IAC exporta tecnologia de produção de batata-semente para China

31.07.2009 | 20:59 (UTC -3)

Na primeira semana de agosto, minitubérculos de batata-semente paulistas chegarão à China. A exportação da tecnologia do Instituto Agronômico (IAC), de produção de brotos livres de vírus, aprovada em 2008, será concretizada com o efetivo envio do material. E além da tecnologia exportada, todos os brotos que irão para a China são de variedades IAC.

Esse cenário abre a possibilidade de o Instituto Agronômico ter suas variedades exportadas por meio de brotos destacados de tubérculos de batata-semente livre de vírus e outros patógenos. "A tecnologia abre agora a oportunidade de expor o Brasil como exportador de batata-semente", diz o pesquisador do IAC responsável pela técnica, José Alberto Caram de Souza Dias. A documentação da transferência da tecnologia e de trânsito de material vegetal está totalmente concluída de acordo com as normas. Inicialmente, a parceria com a China envolvia a transferência de batata-semente de variedades holandesas, as mais presentes no mercado. Porém, por questões burocráticas, os materiais da Holanda foram substituídos pelos desenvolvidos no IAC. São eles: Aracy, Aracy-Ruiva, Itararé, IAC clone 2,5 e Ibitu-Açu — todos livre de vírus e resistentes a importantes doenças presentes na lavoura chinesa.

A convite do Governo Chinês, Caram esteve novamente na China de 22 a 27 de julho último, período em que voltou a expor o sistema desenvolvido no IAC e a visitar campos de batata. O pesquisador conta que os chineses expressam grande respeito e credibilidade ao trabalho do brasileiro. "Não estamos vendendo nada lá, estamos levando tecnologia. Eles nos recebem com enorme interesse e admiração", relata o pesquisador ao comentar a parceria com o Hulunbuir Agricultural Research Institute. Lá, as lavouras enfrentam problemas fitossanitários semelhantes aos existentes no Brasil, como a rápida degenerescência da batata-semente causada por viroses e alta incidência da requeima da batata. As variedades IAC que chegarão ao País são resistentes a essa virose. "Nossas variedades IAC foram desenvolvidas em regiões com condições altamente favoráveis à requeima, por isso a resistência elevada", diz Caram.

A expansão da bataticultura é meta do Governo chinês – a pretensão é passar dos 4,5 milhões de hectares para 6 milhões. Para isso, superar os desafios fitossanitários é fundamental. Especialmente porque o combate a pragas e doenças tem elevados custos para os pequenos produtores chineses. Lá, em geral, cada agricultor tem de 1 a 2 hectares, os maiores chegam a ter 20 hectares. No Brasil, o total da área ocupada por batata no ano é de 170 mil hectares. Entrentanto, a produtividade da bataticultura chinesa é pequena – média de 15 toneladas por hectare. Em lavouras brasileiras, esse número pode variar de 20 a 50 ton/ha. A diferença é causada, principalmente, por viroses na semente (tubérculo ou batata-semente).

Já com uma área enorme e com a maior população do mundo — cerca de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes —, o caminho para os chineses é superar as pragas e doenças. Por isso o interesse pela tecnologia paulista, desenvolvida em Campinas pelo IAC, instituto de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. De acordo com o pesquisador, na China, a tecnologia adotada na produção de batata-semente é a de cultura de tecidos, sistema mais caro que a tecnologia IAC do broto/batata-semente. No Brasil, a geração de batata-semente por meio da tecnologia de cultura de tecidos fica entre 50 e 70% mais onerosa que a originada com a tecnologia IAC: R$ 0,35 x R$ 0,20. O modelo de produção usado na China requer mão-de-obra especializada e sistemas que encarecem a produção de minitubérculos. "A tecnologia IAC dispensa trabalho especializado e infra-estrutura sofisticada", diz Caram. No Brasil, o custo de produção da batata por hectare é de cerca de R$ 18 mil. O insumo batata-semente consome de 30 a 40% dessa despesa.

Parceria configura possibilidade de abertura de nova commodity

A tecnologia desenvolvida no IAC, já com requerimento de patente em andamento, envolve o uso de subproduto da batata — que sempre foi descartado — e que apresenta a vantagem de reduzir os riscos de movimentação de doenças que acompanham os tubérculos (a batata inteira), utilizados na forma convencional de plantio. "Estamos proporcionando o uso de material que era jogado fora como lixo. E se não bastasse, ainda reduzimos despesas com frete e baixamos os riscos de transmissão de doenças", diz Caram. "A simplicidade da nossa tecnologia chega a irritar alguns segmentos. Enxergamos o que ninguém viu antes", destaca. De acordo com o pesquisador do IAC, ao contrário do broto, os tubérculos usados no sistema convencional carregam resíduo de solo na epiderme e, portanto, podem ser disseminadores de doenças à batata e outras culturas de países importadores. "O broto tem peso dez vezes menor que o tubérculo convencional, isso representa redução no frete de produto internacional", afirma Caram.

A tecnologia IAC de produção de broto/batata-semente livre de vírus chegará ao Leste Asiático, inicialmente na região chamada Mongólia Interior, importante produtora de batata. A parceria de cooperação técnica foi estabelecida com o Agricultural Research Institute, da cidade de Hulunbeir, onde o pesquisador do IAC, José Alberto Caram de Souza Dias, esteve em setembro do ano passado e neste mês de julho. A parceria prevê, de forma inédita entre os países, o envio para a China de batata-semente livre de vírus. No modo convencional, exporta-se a batata toda, nesse sistema IAC, embarcam-se apenas dos brotos.

De 8 a 13 de agosto, o pesquisador do IAC estará no Canadá, onde irá expor a tecnologia de produção de minitubérculos de batata-semente livre de vírus durante o quase centenário Encontro Norte Americano da Batata. De acordo com Caram, cientistas dos Estados Unidos (Alaska) e do Canadá (New Brownswick e Nova Escocia) vêm, já há mais de seis anos, colaborando com a pesquisa desenvolvida no IAC.

Confira outras informações e fotos no Blog Grupo Cultivar:

Carla Gomes

Assessora de Imprensa – IAC

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