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O vazio sanitário da soja, período em que não é permitido haver planta viva da cultura em campo, sob pena de sanções pesadas, começou no dia 10 de julho e segue até 10 de setembro. Essa medida tem uma explicação técnica: manter a população dos fungos causadores de doenças em um nível baixo, para que não tragam prejuízos econômicos. O alvo principal é a ferrugem asiática, doença extremamente agressiva causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, a ferrugem tem alto poder destrutivo. “Se ela incidir cedo e não for controlada, pode acabar inviabilizando a produção”, alerta. Desta forma, a principal commodity agrícola do Paraná poderia registrar prejuízos significativos.
Mesmo com o vazio sanitário, existe uma grande preocupação em relação à evolução destes organismos, que ao longo do tempo vão se tornando mais resistentes aos fungicidas disponíveis no mercado. “O número de produtos com alta eficiência é muito pequeno. Os produtos, na fase de registro, têm a mesma ação. Então, não há nada de novo previsto para os próximos cinco anos”, adianta.
Desta forma, para não acelerar o processo de seleção natural, que aumenta a resistência das populações de fungos a estes produtos, o agricultor só deve aplicar quando for necessário, seguindo, é claro, a recomendação de um engenheiro agrônomo.
A evolução da resistência dos fungos aos defensivos químicos e a importância do manejo adequado destes produtos para retardar o processo serão um dos temas abordados no V Congresso Brasileiro de Fitopatologia (Conbraf), evento realizado em agosto, em Curitiba, com apoio do Sistema FAEP/SENAR-PR.
O aumento da resistência dos fungos também é uma preocupação da professora de fitopatologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Louise Larissa May, que, assim como a colega da Embrapa Soja, estará no V Conbraf para tratar deste tema. Segundo Louise, a UFPR realiza pesquisas para entender como ocorre o processo de seleção de uma população de fungos que se torna resistente a determinado produto.
“Tem-se notado que a cada ano uma população [resistente] diferente aparece. Na safra 2017/18, um dos nossos [fungos] isolados tinha resistência a três importantes grupos químicos de fungicida. Com isso vão diminuindo as opções de produtos eficientes para o produtor”, explica Louise. “Quanto menos aplicações, menor a seleção natural dos fungos”, postula.
Vale lembrar que além do controle químico, não há alternativas eficazes para o controle de doenças na agricultura em larga escala, de modo que conservar a eficiência dos atuais produtos é essencial. “Demora muito para a indústria desenvolver um produto novo. A melhor estratégia é fazer com que os bons produtos disponíveis fiquem mais tempo no mercado”, aponta a professora da UFPR.
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