Laranjeiras ajudam a retirar CO2 da atmosfera

Estudo da Embrapa e Fundecitrus comprova que citricultura funciona como importante sumidouro de carbono

08.07.2025 | 10:02 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Vivian Chies
Foto: Carlos Ronquim
Foto: Carlos Ronquim

Cada hectare de pomares de laranja no cinturão citrícola do Brasil retira, em média, duas toneladas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera por ano. As laranjeiras fixam cerca de 4,28 quilos de carbono anualmente em sua biomassa. O resultado vem de uma pesquisa conduzida pela Embrapa Territorial e Fundecitrus, com apoio da empresa britânica innocent drinks.

A área estudada cobre os estados de São Paulo e o Sudoeste, Triângulo Mineiro. Nessa região, a produção comercial de frutas cítricas contabiliza 337 mil hectares e 162 milhões de laranjeiras com mais de três anos. Juntas, essas árvores armazenam 8,4 milhões de toneladas de carbono.

O processo de sequestro de carbono ocorre pela fotossíntese. As árvores absorvem o CO2, convertem-no em biomassa e o fixam em seus tecidos e no solo. Isso inclui a deposição de folhas, raízes finas e resíduos de podas. A comparação com outras culturas agrícolas mostra que os pomares cítricos acumulam mais carbono por hectare do que soja, milho ou pastagens.

Cada laranjeira, em média, neutraliza o equivalente a 10 dias de emissão de gases de efeito estufa (GEE) de um cidadão brasileiro.

Biometria e modelagem matemáticas

Para estimar o carbono acumulado, os cientistas mediram diretamente 80 laranjeiras de diferentes idades e variedades. Também coletaram dados biométricos de 1.321 árvores em diversas regiões. A equipe utilizou imagens de satélite, análises laboratoriais e modelos matemáticos conhecidos como equações alométricas.

Essas equações relacionam variáveis como altura, diâmetro do tronco e área basal dos galhos. A partir disso, foi possível estimar a biomassa viva e o carbono contido em cada árvore. Os resultados indicam que uma laranjeira armazena, em média, 52 quilos de carbono. Por hectare, o estoque médio chega a 25 toneladas, superando o valor de 21 toneladas usado por inventários nacionais e internacionais de GEE para culturas perenes.

Distribuição por variedade e idade

O estudo considerou as principais variedades da região: Pera, Valência e outras. A distribuição do carbono armazenado entre elas foi proporcional à quantidade de árvores de cada tipo. Pera respondeu por 32,7% do total, Valência por 34,7% e as demais, juntas, por 32,6%.

As árvores com mais de 10 anos concentram 76% do carbono total. As mais jovens devem contribuir com volumes maiores nos próximos anos, à medida que amadurecem.

Ferramenta para o mercado de carbono

O pesquisador Lauro Rodrigues Nogueira Júnior, da Embrapa, afirma que os dados podem ser usados como linha de base para mensuração de estoques de carbono no setor citrícola. Isso abre caminho para agricultores e empresas acessarem o mercado de carbono, com créditos gerados a partir da fixação de CO2 pelas laranjeiras.

Além disso, as equações desenvolvidas no estudo permitem estimativas em pomares semelhantes, com base em variáveis simples de medir, como altura e diâmetro do tronco.

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