Integração e cultivo de novas alternativas são defendidos em evento

11.08.2010 | 20:59 (UTC -3)

“Todos os pesquisadores estão de olho nas pastagens degradadas do Brasil”, afirmou Nilton Tadeu Junqueira, pesquisador da Embrapa Cerrados, em palestra na manhã desta quarta-feira, 11 de agosto, sobre Espécies alternativas potenciais para produção de biodiesel. A palestra integra o Simpósio Estadual de Agroenergia, que prossegue até amanhã, quinta-feira, dia 12, no auditório da Faem/UFPel, em Pelotas, em paralelo à 3ª Reunião Técnica de Agroenergia, 10ª Reunião Técnica da Mandioca e 2ª Reunião Técnica da Batata-Doce.

Hoje, o Brasil possui 180 milhões de hectares de pastagens, sendo 60% consideradas em degradação e com baixa produtividade. “É inadmissível colher de duas a três toneladas de feijão por hectare/ano, enquanto nas áreas de pastagens a produtividade é de 170 quilos de alimento/ha/ano”, salienta Junqueira, ao defender a introdução de florestas agroenergéticas, promovendo a integração com a pecuária.

A integração agricultura, pecuária e florestas foi defendida pelo também pesquisador Antônio Francisco Bellote, da Embrapa Florestas. “A integração agrega valor, melhora o uso da terra e modifica a paisagem. Penso que seria interessante até mesmo para o RS”, disse Bellote, que palestrou sobre Situação atual e perspectivas das florestas agroenergéticas no Brasil.

Hoje, a área plantada com eucalipto é de 4.515 milhões de hectares. “Para até 2020, a estimativa é chegar a 13 milhões de hectares cultivados com florestas energéticas”, anunciou Bellote. Ele também apresentou os números cultivados com cana-de-açúcar (mais de oito milhões de hectares), de soja (20.640 milhões de hectares) e de áreas degradadas (de 150 a 180 milhões de hectares), “que poderiam estar melhor envolvidos nos processos produtivos”, comparou.

DESAFIOS AGROENERGÉTICOS

O Programa de Florestas Energéticas tem, como desafios, a expansão da produção de biomassa inclusive em áreas não tradicionais; a prospecção de impactos econômicos, sociais e ambientais até mesmo na captura de crédito de carbono em todas as cadeias produtivas; e os investimentos em tecnologias mais eficientes e sustentáveis para garantir melhor qualidade à madeira, a compactação de resíduos, a geração de energia elétrica e a produção de carvão vegetal.

“Atualmente cerca de 20 milhões de pessoas usam a madeira para fazer a cocção, o cozimento de alimentos, com prejuízos à saúde, especialmente pela combustão e emissão de gases”, observou Bellote, ao anunciar que a Embrapa Florestas está desenvolvendo um protótipo de uma usina de carvão vegetal para o pequeno produtor, “ambientalmente mais adequado e socialmente justo”.

ALTERNATIVAS NO CERRADO

Inajá, muru-muru e tucum, espécies de palmeiras com potencial pouco conhecido do Cerrado, estão sendo incentivadas para a produção de biodiesel, seguindo a tendência de que, hoje, 40% da energia consumida no Brasil vêm de fontes renováveis, “gerando emprego e renda no campo”, observa Junqueira, ao comparar que, para produção de biodiesel, 77% vêm da soja, 21% de gordura animal, e 2% do biodiesel provêm de culturas como algodão, canola, girassol, amendoim, mamona e dendê.

“Nosso desafio é pesquisar espécies silvestres, sem provocar o deslocamento de áreas para produção de alimentos”, destacou. Junqueira cita o pinhão-manso, o pequi e a macaúba como culturas em pesquisa, mas interessantes pelo potencial energético.

O pinhão-manso é a espécie mais falada e de excelente qualidade para a produção de biodiesel. Hoje, a pesquisa de seus usos demanda 70% de pessoal e 65% dos recursos financeiros do projeto. Entre as vantagens de sua disseminação como cultura alternativa para a produção de biodiesel está na boa produtividade, com rendimento de 30 a 35% de óleo. Já entre as dificuldades, Junqueira cita a colheita manual, a indisponibilidade de máquinas, a frutificação desuniforme, não produz bem em locais com déficit hídrico e frio e a alta incidência de pragas e doenças.

Variedades de pinhão-manso começam a ser plantadas a partir de 2025. Cultivares melhoradas de pequi também serão lançadas pela Embrapa até 2015. Pesquisas também estão sendo realizadas na produção da macaúba, uma espécie de palmeira, cuja ocorrência é possível em todo o território nacional. A macaúba apresenta possibilidade de integração com pecuária e outras culturas alimentícias. Resiste a fogo e a geadas leves. Sua produtividade é elevada e o balanço energético é superior ao do dendê. Como problemas, Junqueira cita a falta de tecnologia pós-colheita, a propagação por sementes e a necessidade de um banco de produção dessas sementes. As plantas também são altas e espinhosas.

Pela diversidade de alternativas que podem ser implantadas e cuja produção pode ser incentivada no Brasil, Junqueira destaca que “tudo está sendo estudado, desde o balanço de carbono, a ecologia, a fenologia e os impactos ambientais e sociais de cada cultura, pois precisamos garantir o desenvolvimento do biodiesel e da agroenergia com sustentabilidade”.

O Simpósio Estadual de Agroenergia é uma realização da Embrapa Clima Temperado, Emater/RS-Ascar, Fepagro e Afubra.

Christiane Rodrigues Congro

Embrapa Clima Temperado

(53) 3275-8113

Adriane Bertoglio Rodrigues

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

Gislaine Freitas-

Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária

Luciana Jost

Afubra

Departamento de Comunicação

MTb/RS 13.507

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