AGCO lidera exportação de equipamentos agrícolas
Multinacional recebe premiação que ressalta sua importância como exportadora. Homenagem será realizada amanhã (10), durante o 2.º Fórum de Comércio Exterior Sul
Uma equipe composta por pesquisadores da Embrapa, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) busca introduzir a vespa polinizadora Blastophaga psenes para a cultura de figo no Brasil, única que poliniza as figueiras cultivadas para produção de figos comestíveis. A Importação será feita pelo Laboratório de Quarentena "Costa Lima", da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP).
As variedades do figo comestível pertencem a uma espécie com indivíduos com sexos separados. Existem indivíduos funcionalmente femininos (os figos produzem sementes - quando polinizados) e indivíduos funcionalmente masculinos (os figos produzem pólen e seu vetor - as vespas). Assim, para que o mutualismo "funcione" é necessário que haja indivíduos dos dois sexos na população, senão as vespas acabariam depois da primeira polinização (elas morrem depois de entrar no figo, e se esse for um figo feminino, ela não deixa prole). Somente os figos funcionalmente masculinos são aptos à oviposição, pois os estiletes das flores têm tamanho compatível com o do ovipositor da vespa.
Dessa forma, como as vespas (ou melhor, as larvas) seriam trazidas em alguns ramos das figueiras (obviamente proveniente de plantas funcionalmente masculinas), seria interessante explicitar como a população dessas vespas seria mantida, seja por plantio desses ramos ou pela importação de outras árvores funcionalmente masculinas.
Apesar de elas não produzirem figos comestíveis (centenas de vespas emergem desses figos, o que não é muito apetitoso para a maioria das pessoas), elas são imprescindíveis para a manutenção das vespas
Conforme o pesquisador Cristiano Menezes, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), existem centenas de espécies de vespas que polinizam espécies selvagens de figos. Porém, essa é a única que poliniza as figueiras cultivadas para produção de figos comestíveis, Ficus carica.
Sobre as possibilidades de importação, Cristiano explica que a principal tentativa será feita a partir de Portugal, a qual já obtemos autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para importar. "Se não funcionar com as vespas provenientes de Portugal, tentaremos outras alternativas, principalmente da Califórnia e de Israel, onde há mais tradição no cultivo de figo e vespas adaptadas ao manejo agronômico do Ficus carica. Não temos informações sobre produtores de figo utilizando vespas na África do Sul".
Esta importação da vespa de Portugal será recebida no Laboratório "Costa Lima" onde será feita primeiramente a confirmação taxonômica da espécie e a limpeza dos possíveis contaminantes que possam estar presentes na amostra introduzida. Após os testes de laboratório no interior desta área de segurança, e a comprovada a eficiência da polinização dos frutos de figos, será então, solicitada a liberação de quarentena para uso desse material importado na cultura de F. carica, segundo o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Luiz Alexandre Sá.
Segurança
Conforme Larissa Elias, pesquisadora da USP, "as vespas responsáveis pela polinização das figueiras são altamente específicas. Há aproximadamente 800 espécies de figueiras no mundo todo e cada uma é polinizada por uma única espécie de vespa. As vespas têm vida muito curta quando adultas, aproximadamente 48h, e nesse período são atraídas por substâncias voláteis específicas que o figo libera".
Dessa forma, a chance e interação da vespa Blastophaga psenes com outras espécies de plantas ou de animais é muito pequena, pois ela vive pouco tempo e está obrigatoriamente associada a F. carica. Portanto, a introdução da vespa no Brasil é segura, com probabilidade muito pequena de interação com outras espécies e de causar algum desequilíbrio.
"A polinização dos figos pela vespa Blastophaga psenes pode permitir uma produção mais contínua, mas para isso teremos que, no primeiro momento, desenvolver pesquisas buscando adequar o ciclo de vida das vespas às nossas condições e às figueiras daqui. Além disso, uma grande vantagem com a polinização dos figos será a qualidade dos frutos, que apresentarão melhor sabor e maior tempo de prateleira", complementa Larissa.
Ainda de acordo com Larissa, o figo brasileiro "Roxo de Valinhos" começou a ser produzido em Israel recentemente. Como a vespa ocorre naturalmente nessa região, os figos estão sendo polinizados, mas com baixas taxas de sucesso. A nossa intenção é, quando a vespa for introduzida, direcionar as pesquisas para que a polinização do figo nacional seja otimizada. Os figos polinizados certamente terão mais aceitação no mercado nacional e internacional por apresentar melhores características como sabor e cor.
Para Fabiana Elias, também da USP, a introdução de uma espécie no país é um processo complexo que envolve várias etapas. Além de todas as autorizações e protocolos legais requeridos, serão precisos também estudos e experimentos para nos certificarmos que o processo de polinização ocorra com sucesso e que a técnica seja aproveitada da melhor maneira possível pelo agricultor. Esperamos que todas as etapas envolvidas sejam cumpridas em cerca de 3 anos.
A maior parte da produção nacional de figos concentra-se na região de Valinhos, estado de São Paulo, mas os estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina são também produtores tradicionais. Qualquer uma das regiões produtoras poderia se beneficiar da polinização dos figos. Mas a introdução da vespa polinizadora abriria a possibilidade de produzir outras variedades ainda não produzidas no Brasil. A variedade Smyrna, por exemplo, adaptada a climas áridos, se desenvolveria bem no Nordeste e possibilitaria a expansão do cultivo para esta região.
São parceiros a USP - Ribeirão Preto, a Unesp - Botucatu, o Departamento de Ciências Biológicas da Unesp de Bauru e a Associação dos Produtores de Figo de Valinhos.
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A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) representa as empresas do setor de moagem de trigo. Seus associados respondem pelo processamento de 75% do cereal no País e fabricam uma enorme variedade de farinhas para