CNA: Câmara Setorial da soja é instalada
Diversos produtos agrícolas considerados essenciais, que foram produzidos em Minas Gerais entre 1998 e 2008, apresentaram médias de crescimento em área, volume e produtividade maiores que a média do Brasil. Esta é uma das conclusões de um estudo feito pela Secretaria da Agricultura do Estado, com base nos dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) de 21 produtos analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra que o aumento da produtividade foi o principal responsável pelo crescimento da produção nas lavouras mineiras acima da média nacional.
Para o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria, João Ricardo Albanez, “os resultados comprovam que vêm aumentando os investimentos em insumos e a adoção das modernas práticas de cultivo no Estado”. De acordo com o estudo, o milho e a soja, que juntos representam mais de 90% de toda a produção de grãos de Minas, apresentaram na década analisada um crescimento anual médio de rendimento superior ao observado no país.
“Nos últimos dez anos, a produção de milho em Minas, que era de 3,7 milhões de toneladas, atingiu a marca de 6,6 milhões de toneladas. O rendimento saltou de 3 para 5 toneladas por hectare, o que representa crescimento médio anual da produtividade da cultura em torno de 5,5%”, diz Albanez. “Já no Brasil, a produção do grão obteve um crescimento maior que o de Minas Gerais, quando partiu de 29,6 milhões de toneladas para o patamar de 58,5 milhões de toneladas, principalmente porque houve a inclusão de novas áreas para o cultivo, já que o crescimento do rendimento da cultura foi de 3,82% ao ano.
Já no caso da soja, tanto a produção quanto o rendimento da cultura em solo mineiro obtiveram taxas de crescimento maiores que as do Brasil. Enquanto a produção do grão no Estado cresceu 8,94% ao ano, saindo de 1 milhão para pouco mais de 2,5 milhões de toneladas), em âmbito nacional a taxa foi de 6,71%, saltando de 31,3 para 59,9 milhões de toneladas. No caso da produtividade, Minas Gerais apresentou, em 1998, um rendimento médio de 2,2 toneladas de soja por hectare, atingindo em 2008 quase 3 toneladas, uma taxa anual de crescimento de 2,60%. No país, o crescimento médio anual não ultrapassou 1,90%, com a produtividade passando de 2,3 para 2,8 toneladas por hectare.
O levantamento da Superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais destaca também o crescimento de outros grãos, como o trigo e o amendoim. Apesar de as culturas representarem cerca de 1% da produção nacional em números absolutos, elas tiveram substanciais incrementos tanto em área colhida quanto na produção no decorrer dos dez anos. O trigo, em Minas, obteve crescimento anual de 21,59% em área e 19,18% na quantidade produzida, enquanto no Brasil as taxas foram bem menores, da ordem de 5,30% e 9,50%, respectivamente. Para o amendoim, que tem sido uma alternativa de cultura rotacional com cana-de-açúcar – especialmente na região do Triângulo Mineiro – o crescimento em área superou o índice de 17% ao ano, sendo que no Brasil a taxa não passou de 1%. Sua produção apresentou incremento anual da ordem de 22,50% em Minas e 8,62% no Brasil.
Além desses produtos, o estudo agrupa na área de grãos o arroz, feijão, sorgo e algodão. Segundo o superintendente, houve uma grande retração na área colhida de algodão e arroz, que ocasionou quedas nas taxas de crescimento da produção desses produtos. “O mesmo ocorreu, entre as olerícolas, com o tomate, devido a uma redução acentuada da área do tomate industrial no Estado, por falta de demanda das indústrias. O tomate industrial tem um rendimento muito mais elevado que o de mesa.” acrescenta Albanez.
Conforme o estudo, outros cultivos de olerícolas em Minas Gerais merecem destaque, já que tiveram taxas de crescimento em área, produção e produtividade maiores que no Brasil. É o caso do alho e da cebola, que registraram retração em área colhida na média nacional (-0,64% e -0,65%, respectivamente), enquanto no Estado o crescimento anual foi de 1,95% para o alho e 8,96% para a cebola. Em termos de produção, enquanto o país apresentou uma média de incremento anual de 5% na cultura do alho, a taxa mineira foi de 10,57% – saindo de 8 toneladas em 1998 e alcançando 22 toneladas em 2008, cerca de 25% da produção nacional. A cultura da cebola em Minas cresceu quase 20% ao ano em quantidade produzida e no Brasil a taxa não chegou a 5%. Apesar de ser pouco representativa, a cebola apresenta no Estado um rendimento muito acima da média nacional: 47 mil quilos por hectare contra 20 mil quilos por hectare no Brasil e um crescimento de 10% ao ano desde 1998.
Minas responde por um terço da produção nacional de batata, com 1,2 milhão de toneladas frente ao total de 3,6 milhões em números de 2008. No entanto, seu crescimento médio anual em produção (cerca de 2%) e rendimento (em torno de 3%) apresenta taxas ligeiramente menores que as obtidas no país: 2,8% e 5%, respectivamente.
No campo das frutícolas, dois produtos se destacaram no decorrer da década: o coco-da-bahia e a laranja. Ambos apresentam taxas de crescimento maiores que as do país tanto em produção, quanto em produtividade. A produção de coco apresentou crescimento anual em torno de 15% em Minas, enquanto no Brasil a taxa não chegou a 6%. Já a produção mineira de laranja cresce 3,39% ao ano desde 1998, enquanto no Brasil o crescimento é de 1,50%. Essas culturas ainda têm pouca representatividade em relação à produção nacional.
A análise destaca ainda as taxas de crescimento do café e da cana-de-açúcar em Minas Gerais. Maior produtor do país, o Estado responde por cerca de 50% do cultivo do café e a tendência é um incremento na participação, já que tanto a área quanto a produção apresentam crescimento mais elevado que a média nacional. Segundo o levantamento, a safra de 2008 foi de 1,4 milhão de toneladas com rendimento médio de 1,3 mil quilos por hectare. Assim, as taxas de crescimento anual foram da ordem de 5,24% para produção e 1,62% para a área, na comparação com a taxa brasileira de 5,13% e 0,76% respectivamente.
Quanto à cana-de-açúcar, Minas apresenta taxas maiores que as nacionais em área, produção e produtividade, revelando um crescimento de 7,68%, 10,52% e 2,64% ao ano, respectivamente. Em 2008 foram colhidas 46 milhões de toneladas de cana em Minas e 623 milhões de toneladas no Brasil. A expansão da produção mineira deveu-se à ampliação e instalação de novas usinas de álcool e açúcar em todo o Estado, especialmente no Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste Mineiro. O crescimento anual da cultura no país, no período analisado, foi de 4,72% em área, 6,08% em produção e 1,29% em rendimento médio, números bem inferiores aos aferidos para Minas Gerais, que igualou a produtividade média observada no país: 78 mil quilos por hectare.
Ivani Cunha
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
(31) 3215-6568 / www.agricultura.mg.gov.br
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