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Boa notícia para a dona de casa: o preço do alho vai cair e em pouco tempo, garantem os produtores. Entre junho e julho os consumidores verão, nas etiquetas do produto no supermercado, o efeito da colheita das novas safras de alho na China e nos estados da área central do Brasil. A afirmação é de Rafael Corsino, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA – www.anapa.com.br).
A notícia é positiva para o bolso, embora o preço do alho esteja longe de ser um fomentador da inflação porque seu consumo é ainda pequeno entre os brasileiros e o custo do produto para as famílias tem pouco impacto na receita mensal, na comparação com alimentos de consumo mais intenso (veja análise mais adiante).
Pressão temporária nos preços
Foi a quebra na safra passada dos principais países produtores, combinada com a desvalorização do Real perante o dólar, que pressionou o preço do alho para os brasileiros nos últimos meses. A redução na colheita foi identificada em países de importante produção, como Estados Unidos, Espanha, México, Argentina, além do maior deles, a China, informa a ANAPA.
O preço do alho oscila todo ano, seja sazonalmente entre as safras ou ainda em virtude da desvalorização cambial, e também de problemas na colheita e de movimentos na 'lei' da oferta e procura. “As perspectivas são positivas para a colheita das safras na China – realizada a partir de maio - e nos estados como Minas Gerais, Goiás e Bahia. Com isso, o preço para o consumidor irá cair até julho”, afirma Corsino.
Alho não é 'vilão' da inflação
“Se não ocorresse a alta do preço do alho no mercado internacional, certamente não haveria reflexo nos preços nas gôndolas dos supermercados brasileiros nesses últimos meses”, lembra Corsino. Segundo ele, o alho não pode ser considerado 'vilão' da inflação no Brasil, como tem sido divulgado.
A oscilação de preços é normal e desde 2011, quando o preço médio estava em R$ 18,00 /kg (fonte CEAGESP), até os dias atuais, houve aumento de apenas 13%, fazendo com que a média chegasse a R$ 20,50/kg neste primeiro trimestre. "O que ocorreu foi um efeito da quebra de safra e da desvalorização do Real", afirma.
Ele diz ainda que a tarifa antidumping (ou direito antidumping) praticada pelo Brasil, protege a cadeia produtiva brasileira do alho e não tem impacto significativo no preço ao consumidor (leia mais adiante).
Segundo a ANAPA, o consumo de alho por habitante é em média de 1,5 Kg ao ano; o gasto anual por habitante é de R$ 46,12 e por mês de R$ 3,84. "Logo, em uma família de quatro pessoas, o gasto mensal com alho é de aproximadamente R$ 15,00”, diz, ao considerar para este cálculo o preço de R$ 30,75/kg pago pelo consumidor final.
ANAPA calcula a variação de preços externos e internos
Com base nos dados disponíveis, ele compara preços do alho em determinados períodos para mostrar que o preço internacional subiu mais do que o praticado no mercado interno brasileiro, e os produtores nacionais ainda arcam com prejuízos, conforme a seguir.
O preço médio FOB do alho chinês declarado para a internalização no Brasil subiu 63% no 1º trimestre de 2016, na comparação com o mesmo período de 2015; já o preço médio do alho praticado no atacado no Brasil (fonte CEAGESP), aumentou menos, 50%, comparando-se a média de preço de todo o ano de 2015 com a do 1º bimestre de 2016. Ou seja, a caixa de 10 kg passou de uma média, de R$ 137,00 em 2015 para R$ 205,00 no 1º bimestre deste ano.
Com o preço interno não acompanhando a elevação nos mercados internacionais, o produtor rural teve que arcar com prejuízo. O preço pago para o produtor rural de alho teve um aumento de 35%, comparando o ano de 2015 com o primeiro trimestre deste ano. Verifica-se uma margem bem menor de aumento para o produtor rural, mesmo este tendo problemas na produção, em razão de forte incidência de chuvas e um aumento no custo de produção de 20%.
No Brasil, os estados que se destacam na produção de alho são O Sul (38%), Sudeste (36%) e Centro-Oeste (26%). Ainda assim, o Brasil importa alho para atender ao consumo local. As compras ocorrem em especial da China, que responde por mais de 60% dos carregamentos importados pelo Brasil.
Antidumping contra China
Os principais países produtores de alho são China, Estados Unidos, Espanha, México e Argentina. E é justamente para impedir que o baixo preço do alho chinês destrua a cadeia produtiva do alho nacional, que o Brasil adota a tarifa antidumping, de US$ 0,78/kg.
"Sem este encargo de defesa comercial seria impossível competir com o alho chinês", afirma Rafael Corsino, da ANAPA. Segundo ele, uma simples conta comprova esta assertiva: considerando-se o preço médio da caixa de alho importada da China neste ano (US$ 17,32), o preço em reais ficaria em torno de R$ 65,00, cotando-se o dólar a R$ 3,75.
"Neste valor, o produtor rural brasileiro não consegue cobrir sequer seus custos, pois o preço final da produção de cada caixa de alho fica em torno de R$ 85,00. O direito antidumping serve justamente para equilibrar esta relação, impedindo uma competição desleal", justifica.
Corsino enfatiza que “o consumidor tem o direito de saber que a alta do alho não se deve às medidas de proteção e que o alho nacional é superior ao alho importado em todos os quesitos. O alho roxo brasileiro é importante para a saúde e o bem-estar dos cidadãos”.
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