Capacitação em cereais de inverno acontece em Passo Fundo (RS)
O objetivo do encontro foi provar atualização técnica para profissionais vinculados ao Senar/RS
O Laboratório de Análise Química de Fertilizantes e de Resíduos do Instituto Agronômico (IAC-Apta), em Campinas, acaba de obter a acreditação pelo Inmetro para análises de fertilizantes orgânicos e calcário. A ampliação do escopo certificado foi obtida no ano em que o Laboratório completa 13 anos com esta acreditação que, de acordo com a norma internacional ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017, requer investimentos em estrutura e recursos humanos que envolvem manutenção periódica de equipamentos e capacitação de profissionais para usar as técnicas, compreender e incorporar a norma.
A acreditação garante a adoção de procedimentos de modo que estes possam ser reproduzidos em outros lugares e por outras pessoas, apresentando o mesmo resultado. Para o cliente, contar com um laboratório acreditado representa garantia de qualidade e confiabilidade de resultados. As elevadas exigências tornam a manutenção da ISO ainda mais difícil, sobretudo em uma instituição pública, onde a finalidade não é competir por preços no mercado e tem sua orientação pela qualidade e tecnologia. Por ser credenciado pelo Ministério de Agricultura (Mapa), o laboratório do IAC pode exercer função de fiscal junto a empresas de fertilizantes em apoio à rede nacional de laboratórios do Mapa.
O Inmetro refaz a avaliação a cada dois anos. Os investimentos para manter a estrutura adequada são contínuos em treinamento de estagiários e corpo técnico. “O custo se confunde com a própria manutenção do laboratório dentro da norma, pois depois de 13 anos já é uma cultura trabalhar dessa forma”, comenta Aline Renée Coscione, responsável pela unidade acreditada pela Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE) do Inmetro e pesquisadora do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Segundo a cientista, é crescente o número de amostras realizadas pelo Instituto. “Nos últimos anos, saímos de três mil e, este ano, vamos fechar na casa de sete mil amostras. Durante a pandemia, o laboratório fechou por 15 dias apenas”, afirma. Do total, 95% das amostras são de fertilizantes, a maioria de minerais e minoria de orgânicos. Geralmente são produtos novos para uso como fertilizante. O perfil dos usuários é diversificado – há muitas empresas fabricantes de insumos, tem poucos produtores e muitas consultorias de novos produtos para fertilizantes e resíduos.
No setor de fertilizantes – essenciais para manter a nutrição das plantas -, a acreditação é exigida em tudo que envolve o desenvolvimento destes produtos e o controle de qualidade do material produzido para acompanhamento da empresa e do Mapa. Verifica-se também a presença de contaminantes químicos, como metais pesados.
Parte dos serviços prestados pelo laboratório do IAC visa controlar a qualidade, melhorar os produtos já existentes e estabelecer novos dentro da cadeia de fertilizantes. “Além da pesquisa, nosso negócio é colocar nossa bagagem técnica para alcançar outros objetivos do IAC, como a transferência de tecnologias e a capacitação de profissionais”, resume a cientista do Instituto vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta).
Há agricultores e grandes corporações que buscam as análises do IAC para conferir a qualidade da carga de fertilizantes adquirida, antes de efetuarem o pagamento. “Não são muitos que fazem isso ainda, mas já está sendo formada essa consciência no setor”. A pesquisadora diz que vários clientes usaram os resultados das análises para questionar fornecedores quanto à qualidade do material comprado, inclusive de matéria-prima para fabricação de fertilizantes.
Além de prestar serviços de análises com garantia de qualidade à agricultura, essa unidade do IAC tem sido associada à difusão de tecnologias. A equipe ministra cursos de laboratórios para analistas e responsáveis técnicos entenderem o que é feito. O objetivo é preparar os profissionais para seguirem os métodos oficiais do Mapa. “Um laboratório acreditado e reconhecido pelo Ministério traz benefícios para a sociedade, para o produtor e para fabricantes de fertilizantes, além de atuar na fiscalização por meio de convênios com o Mapa”, diz.
No estado de São Paulo, apenas laboratórios acreditados têm os seus laudos aceitos pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). As exigências de atendimento às normas internacionais asseguram que o laboratório tenha uma estrutura padronizada. “Significa que ele não vai pular etapas ou criar alternativas que não possam ser repetidas em outros laboratórios”, explica a pesquisadora.
A procura pelo laboratório é alterada por conjuntura econômica e pela sazonalidade relacionada também às atividades no campo. Na primeira parte do ano, normalmente se faz muita análise de solo para verificar a necessidade de fertilização. No segundo semestre, são feitos os plantios. Outubro registra pico em laboratório de fertilizantes para as culturas anuais e as de verão.
Segundo a pesquisadora, o mercado busca, essencialmente, preço baixo. “No entanto, ao procurar por qualidade e apoio técnico, é no IAC que encontram esse suporte, com o diferencial de ser uma instituição pública”, assegura.
A análise de fertilizantes é feita essencialmente para ver se a quantidade de nutrientes está de acordo com a legislação e com o rótulo do produto. “O agricultor quer saber se a análise vai confirmar as informações do seu fabricante e se está em consonância com a legislação. Já o consumidor quer saber se o produtor está usando um produto adequado”, completa.
Para Aline, o sistema de qualidade envolve uma mudança de mentalidade e um compromisso em fazer as atividades de forma comparável e organizada. “A acreditação atesta um compromisso da unidade de ter seus processos padronizados e rastreados de um modo que seja possível comparar seus resultados e confiar”, explica.
Além dos aportes de recursos na estrutura física, o maior investimento é sempre em pessoal com o objetivo de formar e manter a consciência de que sistema de gestão de qualidade depende de todos fazerem a sua parte. “Nós treinamos profissionais jovens com nossa experiência de 13 anos de acreditação e como avaliadora especialista pelo Inmetro para atender às normas”, diz. A equipe é composta por servidores públicos, estagiários e profissionais contratados por fundação, usando recursos gerados na própria prestação de serviços.
O Laboratório de Análise Química de Fertilizantes e de Resíduos do IAC existe há 18 anos, sendo 13 deles com acreditação.
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