Kátia Abreu defende criação de fundo garantidor

20.11.2008 | 21:59 (UTC -3)

Criação de um fundo para garantir recursos para a agricultura a partir safra 2009/2010 e destinação de R$ 4 bilhões para assegurar a comercialização da produção da safra atual 2008/2009. Estas foram as ações defendidas pela presidente eleita da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, para que o agricultor enfrente a crise e possa custear e vender sua lavoura, mantendo a produção no mesmo patamar dos anos anteriores. Desta forma, completou, o agricultor terá condições de recuperar a rentabilidade afetada em anos anteriores e reduzir a inadimplência de operações de crédito rural contratadas e não honradas. “O quadro hoje é preocupante e a população sentirá as conseqüências desta crise quando o campo não conseguir fornecer safras recordes e faltar alimento na mesa do brasileiro”, alertou a senadora.

Quanto ao fundo para financiar a próxima safra, Kátia Abreu informou que será discutido por um grupo de trabalho a ser formado por entidades representantes dos diversos segmentos do setor agropecuário. A senadora explicou que o objetivo é apresentar a proposta ao Governo no início de 2009. “Não temos muitos detalhes agora, mas vamos negociar junto ao Executivo”, frisou. Um dos principais motivos que levou a senadora a defender esta idéia é a redução dos financiamentos feitos pelas tradings, provocada principalmente pelo alto risco de inadimplência dos agricultores. “Cerca de 80% das tradings deixaram de financiar o setor em razão do risco de inadimplência”, salientou.

Esta classificação de risco está prevista na Resolução 2682 do Banco Central, e é um dos principais critérios usados pelos bancos para contratação de empréstimos. É dividia em nove níveis: AA (mínimo) a H (máximo). Os níveis considerados baixos, que não impedem o mutuário de tomar empréstimos são AA, A, B e C, sendo o restante considerado de alto risco. Segundo dados do Banco do Brasil, apresentados pela senadora, o percentual de produtores cujos contratos têm risco elevado passou de 3%, em 2003, para 14,5%, em 2008. “Trata-se de um subprime no campo”, definiu Kátia Abreu, em referência ao termo utilizado para investimentos de alto risco feitos no mercado financeiro.

Quanto aos R$ 4 bilhões para comercializar a atual safra, Kátia Abreu disse que esta quantia é resultado do acréscimo de R$ 2,5 bilhões ao R$ 1,5 bilhão previsto no Plano Agrícola e Pecuário, anunciado em julho. A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado (CRA) apresentou emenda ao Orçamento da União de 2009 para incluir os R$ 2,5 bilhões, recusada pelo Comitê de Admissibilidade de Emendas, instalado para analisar as emendas ao texto orçamentário. Kátia Abreu apresentou recurso para incluir novamente a emenda da CRA.

Na avaliação da presidente eleita da CNA, a comercialização da safra tem sido um dos principais problemas enfrentados pelos produtores na atual safra. No caso da soja, ela disse que, em anos anteriores, 45% da produção eram vendidas antecipadamente. No entanto, neste ano, apenas 18% da lavoura foi comercializada. Disse, ainda, que há 13 milhões de toneladas de milho sobrando no mercado, o equivalente a uma safrinha, o que tem ocasionado redução no preço da saca de 60 quilos do cereal, que hoje está em R$ 20,50, enquanto o custo de produção está em R$ 21,00 por saca. Afirmou, também, que a cultura do trigo vive situação semelhante à do milho. Acrescentou que a cana sofreu redução de 17% no preço, o que ocasionou a inadimplência das usinas junto aos fornecedores.

Outro ponto de preocupação abordado por Kátia Abreu foi o atraso no pagamento das parcelas de investimento que venceram em 2008, que tem gerado ações de busca e apreensão de máquinas e equipamentos pelos bancos, nos últimos dias. Os casos mais críticos estão no Centro-Oeste e no Tocantins. Para a senadora, esta inadimplência é atribuída, principalmente, às diferentes taxas de juros nos financiamentos, que geraram encargo médio de 21% na região Centro-Oeste. Dos R$ 65 bilhões destinados ao custeio e à comercialização da safra 2008/2009, apenas R$ 11 bilhões têm juros controlados de 6,75%.

Assessoria de Comunicação da CNA

Fone (61) 2109-1411/2109-1419

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