IV Encontro da Cadeia Produtiva do Trigo discute cenário para o grão

Evento reuniu representantes da cadeira produtiva na Fiesp para tratar do futuro da moagem do trigo

11.11.2019 | 20:59 (UTC -3)
Mariele Previdi

Realizado pelo Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), o IV Encontro da Cadeia Produtiva do Trigo reuniu representantes da indústria de moagem, produtores, cooperativas e empresas de insumos na manhã de 08 de novembro, na Fiesp, em São Paulo (SP). O evento, que tem como principal objetivo integrar o setor produtivo e promover o conhecimento, abordou em quatro painéis aspectos relacionados ao mercado agrícola, moagem e cenário político e econômico.

A palestra de abertura traçou um panorama qualitativo da safra de 2019 dos estados do Paraná e de São Paulo. O tema foi apresentado pela supervisora de Qualidade Industrial da Biotrigo, Kenia Meneguzzi, e pelo o engenheiro agrônomo da Biotrigo, Bruno Alves, que explicaram aos presentes como é feito o trabalho de melhoramento genético das variedades de trigo, levando em consideração as demandas do mercado consumidor e, consequentemente, dos moinhos, além das questões climáticas, em especial de geadas e secas, que impactam diretamente na qualidade do grão. “É preciso entender e atender as necessidades da indústria moageira, que tem especificações distintas para a produção dos mais variados tipos de farinha”, salientou Kenia.

Em seguida, o diretor de Vendas Moagem da Bühler Brasil, Beat Weilenmann apresentou as tendências para o futuro da moagem do trigo, com as principais tecnologias que já estão disponíveis e em desenvolvimento para o setor. “Teremos moinhos inteligentes, automatizados e totalmente integrados, que podem ser controlados à distância. Além disso, o transporte pneumático tubular dos grãos vai permitir reduzir a altura dos edifícios dos moinhos para até no máximo três andares, proporcionando economia de energia de até 10%. O moinho do futuro será digital para que possamos acessar os dados de produção o tempo todo”, destacou o executivo.

O executivo do Negócio do Trigo da Bunge, Edson Csipai, deu sequência à programação com uma palestra sobre a conjuntura mercadológica do trigo e da farinha. “O ano de 2019 foi ruim para a indústria moageira, com margens muito baixas devido às variações cambiais e custo de frete marítimo. Houve também uma redução do consumo de farinha, de 1,7% em relação a 2018, fruto do desemprego e do baixo crescimento econômico do País”, salientou Csipai, mencionando as 8,95 milhões de toneladas de farinha consumidas no ano passado e a previsão desse número fechar em 8,80 milhões de toneladas para 2019. A moagem brasileira também sofrerá redução, atingindo 11,1 milhões de toneladas este ano ante as 11,3 milhões de toneladas em 2018. Para 2020, as expectativas são positivas. “O crescimento esperado para a economia fruto da Reforma da Previdência e de outras reformas devem impactar no consumo de farinha”, acredita o executivo da Bunge. Como fatores de alerta para o setor, ele menciona a quebra de safra que ocorreu no Paraná este ano e que forçou um aumento da exportação, a variação cambial e a situação política da Argentina, responsável por cerca de 60% do trigo importado pelo Brasil. “Se o novo governo da argentina resolver aumentar a taxa de exportação, que hoje é de 7% e que na Era Kirchner chegou a 23%, podemos ter problemas de abastecimento e nos veremos obrigados a recorrer a outras origens, já que a produção nacional de trigo atende apenas 40% da nossa demanda”, pontuou.

Para finalizar o dia, o público conferiu o quarto painel “Cenário Político e Econômico”, apresentado pelo economista chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani. “Desde 2016, teve início um novo ciclo no Brasil e a estabilidade econômica avança, mesmo com um cenário global não exuberante”, analisou o economista, ressaltando que acredita na “solidez” desse ciclo, que se fortalece com as reformas e o fato de que “pela primeira vez, estamos repensando o tamanho dos gastos públicos”.

“Esse Encontro ocorre em um momento bastante oportuno, pois é quando as safras do Hemisfério Norte já estão definidas e os números do ano praticamente definidos, o que nos dá base para a elaboração dos orçamentos e planos para 2020”, avaliou o presidente do Sindustrigo, Valnei Origuela. "Para nós é muito gratificante realizar este evento, pois um dos objetivos do Sindustrigo é unir os segmentos da cadeia do trigo e o evento de hoje fortalece essas relações, além da possibilidade de comemorarmos o Dia do Trigo, celebrado no dia 10 de novembro”, ressaltou.

O evento contou com a participação do presidente do Conselho da Abitrigo, João Carlos Veríssimo, do presidente executivo da Abitrigo, embaixador Rubens Barbosa, do vice-presidente do Sindustrigo,  Christian Saigh e o presidente da Câmara Setorial do Trigo, Nelson Montagna.

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