas”.
Para agrônomo Guilherme Ohl, sócio da Ceres Consultoria Agronômica, empresa com forte atuação da região do cerrado, as principais recomendações de momento ao produtor de soja são o monitoramento da presença de lagartas nas lavouras e a correta avaliação do nível de dano associado a esse quadro. “Infelizmente nem todo produtor faz o monitoramento, apesar dos vários recursos disponíveis para isso hoje em dia”.
Conforme Guilherme Ohl, o monitoramento bem-feito possibilita a adoção eficaz do manejo integrado de lagartas como falsa-medideira (Chrysodeixis includens), Spodopteras e Helicoverpa armígera, conforme o tipo de semente cultivada (soja Bt ou soja convencional).
“Com as ferramentas de que dispomos hoje, o MIP ou manejo integrado de pragas é a melhor estratégia a recomendar. A diversidade de produtos químicos, biológicos, baculovírus, nos dá diferentes opções de estratégia para combater lagartas com eficácia”, acrescenta Ohl. “Temos ainda a oportunidade de fazer uma lavoura mais limpa, mais sustentável, com inseticidas biológicos específicos. Estou muito satisfeito com o desempenho dos baculovírus, eles vieram realmente para ficar na agricultura brasileira”.
Em relação ao clima no cerrado mato-grossense, o consultor reforça que a safra passada (2019-20) já se apresentou mais seca do que a anterior (2018-19). Na safra em andamento (2020-21), diz ele, “o mês de setembro último foi o mais quente que já vivi no Mato Grosso”. Ohl atua no Estado há 21 anos, sendo os últimos 17 na posição de sócio da Ceres Consultoria Agronômica.
Especialista em agrometeorologia e sócio da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos atribui o atraso das chuvas em regiões produtoras de soja, como Mato Grosso e Goiás, ao fenômeno La Niña. “As chuvas atrasaram mais do que o esperado”. Conforme o agrometeorologista, a tendência para os próximos meses é a de que as chuvas sejam mais frequentes. Contudo, ainda irregulares em áreas importantes da oleaginosa.
O agrônomo Marcelo Lima, da AgBiTech, adianta que a prevalecer o clima seco e chuvas irregulares, o produtor de soja poderá ter mais dificuldade no manejo químico de lagartas, sobretudo aquelas de controle mais difícil, como elasmo, lagarta-rosca e Spodoptera, conhecidas por causar a redução do estande da cultura. “Se consolidado, esse quadro climático torna os baculovírus uma alternativa mais estratégica ao manejo de lagartas. Estes produtos são menos sensíveis ao clima na comparação com outros biológicos”.
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